Frequentemente, cobram-se nas redes sociais mais maratonas no Brasil, os saudosistas lembram de provas do passado, como a de Blumenau. Sinceramente, não precisamos de mais maratonas. Temos um número mais do que suficiente. Precisamos, sim, de mais e melhores maratonistas. Em todos os níveis, dos amadores aos profissionais.
Para citar só algumas, neste segundo semestre, teremos Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Londrina, Foz do Iguaçu, Santa Catarina (Florianópolis) e Curitiba, além de Caxias do Sul, que pode ser mais uma novidade. Seriam, então, no mínimo, oito 42 km para sete meses. E devo estar esquecendo alguma. Vai me dizer que não é suficiente?
Então, primeiro ponto. O problema não é o número de maratonas no Brasil. Devemos, sim, cobrar que as provas sejam cada vez melhores, que evoluam anualmente. O que, em muitas vezes, não ocorre. Não podemos, também, transformar falhas, erros em “monstros”, dar uma dimensão maior do que merecem. As críticas devem ser feitas e os organizadores, cobrados. Nossa arma? Se não concorda, não se inscreva. Opções, não faltam.
O que não temos é evolução no número de corredores. Talvez, no próximo domingo, dia 17, a Maratona do Rio assuma a primeira posição em concluintes. Pouco mais de 3 mil. Ou seja, pouquíssimo, mesmo assim. E, ano a ano, não há crescimento na somatória nacional. São Paulo, a líder do ranking atual, está estabilizada nos 3 mil concluintes.
Não vou comparar nossas provas com as grandes maratonas do mundo, seria covardia. Mas com a da vizinha Argentina, em Buenos Aires. Foram 3.387 concluintes em 2008, 3.684 em 2009 e 5.094 em 2010. Veja, concluintes, não inscritos. E, nesta edição, muito provavelmente, nova marca.
Outro ponto, a maioria das pessoas que correm maratonas no Brasil completa acima de 4 horas. Abaixo disso, a porcentagem é pequena. Outro ponto a ser discutido: temos que ampliar também o total dos sub 4h. Na elite, vale o mesmo. Sub 2h10, temos hoje o Marilson. E só. No feminino, nenhuma sub 2h30. Aí, se a discussão for escassez de maratonistas, tanto profissionais como amadores, concordo.
Todos os meses, na Contra-Relógio, Vincent Sobrinho (grande jornalista e corredor) traz matérias sobre ídolos do passado, sobre grandes maratonistas. Na edição de julho, ele conversou com José Baltar Cavalcante de Matos. Quem não leu, está perdendo. Um trecho me chamou muito a atenção e vale uma reflexão: “A maratona virou uma corrida comum e não deveria ser assim. O resultado é mais gente machucada, por falta de preparo”. É isso, correr uma maratona exige preparação, dedicação, experiência, treino. É disso que precisamos.
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Caro André – Obrigado pelas observações. É preciso lembrar também que no Brasil, todas maratonas estão “contaminadas” com provas “Caça Niqueis” ou seja, corridas paralelas, 6k, 10k, 21k, 25k e até revezamento. Há alguns anos atrás – o dia era exclusivo para a Maratona – Só maratonistas se encontravam, o clima realmente é outro.No Brasil, creio eu, a Maratona por não ter um diferencial – pois a medalha é a mesma das provas paralelas, ao invés de atrair – acaba dando opção mais confortável para o corredor. E assim as maratonas tem diminuído de tamanho. É NECESSÁRIO voltar a ter a MARATONA exclusiva para maratonistas. É assim na maioria das grandes maratonas mundiais. Não se mistura, NY tem sua meia em dia e mes diferente, assim é também Paris.. e outras mais. ORGANIZADORES… prestem mais atenção! abçs
Sinceramente,
Ainda não corri nenhuma maratona e estou me preparando emocionalmente para esse feito. Existe mesmo no Brasil pela minha pesquisa, uma boa quantia de Maratonas, acho que não precisaria ter mais. Porém, deveriam ser mais espalhadas pois as grandes capitais tem mais vezes por ano, ao passo que no interior não aparece nenhuma. Aqui na minha região mesmo não tem! quem quer participar além de se preparar fisicamente, ainda tem que se preparar financeiramente. Pois esse sonho acaba sendo ou para quem mora próximo ou para os que podem pagar estadia, viajem etc.
Para mim, Asics, Mizuno, etc deveriam pensar em expandir as corridas para outras regiões.
Fico aqui, como um cachorro sentado na frente da fragonete. Olhando corridas acontecerem pelo Brasil inteiro e não tem quase nenhuma por aqui. Independente de kilometragem, se maratona, se meia maratona. O certo era ter em várias cidades. O que eu quero é correr!! rsrsrs
abração proce !
Vincent, você tem toda razão. Esse crescimento no número de concluintes em Buenos Aires, de 2009 para 2010, deve-se muito a isso que você comentou, com propriedade. Separaram a meia maratona, que ficou para setembro. Assim, em outubro, a festa é completa e única para a maratona. E assim deve ser feito. Abraço
É exatamente o que penso, temos as provas mas não temos os atletas. E quanto a isso, o que fazer? Primeiro é preciso voltar a valorizar a educação física nas escolas, fomentar o atletismo. Os jogos estudantis universitários precisam ser valorizados. Competições estaduais e nacionais para estudantes. No âmbito das competições privadas é preciso oferecer novas condições aos maratonistas, pacotes de turismo com financiamentos especiais, incluindo transporte, acomodação, alimentação e inscrição. Tudo em um pacote único. Acredito que precisamos de ações planejadas e localizadas, obviamente partindo dos Ministérios dos Esporte, da Educação e do Turismo. Mas acho que estou sonhando alto demais…
André,
Quando conclui minha 1a Maratona no último mês de maio (Porto Alegre), fui criticado, por corredores mais experimentados (e não experientes) em maratonas, por ter postado no FB e Twitter que eu era um “Maratonista”! Sim, não ganho a vida fazendo isso, mas quantos corredores se submetem ao ciclo de treinos e completam uma Maratona? As Assessorias estão crescendo em todo o país, as academias já saíram para as ruas, novas provas estão surgindo, grandes marcas já fazem suas provas…mas falta algo, o que? não sei!
Abração!
No Brasil, as maratonas não crescem por dois motivos: CLIMA e INCENTIVO. O primeiro para resolver teríamos que colocar as provas para horários que não chamaria muito a presença do público e o segundo é a cultura popular que segundo colocado não é nada. Então como colocar nas ruas torcedores para incentivar maratonistas de 5 ou 6h? No fundo tudo se resolve com o tão debatido dualthon CULTURA&EDUCAÇÃO. Quem sabe investindo nisto daqui há 10 anos não seremos verdadeiramente um País Olímpico?
No Brasil corri duas vezes a maratona de SP, uma prova com percurso duro que poderia ser amenizado em parte caso a largada fosse realizada num horário decente. Ano passado largou as 8:50 e neste ano apesar de terem prometido as 8:15 teve um atraso e largou as 8:40, com mais calor e umidade, além de ter muito gente no começo graças as provas menores e pessoas que não respeitam as baias de largada e se irritam ao serem ultrapassadas pq vc “não precisa ter pressa”. Corri Buenos Aires o ano passado e não tem termos de comparação, é superior a prova de São Paulo em tudo. Mas o primeiro ponto que temos que pensar aqui é no horário de largada.
Concordo no número de provas… Mais do que suficiente. Eu estou na luta para ser um sub4h e espero que neste final de semana se concretize… Deveria tb ter somente a prova de maratona no dia, e no horário certo… às 06:30… http://treinoscorridas.blogspot.com/
Concordo com o Vicent, quando a Maratona vem junto com outras provas menores quebra o clima.
E discordo do André só em um ponto, quando diz que a maioria das pessoas no Brasil completa acima de 4h. Não vejo como um problema exclusivo do Brasil, e acho que isso também acontece nas maratonas mundo afora.
Nao tenho os números, mas duvido que NY, Paris, Berlim, Chicago, Buenos Aires, etc tenha a sua grande maioria completando a prova abaixo de 4h. Ficarei surpreso se souber que isto acontece. Este é o outro lado da grandeza destas maratonas.
Talvez Boston, por motivos óbvios.
Saudações.
Não sei se alguém prestou atenção, mas a Maratona de Londrina é limitada à 300 maratonistas. Fazer maratona só pra 300 pessoas seria melhor nem fazer. Eu hein…
Precisamos falar menos e correr mais.
Concordo plenamente com o que vc escreveu e com o que o Vicent completou no comentário. Mas não podemos esquecer que as provas “caça-níqueis” de 5, 10, 16 km são as provas necessárias para criar o hábito e “viciar” a maioria dos corredores. São elas que fazem com que pessoas como eu ambicionem correr 21 km (minha próxima meta), pois comecei com 5 km, já corri 10 km e agora vou tentar partir para os 21 km = tudo isto dentro da Maratona de POA. Mas acho que as corridas exclusivas de 5 e 10 (circuito das estações) ou 5, 8, 10 e 1 6km (Subway-POA) são muito interessantes, pois convivem neste ambiente somente este tipo de corredores, assim como na maratona, se fosse exclusiva aos maratonistas.
Oi André,
Concordo com você. Parece que a cada dia que passa aumenta o número de pessoas que querem correr uma maratona. A pessoa mal inicia nas corridas e já coloca uma prova deste porte em seus objetivos. Acho que as pessoas devem pensar mais na própria saúde do que num simples título a conquistar. Ninguém é mais ou menos corredor que alguém se tiver tantas maratonas em seu “currículo”. Não há nada melhor quanto irmos aos poucos passando e aumentando as nossas distâncias, em fazer nosso corpo acostumar com os níveis de esforço gradativamente. Saibamos mais respeitar nosso bem maior que temos, para que assim possamos correr por toda a vida!
Quero deixar bem claro.. que Caça-Níqueis são as provas que pegam carona na MARATONA.
É isso mesmo, Vincent, sua opinião (correta por sinal) ficou clara, o dia da maratona tem de ser da maratona. É uma prova especial e que merece um tratamento digno, diferente. É o que, por exemplo, Buenos Aires fez desde o ano passado e aumentou em quase 2 mil os concluintes. A meia maratona é disputada um mês antes. Serve, inclusive, de treino de ritmo para os 42 km. No dia da maratona, só a maratona!
Sim, Daniela, acredito que o correto seja uma evolução, com calma, sem pressa. Correr bem os 10 km, os 15 km, depois, partir para uma meia. Adaptar-se a distância, sentir-se bem nela e, depois, sim, sonhar e se preparar corretamente para a maratona. Porque, para mim, para correr os 42 km, são pelo menos três meses de preparação exclusiva, com alimentação correta e algumas restrições, que fazem parte do treinamento. Abraço
Ao ler teu texto, e antes mesmo de ver a resposta do Vincent, pensei na maratona de São Paulo e a Globo alardeando toda a semana que mais de dez mil corredores participariam da Maratona de São Paulo. Que palhaçada! Maratona é duro demais, completá-la é uma conquista e tanto, por isso precisa ser única e valorizada. Juntar 10 km, 21 km e caminhantes é uma injustiça. Realmente, não precisamos de mais provas, apenas melhores provas. Pra colocar lenha na fogueira, pra termos melhores corredores também precisamos de mais lugares para treinar. Quem mora em São Paulo capital sabe o drama que é fazer longão por aqui. Em outras cidades o drama deve ser o mesmo. Abraço
Sim, Jackson, as provas de distâncias menores são fundamentais para atrair mais corredores, para disseminar nosso esporte. Agora, o Vincent defende (e eu concordo) que no dia da maratona, seja especial para os 42 km, como ocorre na maioria dos países. Abraço
Manoel, não vejo problema nas pessoas que completam a maratona acima de 4 horas, o que me chama a atenção (e daí, você tem razão, isso ocorre em diversas partes do mundo) é que a maioria absoluta completa acima desse tempo. E, aqui no Brasil, nas provas que corri e assisti, muitos chegam sofrendo demais, com um semblante de sofrimento extremo que não concordo. A maratona é difícil, a preparação exige muito, mas, há pessoas que extrapolam. Veja um exemplo, 27 brasileiros foram para Roterdã neste ano e, desses, 25 concluíram abaixo de 4 horas. O que vejo é que, quando a maratona é no exterior, a preparação recebe um “tratamento especial”. Ninguém quer quebrar nunca, mas gastar uma grana alta, longa viagem e quebrar, é pior ainda. Mas acho que essa preparação tem se ser feita se o local da maratona está dez horas distante de avião ou a cinco minutos de casa. Abraço.
Guilherme, é isso mesmo. Dia da maratona, só maratona. E boa sorte domingo, no Rio de Janeiro, e que consiga o esperado sub 4h. Estarei torcendo. Abraço.
Alex, a questão é essa mesmo, com Cultura e Educação, conseguiremos crescer no esporte, não só na corrida, mas também como país. Porém, esse começo é sempre adiado para a próxima segunda-feira. Estamos num ciclo olímpico, só cinco anos para o Rio-2016, e já perdemos o caminho. O clima, sim, é um obstáculo, mas não impede o crescimento das corridas e das maratonas. Abraço
Leo, esse é um ponto que bato bastante e já escrevi aqui no blog sobre o assunto. Temos de voltar a defender, divulgar e valorizar a educação física nas escolas. Para mim, é inadmissível, mas temos inúmeras escolas (públicas e particulares) sem uma quadra de esportes. Como pode o projeto ser aprovado sem esse espaço? Não consigo, sinceramente, entender e aceitar isso. Um projeto foi aprovado há cerca de um mês para cobrir e construir quadras pelo Brasil. Vamos ver como será feito. Dá para contar nos dedos também as pistas de atletismo que temos no Brasil. Nos projetos dos 12 estádios para a Copa, nenhum tem pista. Mogi das Cruzes será sede dos Jogos Abertos do Interior neste ano (evento que revelava grandes atletas) e não foi construída a pista, as competições de atletismo serão em São Paulo, no Ibirapuera. Não gosto de comparações, mas os campeonatos colegiais e universitários dos Estados Unidos são a base do esporte americano. Em todas as modalidades. Aqui, não temos nada. É fundamental mesmo valorizarmos o esporte na escola porque, mesmo que não se torne um atleta profissional, estaremos formando cidadãos. Abraço
Marcel, realmente, o horário de largada é um problema. As maratonas têm de começar mais cedo, mas, com exceção de São Paulo, as outras já estão largando em bons horários. É assim Porto Alegre, Rio e Curitiba, por exemplo. Quanto ao respeito às baias de largada, isso me irrita bastante. Se cada um largar no seu ritmo, no seu espaço, todos serão beneficiados. Por que não percebem isso? Canso de ouvir conversas e observar pessoas largando na frente e, nitidamente, percebe-se que não conseguem correr nem por um quilômetro no ritmo previsto para a baia onde estão. E, no ano passado, estive na meia de Buenos Aires e é isso mesmo, as pessoas respeitam os ritmos de largada. Abraço
Olá, André, concordo com seu post e com os comentários até aqui feitos. Fiz minha 1ª maratona na de SP (ganhei a inscrição pela CR) e terminei em 4h27, mesmo tendo uma fratura no pé um mês antes. Acho que o horário é fundamental (se na de SP a largado fosse às 7h30, acho que baixaria uns 10 min pelo menos). Mas acho que se colocam corridas de menor distância, estas deviam ser em percursos diferentes. Abraço
É isso mesmo, Fausto. Acompanhei a Maratona de São Paulo e, com a largada mais cedo, com certeza, todo mundo correria melhor, dentro de suas características. E a sugestão de percursos diferentes (e horários também) para as provas de menor distância no dia da maratona, é muito boa. Mas, sinceramente, dia da maratona, só maratona. Abraço
Tenho curiosidade em saber qual a porcentagem de concluintes sub 4h nas maiores maratonas do mundo, a revista tem esses dados?
Na Maratona de SP 2011, houve 2.722 concluintes no masculino, sendo que 971 ficaram abaixo de 4 horas, ou mais de 35% de sub 4h, não me parece um resultado ruim.
Marcelo, quero fazer esse levantamento. Pegando as principais provas aqui no Brasil e no exterior, com base nos dados de 2011. Como teremos Chicago, Berlim, Amsterdã e Nova York este ano ainda, só para citar algumas, quero ver se fecho esses números até dezembro, para ter um balanço do ano. Tenho essa curiosidade também. Abraço
Um artigo do Tomaz Lourenço em que ele dizia que terminar uma maratona em até 5h30min é relativamente fácil, deveria fazer parte do manual do atleta de toda maratona.
Marcelo, concordo plenamente com você. O texto do Tomaz merece mesmo ser lido por todos. Abraço.