Para tanto tinha treinado por apenas dois meses, com orientação de Silvana Cole, que principalmente me conteve em meu ritmo sem muito controle. Pouco conhecia de corrida e de participação em provas, mas vinha de muitos anos de ciclismo de estrada e naquele ano estava sempre fazendo alta quilometragem, do tipo 50 a 70 km por semana.
Dessa forma, os cuidados da treinadora foram mais no sentido de que eu procurasse manter o ritmo, sem me entusiasmar, já que nunca tinha feito tal distância. Realizei três longões junto com o grupo por ela orientado e fomos para Blumenau.
Com base nos tempos obtidos nesses longos (de 25, 30 e 35 km), Silvana estimou que eu poderia completar entre 3h10 e 3h20, indicando que saísse no ritmo proposto e procurasse manter, o que significava, entre outras coisas, passar e marca da meia-maratona entre 1h35 e 1h40.
A ansiedade foi enorme nos dias que antecederam a maratona e naturalmente praticamente não dormi na véspera, mesmo porque tínhamos que acordar às 5 h, para pegar os ônibus da organização, com destino a Itajaí, onde acontecia a largada, às 7 horas.
Iniciada a prova, não me contive e fui dando o meu melhor e ainda com um vício de vários anos de ciclismo. Quando por mim passava algum grupo, seguia junto, atrás, para pegar o "vácuo" e assim fui indo, até que ao cruzar a marca da meia-maratona constatei que tinha feito a primeira metade em 1h29.
Fiquei preocupado, com medo de quebrar, de enfrentar o tal "muro", e resolvi segurar o ritmo e até consegui por alguns momentos, mas aí passavam corredores e lá ia eu atrás… Faltando menos de 10 km encontrei um colega de equipe que corria muito bem e que estava caminhando. Perguntei o que tinha acontecido e ele falou que tinha "quebrado" por ter saído muito forte. Fiquei apavorado e decidi que iria administrar a parte final do percurso e acho que foi o que me garantiu uma chegada sem sofrimento em 3:04:30, para surpresa da minha técnica.
No ano seguinte voltei a Blumenau para fazer a prova abaixo das 3 horas e para tanto treinei desde o começo do ano (a prova era sempre no último domingo de julho), com a orientação da mesma treinadora. Fizemos uma preparação sensacional e me lembro de um treino de ritmo que revela bem meu condicionamento: 6 tiros de 3.000 m, todos abaixo de 12 minutos, com intervalo de 7 a 8 minutos.
A tragédia do ônibus. Estava absolutamente confiante que faria a maratona em menos de 3 horas, mas, no jantar de massas, surgiu o convite da treinadora para que eu fosse com o grupo para a largada no ônibus que havia sido fretado, desde São Paulo. Aceitei e seguimos de madrugada rumo a Itajaí, mas aí aconteceu a tragédia: o motorista se perdeu, ficamos procurando o caminho e acabamos chegando perto da área da largada alguns minutos depois que ela tinha acontecido.
Saímos desembestados e fomos passando os corredores, que não entendiam nada. Esses primeiros quilômetros rápidos demais, o fato de não saber direito o tempo de prova e naturalmente a irritação com o acontecido acabaram por me derrubar psicologicamente, e "desisti" da competição acho que lá pelo terço final. Tinha calculado que se corresse da forma prevista muito provavelmente faria em menos de 3 horas, mas os 3 ou 4 minutos perdidos na largada poderiam ser a diferença, e o que importaria era o que o relógio da chegada iria marcar quando eu passasse.
Assim, fui para o final e quando cruzei o pórtico o cronômetro marcava qualquer coisa na casa das 3h07. Encontrei a Cecília, que já sabia do contratempo, fomos para o hotel e em seguida voltei para São Paulo, guiando, e finalizando o projeto de lançamento da Contra-Relógio, que surgiria três meses depois.
Depois, minha dedicação à revista não permitiu que fizesse treinamentos tão bons e passei a correr maratonas entre 3h20 e 3h40. Agora, aos 60 anos, tenho como meta fazer os 42 km em torno de 4 horas, se possível sub 4h, como aconteceu este ano em Porto Alegre, e naturalmente correr a Comrades em 2008, talvez em tempo melhor do que este ano, mesmo sendo o trajeto em subida.
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Que saudades da maratona de Blumenau,em 1992 isso á 21 anos atraz quando minha performance era exelente pena que tudo acabou os anos passaram assim como os quilometros das maratonas,mas nossa vida terrena é assim,no dia 26 de julho de 1992 lá estava eu feliz alegre por estar alinhado para o grande desafio correr um maratonas,hoje o que resta – me são as doces lembranças que estão eternizadas dentro de mim.Thiau,Thiau,Thiau,