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Notícias Redação 3 de setembro de 2012 (0) (91)

Na Meia das Cataratas, frio e tempos rápidos

Quando foi anunciado que os termômetros marcavam 4 graus, ninguém se espantou, já que a maior parte dos corredores estava bem agasalhada, com gorro, duas a três blusas e luvas. Diz-se que a sensação térmica chegou a zero grau durante a prova, mas o que ficou evidente foi que a temperatura ajudou os atletas a fazer bons tempos.

A 6ª edição da Meia-Maratona das Cataratas, dia 8 de julho, marcou uma série de mudanças, a começar pelo percurso. Até o ano passado a largada ficava em frente ao Hotel Mabu e terminava dentro do Parque das Cataratas, portanto em um só sentido. Agora os corredores chegaram em frente do Parque Nacional das Cataratas, novo local da chegada, deixaram seus pertences no guarda-volumes e foram transportados 2 km para dentro do Parque, onde largaram. O retorno foi feito próximo da marca dos 10 km, com as quedas d'água ao lado.

Outra mudança foi a parceria da Procorrer com a Yescom por conta da presença da Rede Globo, que reservou um bloco do programa Esporte Espetacular à prova paranaense. A ideia é fazer a transmissão ao vivo a partir do ano que vem.

Um cuidado interessante da organização foi o jantar de massas, que apesar de ser pago à parte e não ser muito barato (R$ 38), juntava a elite com os corredores amadores, em um salão enorme. Era uma boa chance de ver de perto os atletas, tirar fotos e pedir dicas para os "canelas finas".

 

A PROVA. O perfil altimétrico da Meia é desafiador. A primeira metade tem algumas subidas e descidas, mas com muitos trechos de "falso plano" – quando parece que o terreno é nivelado, mas na verdade é uma longa e leve subida. Já na volta aparecem duas subidas fortes, uma logo após o retorno e outra nos 800 metros finais. No entanto, a sensação é de que se desce mais na segunda do que na primeira parte, portanto, se o corredor chegou inteiro no retorno, pode aproveitar as longas descidas para acelerar.

A hidratação foi exemplar, com água a cada 3 km e quatro postos de isotônico. Mas os copos em que o isotônico foi servido eram de plástico fino e quebravam com facilidade ao serem "afunilados" para facilitar a ingestão. O ideal é que sejam de papel ou um plástico mais resistente. O diretor técnico da prova, Tadeu Natálio, estava ciente do problema e disse à revista que o problema será resolvido na próxima edição.

 

CONTRADIÇÃO? Muitos corredores com quem a revista conversou disseram que acharam o percurso difícil e outros, que tinham participado de edições anteriores, comentaram que ele tinha ficado mais duro. No entanto, todos haviam ou batido o recorde pessoal ou melhorado suas marcas da prova em pelo menos 5 minutos. Já tivemos essa discussão na Contra-Relógio e o consenso que impera na redação é que a temperatura é muito mais importante do que o percurso. Ou seja, se o percurso é duro, mas a temperatura está baixa, conseguem-se boas performances. Mas se o percurso é fácil e o sol está rachando, esqueça o recorde pessoal.

Talvez o melhor exemplo de como a temperatura influenciou os resultados foram os tempos dos primeiros colocados. Os quenianos Ben Kiplino Mutai e Paskalia Kipkoech estabeleceram o recorde do novo percurso. Mutai melhorou a marca de Franck Caldeira de 2011 em 58 segundos e Paskalia tirou mais de cinco minutos do recorde da sua compatriota Dorcas Kiptarus, também obtido no ano passado.

Quem se saiu bem na prova foi Giovani dos Santos, que ficou na segunda colocação com 1:02:12. No km 19 ele e Mutai se descolaram do pelotão e disputaram a vitória, que acabou nas mãos no queniano. "Esse ano bateu na trave. Espero que ano que vem possa fazer gol", brincou. O técnico de Giovani,  Henrique Viana, estava contente com a marca do pupilo. "É o terceiro ano que Giovani está treinando com a gente e seus tempos têm melhorado sempre. Tanto a marca dele com a do Damião, que também treina comigo, já os qualificam para o Mundial de Meia na Bulgária, em outubro".

Na prova feminina, a queniana Paskalia ditou o ritmo na maior parte da prova e chegou sobrando para conquistar a primeira colocação. "O frio e a umidade do ar dificultaram, valorizando ainda mais a conquista", afirmou. Roselaine de Souza Silva foi a melhor brasileira, chegando na quarta posição, com 1:15:01. Já a portuguesa Jéssica Augusto, que figurava entre as favoritas, não se incomodou com o frio, mas se surpreendeu com o ritmo forte estabelecido pelas quenianas. "Eu estava na terceira colocação quando uma brasileira e uma queniana passaram por mim voando. Fiquei feliz em ter conseguido me recuperar, passar as duas e ser a terceira", disse.

 

NÚMEROS. 1.809 corredores completaram a Meia das Cataratas: 1.379 homens, 419 mulheres e 11 nas categorias especiais. Confira os resultados completos em www.meiamaratonadascataratas.com.br.

 

TURISMO, CORRIDA E RECORDE PESSOAL

Fui à Foz do Iguaçu a convite da organização e atraído pelos bons tempos na prova obtidos tanto pelo Tomaz Lourenço em 2010, assim como pelo André Savazoni no ano passado. Só não estava preparado para o frio – não levei luvas, mas achei um gorro na minha mochila. E não tinha intenção de correr rápido, apenas queria usar a prova como preparação para a Golden 4 Asics Rio no final do mês passado em que pretendia bater minha marca pessoal. O problema é que me senti bem durante a prova e pensei: "Por que não tentar?".

Acabei conseguindo e fechei em 1:39:54, meu tão desejado sub 1h40 na meia. Quando me perguntaram se achei o percurso bonito, só lembro de não ter visto as Cataratas por causa da neblina, pois estava concentrado demais para olhar para os lados.

Assim como a Meia-Maratona do Glaciar, deve-se ir à das Cataratas com mais tempo e não só para correr e ir embora. Além da magnífica vista das quedas, o Parque Nacional reserva passeios muito bacanas, como o Rally Macuco, em que os visitantes entram na mata usando um jipe elétrico, fazem uma caminhada de 3 km e ainda podem ir de bote "tomar banho" nas quedas. Eu fui e adorei.

Tive também a oportunidade de almoçar na residência do Chefe do Parque, Jorge Pegoraro, que mora em uma casa dentro do parque e que foi construída nos tempos de Getúlio Vargas, então presidente, e primeiro hóspede dela. Foi uma aula de história e arquitetura de época. Uma visita à Usina de Itaipu também é uma boa pedida, além, claro, das compras no Paraguai e Argentina. (SR)

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