20 de setembro de 2024

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Notícias Redação 12 de julho de 2011 (0) (122)

Na lendária Maratona de Boston

A maioria dos maratonistas – e certamente todos os maratonistas norte- americanos querem correr a Maratona de Boston e ajudar a trabalhar a lenda em que a prova vai se tornando. Até a imigração desta vez foi mais gentil (e mais demorada), com o agente fazendo apenas perguntas sobre o meu treinamento e as minhas expectativas e nada sobre eventuais questões da nossa estada no país.

Meia hora em Boston e você já está no clima da prova, encontrando, sorrindo e cumprimentando outros atletas na esteira de bagagem e, logo depois, no hotel e na feira da maratona (não é tão boa assim). Mas tem uma diferença grande: o número de peito indica o seu tempo de qualificação, portanto não dá para mentir muito…

Como na de Nova York, é preciso viajar até a largada, quase cinqüenta minutos de ônibus, e depois mais três horas no frio esperando a sirene e a primeira onda. Como estava com dois amigos, o Alexandre, o melhor brasileiro na prova, e a Cristina, minha querida companheira de treinos, o tempo de espera passou rapidinho e logo estava correndo em um percurso sem grandes dramas (em termos de altimetria), mas bastante exigente para a musculatura; senti falta de alguns trechos planos e longos, para relaxar.

A prova não oferece marcadores de ritmo, para ajudar na busca de um tempo melhor, mas apresenta uma organização fantástica, inclusive um forte respeito aos currais de largada, que se dá em três ondas distintas e facilita a nossa vida. Depois de correr mais de três horas pensando na terrivelmente famosa Heartbreak Hill dei de cara com uma subidinha muito mais fácil do que a ladeira do Jardim Botânico no Rio ou a da Brigadeiro, na São Silvestre. Mas, quem não economizar um pouco, morre ali, isso é verdade…

Saindo das Newton's Hills e da Heartbreak, entramos na parte central de Boston, este trecho sim, bem plano, e aí é só renovar o fôlego para sair bem nas fotos de chegada e ser ovacionada como se você fosse uma atleta de ponta! Me senti muito bem e muito feliz com minhas 3h48!

Medalha no peito, aí é celebrar na linda e fria cidade de Boston. Fomos conhecer o mais antigo restaurante da cidade, sentados felizes na mesa predileta do John Kennedy (tem até a plaquinha), tomando alguns copos de Sam Adams, cerveja que é outra lenda local.

Única passagem mais triste: visitar e comprar algumas coisas na loja de material de corrida do Bill Rodgers, multicampeão de Boston e de Nova York e que agora não consegue correr contra o poder comercial das grandes redes e parece estar indo para o buraco.

Todos aqueles que amam o esporte e, principalmente, amam as maratonas precisam correr Boston pelo menos uma vez. É realmente uma prova única e que merece a aura lendária que está construindo ao longo de 115 anos de vida. Todos podem ter certeza de que ela vale o esforço da qualificação.

E indo lá, além de conhecer uma bela cidade, aproveitem para comprar algum produto na loja do Bill Rodgers, afinal que outra "loja" pode se gabar de ter vencido oito grandes maratonas? Essa lenda também não pode desaparecer.

E O VENTO?

Na CR de maio a capa foi o queniano Geoffrey Mutai, vitorioso em Boston com o surpreendente tempo de 2:03:02, que lhe garantiu o  melhor resultado em maratona da história, mas não o recorde mundial. A razão, como explicamos na edição passada, é o fato de Boston apresentar dois detalhes que impedem serem seus resultados homologados pela IAAF. O percurso é em descida (declive superior ao limite de 42 metros, entre o começo e o fim) e como a distância (em linha reta) entre a largada e a chegada supera 21 km, pode haver ajuda de vento a favor. E foi o que aconteceu este ano e de forma acentuada, já que essa ajudinha chegou a 20 km/h.

Mas, curiosamente, as duas corredoras que enviaram relatos sobre suas participações, em nenhum momento citam essa mãozinha do vento. Por essa razão, consultamos Moema e Adriana a respeito, que nos informaram não terem sentido esse benefício, talvez porque se corre sempre com muita gente ao lado (e na frente e atrás), daí provavelmente a explicação. Sem dúvida uma situação bem diferente da enfrentada e aproveitada pelos atletas de elite.

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