Blog do Corredor Redação 22 de novembro de 2019 (0) (219)

Na autêntica maratona, como Pheidípedes

Prova na capital grega tem como principal apelo o percurso (nada fácil) que teria sido feito pelo soldado-mensageiro

BRASILEIROS LÁ FORA – POR ISMAR MARQUES*

No último dia 10 de novembro participei da minha 24ª maratona. Desta vez pude realizar um sonho antigo que era correr onde tudo começou. A Maratona de Atenas, que é chamada pelos gregos como “The Authentic Marathon”, utiliza o mesmo percurso feito pelo soldado-mensageiro ateniense Pheidípedes, que, segundo os historiadores da Grécia Antiga, correu desde a planície de Marathon até Atenas, percorrendo uma distância aproximada de 40 quilômetros, para anunciar a vitória do exército ateniense sobre o exército persa.

Esta batalha ocorreu no ano 490 antes de Cristo e foi uma façanha incrível, pois os persas, de acordo com os registros, desembarcaram na praia de Marathon com 100 mil soldados para lutar contra o exército ateniense que contava com apenas 10 mil. Ainda segundo os historiadores, Pheidípedes, depois de anunciar a vitória sobre o exército persa, veio a falecer.

Os jogos olímpicos da Era Antiga eram realizados na cidade grega de Olímpia, que acabou eternizando o nome desses torneios. De acordo com pesquisadores, no período dos Jogos todas as guerras em curso na península grega, eram paralisadas, para que os melhores soldados atletas pudessem participar.

No final do século 18, o francês Pierre de Courbetin, lançou a ideia de recriar os Jogos Olímpicos da Era Moderna e tendo como base a história do soldado mensageiro Pheidípedes, introduziu nessa nova versão dos Jogos Olímpicos, uma prova de corrida de longa distância com 40 quilômetros, dando origem a tão famosa maratona.

A Maratona de Atenas possui um percurso muito técnico, com vários trechos de subidas, entremeados com alguns planos e outros em descida. Basicamente, pode-se dividir o trajeto em quatro partes. Na primeira, até o km 10, predomina uma leve descida, sendo que na altura do km 5, há um desvio do curso original, para que os corredores possam passar pela tumba que abriga os restos mortais de 192 soldados atenienses que participaram da batalha de Marathon no ano de 490 aC.

A segunda parte começa no km 11 e vai até o 18, sendo uma combinação de pequenas subidas e algumas descidas. A terceira se estende até o km 31 e é a mais difícil, pois predominam longas subidas. A última é a mais fácil, porque é em leve descida. A recomendação é se economizar até o km 18, para poder sobrar combustível para o trecho mais duro e poder fazer uma entrada triunfal no Estádio Olímpico.

Baseado em relatos sobre maratonas anteriores em Atenas, quando vários corredores ressaltaram a dificuldade de encarar os quase 12 quilômetros de subida, fui para Atenas com a estratégia de fazer uma corrida conservadora, buscando um ritmo médio em torno de 6 minutos, e acabei cruzando o pórtico em 4h22.

Vale ressaltar que o clima no dia da prova estava muito bom, com temperatura em torno de 16 graus na largada e terminando em torno de 25 graus. A organização posicionou pontos de hidratação a cada 2,5 km, onde, além de água em garrafinhas, havia também isotônico em copo aberto. Também distribuíram, a partir do km 21, banana, gel de carboidrato, barra de cereais e chocolate em barras, assim como Coca-Cola nos km 30 e 35.

O ponto alto desta prova é sem dúvida a chegada no histórico estádio, que foi construído para abrigar os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna. A sua estrutura é toda em mármore branco, o que explica o excelente estado de conservação. Tem um formado em “U” e o portal de chegada com o tapete está a uns 200 metros da entrada do estádio. São 200 metros de pura emoção, com o público dando um grande incentivo para os que tiveram o privilégio de sair da lendária planície de Marathon e cruzar o pórtico no Panatenaico.

Ismar Marques é assinante de Campinas

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