Atuando e pesquisando em Medicina do Exercício e do Esporte desde 1975, tenho procurado aliar os convites para palestras em congressos no exterior, com a participação em meias-maratonas ainda desconhecidas dos brasileiros. Pesquiso provas de longa tradição, que tenham boa reputação e que sejam realizadas em países menores. Dentre as várias que corri nos últimos anos, vou destacar duas que gostei muito e recomendo.

Em outubro de 2010, indo palestrar na Conferência Internacional sobre Treinamento de Força em Bratislava (Eslováquia), me inscrevi para a 15ª Maratona e Meia de Ljubljana. Essa pequena cidade de 300 mil habitantes é a capital da Eslovênia, país com pouco mais de 2 milhões de habitantes, situado entre Croácia, Itália, Áustria e Hungria. Com uma pequena extensão de costa, o país é moderno, bem desenvolvido e extremamente civilizado, pertencendo à Comunidade Européia e utilizando o euro como moeda desde 2007. A comunicação em inglês é fluente e fácil nas ruas, hotéis e lojas em geral.

O kit da prova inclui uma bela camiseta de tecido próprio para corrida nas cores verde e preta e de manga comprida. Na largada e chegada existe uma pequena arquibancada, palco para um grupo de música ao vivo e um enorme telão. Os quase sete mil competidores (de 40 países) que participaram da maratona (duas voltas) ou da meia (uma volta) largaram em baias diferenciadas e em função do ritmo esperado.

Fantástica participação popular e várias estações de hidratação e de reposição energética. A estrutura de suporte médico é discreta, mas muito bem montada em equipamento e pessoal, como pude checar pessoalmente, ao visitar a tenda central de apoio e conversar com os intensivistas que lá se encontravam. Traçado praticamente plano (variação máxima de 30 m), todo pavimentado e mesclando lindas florestas, ruas e avenidas.

Largamos às 10h30 com 11 graus e chegamos com 15. O ritmo dos corredores é forte, mesmo para a minha faixa etária – 50 a 54 anos de idade, e observa-se facilmente que a grande maioria deles é bem experiente. Completei em um tempo bem próximo ao meu recorde pessoal – 1h56. A organização disponibiliza os resultados de todos os corredores com passagens intermediárias dos 5, 10 e 15 km, permitindo identificar se houve quebra de ritmo. Os quenianos ocuparam 10 dos 11 primeiros lugares, incluindo os quatro primeiros, com um tempo de 2:10:17 para o vencedor Evans Ruto.

Fica aqui a sugestão para corredores brasileiros que queiram fazer provas não gigantescas no exterior. Combina-se uma alta dose de prazer e ótimos resultados – organização de alto nível, número adequado de corredores (não se perde tempo desviando de outros, já sendo possível começar a prova no seu ritmo), trajeto agradável e praticamente plano, excelente condição climática e excepcional apoio popular – com dificuldades e custos proporcionalmente bem menores. Mais detalhes sobre a prova, que acontece em outubro, no site: www.ljubljanskimaraton.si/index.asp?s=5&p=1&l=en

ONDE BIKILA VENCEU

Em 2007, conjuguei uma palestra no Congresso Europeu de Medicina Desportiva em Praga, com a participação na 84ª Maratona de Kosice, uma simpática e pequena cidade medieval da Eslováquia, situada próxima à fronteira com a Hungria. Nos últimos 10 ou 15 anos, essa que é uma das provas mais antigas do mundo – começou em 1924 -, com duas voltas na cidade e seus arredores, passou a incluir uma meia-maratona (apenas uma volta).

Realizada em trajeto de altimetria praticamente uniforme e com temperatura entre 10 e 15 graus, costuma contar com a participação de cerca de 3 mil corredores. Na sua galeria de campeões figura nada menos do que o lendário etíope Abebe Bikila, vencedor em 1961.

O evento é tão prestigiado e valorizado que o tiro de partida é normalmente disparado pelo presidente da Eslováquia e praticamente toda a pequena população da cidade vai para a rua prestigiar os corredores. Organização perfeita. Vale a pena! Este ano será dia 2 de outubro. Mais detalhes: www.kosicemarathon.com/en/