Notícias Redação 15 de junho de 2018 (0) (254)

Meia-Maratona de SP com poucos “pipocas”

O estopim aconteceu na última São Silvestre, quando 23,5 mil completaram oficialmente e uns 15 mil correram como "pipocas". Contratada para a organização do evento e acusada de ineficiente (faltou água para o pessoal mais lento), a Yescom decidiu que era hora de começar a desestimular essa moda nas corridas, pelo menos nos eventos próprios, marcando a estreia dessa nova postura na Meia-Maratona de São Paulo, dia 19 de fevereiro.
Com divulgação nas mídias e redes sociais, a mensagem era bem clara: Os "pipocas" não são bem-vindos! E com justificativas óbvias: além do prejuízo financeiro e má imagem para a organização, os corredores regularmente inscritos eram os maiores prejudicados, notadamente pelo congestionamento nos banheiros na largada, saída igualmente tumultuada, eventual falta de água e isotônico no percurso, assim como de medalhas e lanches na chegada, porque muitos "pipocas" davam um jeito de pegá-los.
Foi então informado que haveria controle efetivo de acesso às baias na largada, que nos postos do percurso sinalização indicaria ser a água para os inscritos e, na chegada, os "pipocas" seriam convidados a sair pela lateral, antes do pórtico. E tudo isso aconteceu sem tumulto ou reclamações, talvez porque, surpreendentemente, o pessoal sem número de peito era absoluta minoria.
E ainda bem que foi assim, porque o calor no dia foi demais, com um "sol para cada um", compensado por um abastecimento primoroso, na forma de copos de água gelada em postos pouco espaçados, um de isotônico em saquinho igualmente gelado e até um de gel de carboidrato. Ajudaria se a Yescom tivesse tomado a iniciativa de colocar o horário de saída para as 6 horas, de forma a compensar o fim do horário de verão.
Também continuou faltando uma atitude mais firme por parte da organizadora no controle de acesso às baias, agora focada em impedir a entrada dos "pipocas", mas de forma educada, ou seja, pouco eficiente. O mesmo vale para o não respeito aos bolsões por cores do número de peito, por sua vez tendo como base o ritmo previsto do corredor, e neste caso ficando praticamente à vontade de cada um entrar onde quisesse. Como, junto com os 21 km, larga também uma provinha de 5 km, o problema de gente lenta saindo lá na frente só se agrava.
Aqui o prejuízo é para os que querem ter o direito de largar já no ritmo para o qual treinaram, como acontece em várias provas lá fora (mesmo com milhares de participantes) e algumas poucas aqui dentro. Da mesma forma que ocorreu no caso da restrição aos "pipocas", pelo que tudo indica compreendida e apoiada pelos regularmente inscritos, os organizadores precisam se conscientizar que controlar rigorosamente o acesso às baias é uma atitude antipática apenas para uns poucos corredores, ainda não conscientes de que devem largar com seus pares (de ritmo).
Vamos ver se, na Maratona de SP, a Yescom assume a mesma atitude que teve com os "pipocas". Deixando claro: não se deve separar os corredores por provas, mas pelo ritmo previsto de cada um, em qualquer que seja a distância. E na MSP tem até caminhantes, que podem sair numa boa lá frente (já que ninguém os impede), irritando corredores que estão em busca de boas marcas! No exterior, os participantes se comportam educadamente porque os organizadores fazem o seu papel de disciplinar os fluxos no evento, para que eles sejam eficientes e de forma a tudo funcionar bem, agradando à maioria.

MAUS RESULTADOS. Não se tem uma estatística sobre a performance média dos participantes da Meia de SP, mas pode-se inferir que ela deve ter sido bem sofrível. Largar com 25 graus e chegar com mais de 30 (para os últimos), enfrentando um monte de subidas, não permite mesmo fechar os 21 km com uma marca razoável, mesmo para os bem treinados.
O problema, no caso dessa corrida, é que muita gente deve ter ficado absolutamente desestimulada a encarar, algum dia, o dobro da distância, especialmente a Maratona de SP, também da Yescom, sendo que se imagina ter a primeira um papel de treino-teste de luxo para os 42 km, para muitos corredores.
Por outro lado, alguns poderão talvez pensar, ao final do enorme desgaste no dia 19 de fevereiro: "Se eu consegui completar essa prova, é só treinar mais um pouco nas próximas semanas para estar na largada do dia 9 de abril." Pelo menos, a temperatura deverá ser mais amena, mesmo com a organização não tendo ainda a iniciativa de antecipar o horário da saída.
Houve queda na participação, com 5.480 terminando os 21 km (749 nos 5 km), contra 7.200 e 1.155 no ano passado, respectivamente. Resultados completos (se é que alguém vai querer ver o seu…) no site www.meiamaratonadesaopaulo.com.br

 

BOM EXEMPLO
Não são muitos os corredores que se destacam com atitudes simpáticas, daquelas que agradam a todo mundo numa prova. Um destes foi Elmo Medeiros, na meia paulistana, que correu com uma pequena mochila onde estava seu aparelho de som, levando animação para os demais participantes, com músicas alto astral, apenas que poderiam ser mais brasileiras.

 

FRASES SOLTAS
Nas corridas é comum se ouvir coisas engraçadas, outras sem sentido, muita bobagem e até confidências. Vamos a algumas "pescadas" no dia 19 de fevereiro:

"O sistema aeróbio funciona assim…", palestra de um treinador para um aluno, durante…
"Você está ótima, respira!", outro personal, pouco antes da garota pedir para caminhar.
"Corro bem em qualquer temperatura; larguei na maratona de Porto Alegre com -1"; na verdade estava 7 graus.
"Imagina que você está correndo no frio; é a força do pensamento que vale", de um otimista ou fora da realidade.
"Agora o que manda é a cabeça, não as pernas", amigo para outro, recebendo de volta um xingamento.
"Está horrível esse calor, mas correr com um monte de gente sofrendo igual é bem legal."
"Acho que a marcação de quilômetro está errada; estão cada vez mais distantes as placas…"
"Meu Deus, mais uma subida! Se soubesse que era assim, não teria me inscrito."
"Mas, você está correndo de pipoca! Que coisa feia. Olhe para o lado, você está por fora!"

 

 

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