Notícias admin 29 de março de 2015 (0) (119)

Meia-Maratona de São Paulo

A 9ª edição da Meia-Maratona de São Paulo, dia 1º de março, foi novamente um grande sucesso, com mais de 6 mil concluindo oficialmente, sem contar outros mil correndo sem inscrição, e quase 1.500 fazendo a prova de 5 km. A novidade deste ano foi a mudança em grande parte do percurso, mas sem alterar o local de largada/chegada, em frente ao Estádio do Pacaembu na capital paulista. A sensação para os participantes, ao final, era que o trajeto tinha ficado um pouco mais duro, pelas inúmeras subidas e muitas curvas.
Após a prova, surgiram na internet comentários sobre o percurso ter mais que os 21,1 km regulamentares, com base no que apareceu nos GPS de vários corredores, mesmo se sabendo que o equipamento não é preciso e que as pessoas nunca fazem a distância oficial, e sim alguma coisa a mais, uma vez que não tangenciam de forma tão econômica como o fazem os medidores credenciados em suas bicicletas calibradas.
A questão é que, ao contrário do "erro normal" de 100 a 200 metros a mais no GPS em uma meia-maratona, desta vez os equipamentos marcaram até acima de 21,5 km, o que levou às observações nas mídias sociais. E a discussão se agravou quando a CBAt divulgou uma nota que os resultados (da elite) não seriam homologados, em função de uma mudança no percurso previamente medido.
Como observa Rodolfo Eichler, credenciado nível "A" pela AIMS / IAAF, e responsável pela medição (de todas as corridas da Yescom e das mais importantes do país), na semana da prova o CET exigiu pequenas mudanças no percurso, que foram feitas, procurando-se não alterar as metragens aferidas. Mas essa iniciativa não permite que os resultados sejam homologados, exigindo uma segunda medição que comprove que a distância (mínima) de 21,1 km foi corrida pelos participantes.
Segundo ele, essa é uma regra internacional, mas que não foi destacada na nota da CBAt, levando a conclusões equivocadas. Ou seja, inicialmente não se podia homologar os resultados, pela mudança ocorrida no percurso previamente aferido; então, se realiza uma nova aferição e, comprovada a distância correta, as marcas passam a ser oficiais. E foi o que aconteceu, já que a nova medição comprovou um total de 21.118 m, portanto dentro do erro aceitável (pela IAAF/ AIMS) de até 21 metros a mais que os 21.097 m.
Em relação ao que se viu nos GPS dos participantes, Rodolfo comenta que foi coerente com as características do percurso, ou seja, repleto de curvas (37!), a maioria de 90 graus, ocasionando metragens a mais aos corredores, que não conseguem (mesmo os mais experientes e preocupados com a tangência) fazer o trajeto econômico medido pelos aferidores, que tem a pista livre, sem qualquer obstáculo e com uma visão ampla do que virá pela frente.
Eichler comenta que os resultados da elite (que costuma se preocupar em fazer o menor percurso) já demonstrava que a distância estava correta, pois conseguiram marcas semelhantes às que vinham obtendo, apesar das muitas curvas, que afeta especialmente os mais rápidos.
A vitória foi de brasileiros. Solonei Rocha marcou 1:04:36, em disputa acirrada até o final com Giovani dos Santos (1:04:39). Depois chegaram Daniel Chaves, Gilmar Silvestre e o queniano Mathew Cheboi. Joziane Cardoso conseguiu vencer pela segunda vez consecutiva, com o tempo de 1:17:45, seguida da queniana Gladys Kiplagat, e das brasileiras Sueli Pereira, Aparecida Ferraz e Roseilane Ramos. Resultados completos em www.meiamaratonadesaopaulo.com.br

PIPOCAS. Em relação aos chamados "pipocas", a revista considera que deveriam ser sempre desestimulados, como é o caso de não permitir que completem, barrando-os nos 100 ou 200 metros finais, como já fazem algumas provas, de modo a deixar claro que estão participando de um evento como intrusos. Para os que defendem esses corredores, dizendo que a rua é de todos etc, fica a questão de ao sofrerem um mal estar acabarão sendo atendidos pelo suporte médico da corrida, que obviamente tem um alto custo para a organização. Sem contar que pegam água, isotônico e o que mais tiver de abastecimento no trajeto, quando não tumultuam a área de chegada/dispersão, até exigindo a medalha!
Aliás, muito boa a entrega de Gatorade em saquinhos, e não em copos abertos, desejo antigo dos corredores, que eram obrigados a parar (ou mesmo ficar esperando os copos encherem) e depois beber com cuidado para não deixar cair o precioso líquido. Também a água gelada ou pelo menos fria foi servida à vontade.
Outro inconveniente são os corredores lentos que se posicionam à frente, atrapalhando os demais nos primeiros quilômetros. A organização até distribui pulseiras coloridas para que cada um vá para a baia indicada, conforme seu tempo de conclusão previsto, mas na prática isso não funciona, por falta de educação de parte dos participantes, mesmo com a maioria sabendo que o que vale é o tempo líquido, ou seja, só começa a contar a partir da passagem pelo pórtico de largada.
Mas, por outro lado, já é grande o número dos que esperam o início da prova sem afobação, até fazendo questão de começar bem depois do sinal de saída, para não pegar congestionamentos e, quem sabe, pelo prazer de ir passando os que largaram antes e logo dão mostras de terem começado no lugar errado.

SEM RELÓGIO. Decidi fazer a prova sem relógio, em primeiro lugar porque estou voltando aos treinamentos e, portanto, não queria ficar "pressionado" a correr para determinado tempo. Em segundo lugar porque pretendia saber se continuo tendo ideia do ritmo que estou correndo. Dessa forma, comecei a prova tranquilo, passando pelo pórtico de largada com quase 5 minutos da largada oficial.
Como a temperatura estava amena (20 graus) e me sentia bem, segui em ritmo confortável, mas não deixando de correr em nenhum momento, me poupando um pouquinho para os quilômetros finais, para não ter que me arrastar nesse trecho, o que é sempre desanimador. Pelos meus "cálculos", devia estar a pouco mais de 6 min/km e, portanto, provavelmente completaria em menos de 2h10.
Ao chegar perto do pórtico vi o relógio marcando 2h17, o que menos os 5 minutos da largada daria então um resultado líquido de 2h12 e alguns segundos. Não achei nada demais, apenas pensei que já não estava tão sensível ao ritmo que corro. No dia seguinte fiquei sabendo que talvez tivesse corrido um pouco mais que os 21,1 km… Fiquei contente… Depois, ao ser informado que a distância estava correta, me conscientizei que preciso ficar mais atento aos tangenciamentos e para tanto talvez seja melhor largar ainda mais tarde, para evitar os congestionamentos nas curvas.

 

Elite e amadores
Na prova masculina, cinco atletas se destacaram na frente a partir do km 12: Solonei Rocha, Giovani dos Santos, Daniel Chaves, Gilmar Lopes e o queniano Mathew Cheboi, que foi o primeiro do grupo a ficar, já perto do km 14. A segunda baixa aconteceu no km 16, quando Gilmar também deixou o grupo. Por volta do km 20, Solonei e Giovani de desgarravam de Daniel e levaram a disputa para os metros finais, quando Solonei levou a melhor, vencendo pela primeira vez na sua terceira participação.
"A corrida foi muito disputada, com vários atletas ditando um ritmo muito forte. Logo no início do 'Minhocão' já dava para ter uma ideia que não seria fácil", conta o campeão, lembrando que perto do final, entre os km 19 e 20, ele e Giovani começaram a apertar ainda mais o ritmo. "Quando vi o pórtico, acelerei mais ainda, mas o local era difícil de ultrapassar e o Giovani fechou a parte de dentro do percurso, onde normalmente fazemos a tangente. Tive que tirar força dos longos treinos que estava realizando na altitude para me superar no final e conseguir a vitória", complementa Solonei, que achou o novo percurso complicado, devido às inúmeras e fechadas curvas.
O percurso renovado, embora mais atrativo aos olhos, uma vez que mostra melhor a cara da cidade, não ficou mais fácil quanto o esperado, principalmente devido aos inúmeros retornos, que, segundo os atletas, tornaram a prova mais desafiadora e truncada. "Para nós que corremos lá na frente para rendimento, é muito pior, porque temos que desacelerar bruscamente para fazer o retorno, sem contar que podemos torcer o tornozelo ou joelho", conta Solonei, que até o final do fechamento desta edição não tinha definido a maratona que faria em busca de uma vaga para o Mundial ou os Jogos Pan-americanos. "O mais importante aqui é saber que estou apto a correr forte em qualquer percurso, pois o da Meia de São Paulo é o mais desafiador entre todos os que competi."
Na prova feminina, a paranaense Joziane Cardoso, em excelente fase, não deixou para decidir a prova no final. A atleta manteve o favoritismo e faturou o bicampeonato da competição. "Eu, a queniana e a Sueli passamos juntas no km 10 num ritmo não muito forte. Depois disso demos uma apertada e no 15 consegui me desgarrar e fui abrindo", diz Joziane, que também achou o percurso uma pouco mais pesado que o anterior devido às constantes curvas.
Não foi só a elite que achou que a alteração do percurso tornou a prova mais difícil. O corredor Teodoro de Jesus, na sua terceira participação na Meia de São Paulo, encontrou dificuldades no trajeto. "Achei bem quebrado e com mais subidas até. É difícil fazer tempo. Já corri para 1h42 aqui, mas esse zique-zague me quebrou", contou o atleta, que finalizou em 1h49.
Apesar da dificuldade maior do percurso repleto de retornos, numa coisa os atletas foram unânimes: a prova ficou mais agradável. E ninguém melhor para falar disso do que o bicampeão da São Silvestre, José João da Silva, que sempre faz questão de prestigiar essa meia paulista da forma mais tradicional, ou seja, correndo. "Foi muito bom. Apreciei demais o percurso, principalmente quando entra na parte velha da cidade", elogiou o ex-atleta e atualmente organizador de corridas, que finalizou a meia em 1h39.
Quem veio de fora da cidade também apreciou bastante o trajeto. O carioca Luiz Antonio Guerreiro desembarcou na capital paulista exclusivamente para correr a meia como parte de preparação para a Maratona de Paris, que acontece no dia 12 deste mês. "Gostei muito da prova e do percurso, por passar em vários pontos turísticos. Eu não conhecia São Paulo, então foi tudo muito legal, comentou o corredor, que terminou em 1h59, mesmo tempo que pretende passar os 21 km em Paris. "Não fiz a prova para tempo; queria mais era manter o ritmo médio para tentar correr sub 4 horas em Paris."
Deyvid Figueiredo veio de bem mais longe para participar da Meia de São Paulo. "Viemos em 10 pessoas de Maceió, para conhecer a cidade e aproveitar para correr. Gostei bastante da prova, mas com certeza é a mais difícil que já fiz. Completei em 1h45 e todos os meus alunos terminaram dentro do previsto."

Fernanda Paradizo

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