Notícias admin 15 de junho de 2018 (0) (163)

Meia da Mizuno é grande sucesso, apesar dos “pipocas”

No total foram oficialmente 6.385 concluintes na Mizuno Half Marathon, dia 14 de junho na cidade de São Paulo, sendo 4.759 na competição individual de 21 km e 1.626 nas duplas. Mas o número de "pipocas" foi tão expressivo, que é provável que o evento tenha tido por volta de 8 mil participantes.
A praga dos corredores não inscritos vem se alastrando nas provas brasileiras, causando transtornos na largada, afetando o abastecimento no percurso e novamente confusão na chegada, ao darem um jeito de receber medalha e lanche. Sem contar que utilizarão o serviço médico de plantão, se passarem mal na corrida.
A justificativa de alguns é o alto preço das inscrições (o que não deixa de ser verdade), a falta de tempo para se inscrever e ir pegar o kit, ou preguiça mesmo. No caso da prova da Mizuno parece que está surgindo um tipo novo de "bandido", como são chamados os que não se inscrevem nos Estados Unidos. Trata-se do kit "compartilhado", em que uma pessoa usa o chip, outra a camiseta oficial do evento e um terceiro o número de peito. Isso acontece especialmente entre corredores da mesma equipe ou amigos de treinos e/ou de trabalho. Na Meia da Mizuno chamou a atenção o número de participantes sem número, mas com a camiseta da prova.
Com esse inchaço tão expressivo e não imaginado pela organização (a cargo da CCM), a ida para as baias de largada aconteceu de forma bastante lenta, com o agravante que haveria necessidade de todos (ou quase) passassem pela frente do pórtico de largada, para que fosse autorizada a saída. Prevista para às 7h10, a prova só começou às 7h30, mas fluiu muito bem desde o começo, em função da maioria ter se posicionado de acordo com o tempo de previsão, como deve ser entre pessoas racionais.

ABASTECIMENTO. No percurso não houve problemas de abastecimento, porque estava até exagerado, tanto em água como em Gatorade, além de um posto de gel de carboidrato e outro de esponja, que a revista considera uma grande bobagem. Não se sabe porque, mas as normas da AIMS (entidade Internacional que cuida de maratonas e corridas de rua) recomenda esse oferecimento, que tem pouquíssima adesão. Lá fora por razões óbvias, já que as baixas temperaturas não estimulam ninguém a molhar a cabeça com água vinda da esponja molhada; e no Brasil já se tem o hábito de jogar o restinho da água do copo na cabeça, quando está muito quente. O resultado é que as esponjas só atrapalham, já que são deixadas pelo chão, podendo acarretar tombos.
Na chegada a organização resolveu inovar quanto às medalhas, que eram entregues pelos staffs de maneira informal, não conseguindo fazer a prevista troca de senha (presa ao número) pela medalha, tal o volume de gente que passava. Além do que, muitos exigiam o brinde, mesmo sem número, dizendo que tinham perdido, indicando que estavam com a camiseta ou com o chip no pé. E o resultado foi que faltaram medalhas para os mais lentos, apesar da organização ter encomendado 10% a mais do que o número de inscritos.
Em muitas grandes provas estrangeiras, até por questão de segurança (depois da bomba em Boston), os inscritos recebem uma pulseira, quando da retirada do kit, e devem necessariamente ficar com ela, caso contrário não tem acesso à área de largada e muito menos a entrar nas baias de espera para a saída. Uma ideia para tentar desestimular os pipocas…

PERCURSO INÉDITO. Pela primeira vez, uma meia-maratona foi inteiramente corrida na marginal do rio Pinheiros na capital paulista. Ou seja, por um percurso absolutamente plano e constituído de duas grandes retas, fatores que com certeza devem ter estimulado muitos corredores a buscar (e conseguir) seu recorde pessoal nos 21 km. Também colaborou o clima de junho em São Paulo, e a largada logo cedo, com temperaturas bem amenas. E até a sombra dos altos prédios da marginal ajudaram…
A premiação oferecida era baixa e não atraiu o interesse de atletas de elite, a não ser alguns patrocinados pela marca. Os vencedores foram africanos que fazem temporada no Brasil, contratados pela organização para correr com a camiseta da Mizuno, o que, na opinião da revista, pouco acrescenta para o evento.
A maioria dos inscritos completou a meia maratona individualmente, sendo 3.636 homens e 1.123 mulheres. Mas havia também a possibilidade de fazer 10,5 km e os tempos somados com o respectivo parceiro, mas sem necessidade de correrem juntos. Foi um formato diferente de algo já praticado por outras provas. No total, 221 "duplas" femininas, 266 masculinas e 325 mistas. Resultados completos podem ser acessados em www.mizunohalfmarathon.com.br

KIT E FEIRA. A entrega dos kits aconteceu em um salão de prédio comercial na própria marginal de Pinheiros. Lá chegando os participantes retiravam rapidamente sua sacola, que continha camiseta, viseira, vaselina, gel, número, chip descartável, alfinetes, mas também presilhas para prender o número na camiseta, opção interessante, para não se furar a roupa.
Lanche estava disponível à vontade aos corredores, que puderam acompanhar algumas palestras, nem todas muito interessantes, por terem pouco a ver com a corrida (o ex-jogador Beletti foi um dos que lá esteve falando de sua vida profissional) ou por abordarem temas já muito batidos (nutrição) e nada acrescentarem. Geralmente, não mais que 30 pessoas na plateia.
Mas nem tudo foi perfeito. Muita gente reclamou de ter que pagar R$ 18 pelo estacionamento (era livre até 10 minutos…), equivalente a 20% do valor da inscrição!

Marcadores de ritmo
A revista já abordou o tema, com comentários deste editor, tendo por base o que vê nas corridas que participa. Assim foi em relação aos marcadores levando absolutamente ninguém junto com eles em meias da Asics e da própria Mizuno, e recentemente até na Maratona de Berlim, quando um "coelho" das 4h30 foi por mim alcançado e superado, continuando a correr sozinho.
Até como marcador de ritmo passei pela experiência de me sentir inútil. Foi na Maratona de Punta del Este 2008, em que me propus a servir a quem quisesse completar sub 4h. Até larguei com alguns acompanhantes, mas a partir da segunda metade estava só eu e um assinante da CR, que foi comigo até o final, por solidariedade.
Pelo seu espírito de ser uma prova perfeita e oferecer condições para marcas rápidas aos participantes, a Mizuno Half Marathon mais uma vez disponibilizou marcadores, para os tempos de 1h30, 1h40, 1h50, 2h00 e 2h10. Como eu estava querendo completar em 2h00, procurei o coelho respectivo e foi quando descobri não o próprio, mas a razão para o insucesso da iniciativa, já que pouco antes tinha cruzado com os dois marcadores de 1h40, absolutamente desacompanhados. (Curiosamente, na foto eles parecem ser seguidos, mas ela foi tirada logo após a largada.)
Que sentido tinha eu correr com o marcador de 2h00 se não tinha largado na mesma hora que ele? Com os resultados por tempo líquido (considerados a partir da passagem pelo tapete de chip), cada pessoa leva em conta o que vai indicando seu relógio, que dificilmente será o mesmo dos corredores ao lado.
Ou seja, com o advento do chip, os marcadores podem cumprir sua função apenas para os que estiverem ao seu lado na largada, o que numa prova gigante é praticamente inviável para a maioria dos interessados nessa ajuda, que por sinal não é uma unanimidade.
Seguir um marcador (desde que se largue com ele ou se pergunte, no percurso, o que indica seu relógio naquele momento) pode ser ótimo para a obtenção da meta que se tem em vista, mas também ruim, ao segui-lo sem estar em reais condições e quebrar antes do final, ou ao fazer uma prova conservadora, deixando de obter um recorde pessoal no dia.

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