Medalhas trazem uma história embutida. Merecem melhor atenção

Ganhei um porta-medalhas de presente de Natal da Mari. Com as viagens e a correria das férias da criançada em janeiro, não tinha ainda “instalado” o equipamento na parede. Aproveitei a segunda-feira de Carnaval. Confesso que minhas medalhas estavam jogadas no fundo da gaveta, sem um mínimo de respeito. Não deveriam. Cada uma traz uma história embutida. Mereciam (e merecem) mais atenção.

Olhando todas, relembrei de algumas corridas, inclusive minha estreia oficial, no dia 15 de junho de 2008, na Track&Field Galleria Shopping, em Campinas. Não lembro exatamente o tempo, sei que foi mais de uma hora e que sofri demais com as subidas e o forte calor. Como foi difícil. Tenho dúvidas se 1h02 ou 1h07 (confundo com minha primeira meia-maratona, das Pontes, em São Paulo, que foi 2h02 ou 2h07). Acho, sinceramente, que foi 1h07 nos 10 km e 2h02 nos 21 km. Caramba, como evoluí nesse período. Essa foi a primeira constatação da arrumação das medalhas.

A segunda foi perceber como cada uma das medalhas (não contei o total) marca um momento. Claro que algumas são mais especiais e ganharam destaque na arrumação do porta-medalhas. Como as quatro maratonas que corri (São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Punta del Este), as quatro São Silvestres, diversas meias-maratonas…

Agora, no lado negativo, constatei um fator preocupante (e que me levou a escrever esse texto): em muitas medalhas, há o ano da prova e, em outras, a data completa (dia/mês/ano). Excelente. Todas deveriam ser assim. Porém, em um número grande também, não há qualquer referência. Tem a marcação da prova, a edição, nome, cidade, distância, mas não quando foi realizada. Uma pena. Para chegar aos dados completos, é necessária uma pesquisa na internet. Não deveria ser assim.

As medalhas fazem parte da vida do corredor. Claro, tem gente que não liga. Alguns, nem as pegam após completar uma prova depois de um certo tempo. Mas, confesso, ao tirá-las da gaveta e pendurá-las, senti muito orgulho. Ainda mais quando a Vitória falou: “Nossa, papai, não sabia que tinha tantas”. Respondi, todo “cheio”: “Nem eu, filha. Todas essas provas eu corri com um detalhe especial: completei todas que larguei até hoje!”.

Ah, uma terceira constatação. Organizadores de provas, principalmente numa maratona com outras distâncias incluídas, por favor, façam a medalha dos 42 km diferente. Sem desrespeitar quem completa os 10 km no dia da maratona, mas chegar ao final dos 42 km é algo especial, que deve ser destacado.

A polêmica resultante do fato de a São Silvestre de 2010 ter a medalha dentro do saco com o kit de participação (e não após completar os 15 km) comprovou que as medalhas não são um artigo supérfluo como muitos tratam e pensam. Se as suas estiverem “escondidas”, dê uma olhada nelas, garanto que irá se lembrar de histórias guardadas na memória, esquecidas, detalhes gostosos e que fazem parte de nossa vida de corredor. Dê a atenção que elas merecem.

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