Medalha de ouro nos 3.000 m com obstáculos e prata nos 5.000 m nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, o paulista Altobeli Santos da Silva (Pinheiros), de 29 anos, passa a quarentena imposta pela pandemia da COVID-19 em Catanduva, no Interior de São Paulo, cidade em que nasceu. Faz treinos em estrada de terra e corre perto de casa bem cedo para evitar contatos.
“As corridas na cidade são curtas, para manter o condicionamento físico”, disse o finalista dos Jogos do Rio-2016, que busca o índice olímpico dos 3.000 m com obstáculos (8:22.00). “Todo o treinamento tem como meta a qualificação para Tóquio”, acrescentou.
Altobeli passa por um momento inédito. “Pela primeira vez em 11 anos de carreira, fico tanto tempo sem competir em pistas e em corridas de rua. As provas são muito importantes para os atletas, como parâmetros de avaliação e para ganho de ritmo”, lembrou o atleta, 18º colocado no Ranking Olímpico da World Athletics (ex-IAAF) em 2019, com o tempo de 8:25.34, obtido no Mundial de Doha-2019, no Catar. Com a mesma marca também é o líder do Ranking Brasileiro e Sul-Americano.
Altobeli – o nome é homenagem do seu pai ao jogador italiano Alessandro Altobelli, um dos atacantes da seleção na Copa de 1982 – começou no atletismo aos 18 anos. Quando distribuía folhetos de ofertas de um supermercado em Catanduva, viu um cartaz sobre uma prova de rua que daria uma moto ao vencedor. Não ganhou a corrida, mas descobriu o esporte.
O técnico Clodoaldo Lopes do Carmo disse que a preparação de Altobeli segue em um ritmo tranquilo. “Está treinando um período só por dia em Catanduva, fazendo manutenção. Antes da pandemia, treinava duas vezes por dia de segunda a sexta-feira e um período no sábado”, contou o treinador, atleta olímpico também dos 3.000 m com obstáculos, em Barcelona-1992 e Atlanta-1996. “A World Athletics só reconhecerá novos índices olímpicos a partir de 1º de dezembro. Temos um período longo pela frente. Vamos traçar novas estratégias, depois que tivermos o novo calendário em mãos”, disse Clodoaldo.
Foto: Altobeli Santos da Silva no Sul-Americano de Lima (Wagner Carmo/CBAt)