A equipe masculina do revezamento 4×100 m conquistou a sua primeira medalha olímpica nos Jogos de Atlanta-1996. Arnaldo de Oliveira, Robson Caetano, Edson Luciano Ribeiro e André Domingos, pela ordem, completaram a prova em 38.41, estabelecendo novo recorde sul-americano e garantindo a inédita medalha de bronze, há exatos 24 anos, comemorados nesta segunda-feira (dia 3).
O quarteto brasileiro comemorou muito o resultado e os atletas deram a volta olímpica enrolados na bandeira brasileira no Centennial Olympic Stadium, nome dado em razão do centenário dos Jogos da Era Moderna. Foi a única medalha brasileira do atletismo, alcançada no último dia da competição.
Antes de Atlanta, o revezamento 4×100 m já havia sido finalista em Moscou-1980, com Katsuhico Nakaya, Milton Costa de Castro, Nelson Rocha dos Santos e Altevir Araújo, e em Los Angeles-1984, novamente com Nakaya e Nelson, além de Arnaldo de Oliveira e Paulo Roberto Correia – nas duas vezes ficou na oitava colocação.
Para Arnaldo de Oliveira, remanescente da equipe de Los Angeles, a conquista de Atlanta tem um significado enorme na sua vida. “Foi a minha medalha, minha única medalha. Tudo o que tenho hoje é graças a essa conquista. Trabalhei muito por 16 anos para chegar lá, com muita determinação, treinando no sol, no frio, na chuva e foi a recompensa de todo o esforço e de acreditar no meu potencial”, disse o ex-atleta, treinador e coordenador do projeto Futuro Olímpico, no Rio de Janeiro.
Ele lembra da importância particular da medalha para a equipe. “O grupo do atletismo tinha 41 atletas e chegamos ao último dia sem nenhuma conquista. Nós ganhamos aos 45 minutos do segundo tempo. Tenho gratidão por todos que me ajudaram, começando pela minha família”, completou Arnaldo, que tinha 32 anos em Atlanta.
Robson Caetano era o outro experiente do grupo e já medalhista. Ele havia obtido o bronze nos 200 m da Olimpíada de Seul-1988, a única em prova de velocidade do Brasil. Aos 31 anos, conquistou a segunda medalha, abrindo mão de fechar a prova. “Foi importante deixar de lado picuinhas de correr por último, até porque a experiência no miolo é de suma responsabilidade, e estar com um irmão de tantos anos como o Arnaldo passando o bastão para mim foi um combustível extra.Tínhamos muita qualidade, além da juventude nas pernas do André e do Edson.”
O ex-velocista carioca, que no dia 22 de julho completou 32 anos como recordista brasileiro e sul-americano dos 100 m, com 10.00, lembra da importância da conquista. “Hoje, 24 anos depois desta medalha, vejo o que é fazer tanto com tão pouco, foi importante amadurecer e reconhecer que quando se trata de Brasil precisamos dar as mãos e esquecer regionalismos”, disse Robson, sócio-diretor da empresa R&C Da Silva Produções e Eventos Esportivos Artísticos.
Edson Luciano, que ao lado de André Domingos, acabou sendo também medalhista de prata no revezamento 4×100 m em Sydney-2000, mostrou afeto especial pela conquista de Atlanta. “A medalha foi muito especial. Foi conquistada na minha primeira olimpíada. Foi especial também porque era o centenário dos Jogos Olímpicos. Atlanta foi mais emocionante do que em Sydney, onde ganhamos a prata, mas não foi novidade. Já conhecia o ritual de premiação”, afirmou o paranaense de Bandeirantes.
“Em Atlanta senti mais frio na barriga e a alegria foi imensa. Entrei sete vezes na pista. Uma nos 100 m, duas nos 200 m e quatro no 4×100 m”, completou o ex-velocista, que tinha 24 anos em Atlanta, e hoje tem um projeto social em São Joaquim da Barra (que revelou o barreirista Alison Santos) e uma empresa de organização de eventos esportivos.
Já André Domingos, que fechou a prova, comenta a importância da medalha para o futuro. “Atlanta abriu o caminho para outras medalhas, como a prata em Sydney-2000 e em Campeonatos Mundiais, prata em Paris-2003 e bronze em Sevilha-1999. Foi maravilhoso”, disse. “Chegamos lá como patinhos feios e no último dia da competição ganhamos a medalha do atletismo. Canadá, com Donovan Bailey, que havia conquistado ouro nos 100 m, foi o campeão, e os Estados Unidos, os grandes favoritos, ficaram com a prata. Comemos pelas beiradas, batemos nossos recordes na semifinal e final”, concluiu o paulista, que na época tinha 24 anos e, assim como Edson e Arnaldo, integra o Programa Caixa Heróis do Atletismo, da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).
Os quatro ex-velocistas dão palestras, em que contam a história de superação de cada um e como o esporte foi uma ferramenta importante de transformação de suas vidas.
Foto: André Domingos comemora medalha (Foto: Acervo COB)