Quando escrevo sobre a festa que é a Maratona de Boston, procuro traduzir a realidade da prova. Para mim, a mais alegre pela forma como o público recepciona os corredores antes, durante e após o evento. Fato que foi manchado neste ano pelos ataques. Boston não foi Boston depois das 14h50 da última segunda-feira. A alegria só começou a voltar na noite de sexta e podia ser vista durante o dia de sábado.
Durante toda a semana, o que mais ouvi nos bares, nos parques ou pelas ruas mesmo das pessoas da região, não só de Boston, mas das outras cidades cortadas pelos 42 km, foi: “Me desculpe pelo que passou”. “Desculpe por não proporcionar a festa que vocês mereciam”. “Mas, por favor, volte em 2014, faremos ainda melhor. Vamos gritar, aplaudir e vibrar ainda mais, como nunca fizemos. Será inesquecível, pode aguardar”. E assim por diante. Muitas dessas pessoas, roucas ainda da segunda-feira, pré-bombas.
No olhar dessa gente que valoriza demais essa tradição de 117 anos, podia ser visto um misto de tristeza e surpresa. De não acreditarem no que aconteceu. Mas, ao mesmo tempo, de vontade de dar a volta por cima, de provar que são fortes e que Boston seguirá sendo Boston. Essas pessoas foram feridas (no local onde as bombas explodiram, ficam mais concentrados os moradores da região), tanto fisicamente quanto no orgulho. E que aguardam ansiosamente o dia 21 de abril de 2014, para a 118ª edição, festiva como sempre foi (e deve ser).