Notícias André Savazoni 26 de maio de 2020 (0) (92)

Maratonistas buscam a tranquilidade para treinar de olho em Tóquio-2021

O Brasil tem dois maratonistas qualificados para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que foram adiados para 2021. O fluminense Daniel Chaves (IICB-RJ) e o paulista Paulo Roberto de Almeida Paula (São Paulo/Kiatleta-SP), em foto de Fernanda Paradizo (no alto), conseguiram o tempo mínimo de 2:11:30, exigido pela World Athletics e referendado pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

As competições do mundo foram adiadas ou simplesmente canceladas após a declaração de pandemia de COVID-19, feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março. Daniel e Paulo Roberto que pensavam em competir mais uma vez antes dos Jogos Olímpicos, inicialmente previstos para julho e agosto de 2020, não puderam tentar melhorar suas marcas por falta de corridas.

Daniel, de 31 anos, conseguiu o índice na Maratona de Londres (GBR), em 2019, quando completou os 42,195 km em 2:11:10, ficando em 15º lugar. Já Paulo Roberto, de 40 anos, foi o 24º na Maratona de Sevilha (ESP), em fevereiro deste ano, com 2:10:08, o melhor tempo da carreira. Com isso, qualificou-se para a terceira Olimpíada seguida, já que competiu em Londres-2012 e Rio-2016.

Sem provas definidas para o final de 2020 e antes dos Jogos Olímpicos em 2021, os dois estão tentando treinar da melhor maneira possível em tempos de quarentena.

Paulo Roberto, que mora e treina na cidade de Moita, em Portugal, voltou ao Brasil no dia 24 de abril. Cumpriu os 14 dias recomendados de isolamento e reiniciou a preparação em Dracena, cidade a 20 km de Irapuru (SP), onde está morando. “Estamos no começo, sem intensidade, fazendo 10 km em apenas um período por dia”, disse o maratonista, oitavo colocado em Londres-2012 e sétimo no Mundial de Atletismo de Moscou-2013.

Em Dracena, que fica a cerca de 650 km da capital paulista, ele é ajudado pelo irmão gêmeo Luís Fernando, que é seu treinador. Além das orientações, Luís também puxa o treino do irmão de bicicleta. “Tomamos todos os cuidados, como máscaras, higienização e corridas sem aglomeração. Ele faz também fortalecimento muscular porque perdeu peso parado em Portugal e depois na quarentena obrigatória no Brasil. Ele tem recebido estímulos para poder voltar a treinar normal, sem riscos de lesão”, disse Luís Fernando, que dirige a Gêmeos Runners, assessoria de corredores.

Atleta também da equipe Run Tejo, Paulo Roberto participa normalmente de várias competições em Portugal e na Europa. Acostumado a usar máscara nos treinos no inverno, adaptou-se bem à novidade no verão paulista. “Vamos ter de conviver ainda mais um tempo com a ameaça da COVID-19 e por isso temos de tomar preocupações. Não é nada de outro mundo correr com máscara”, afirmou o atleta, que teve apoio da CBAt para voltar ao Brasil.

Já Daniel Chaves está treinando em uma área rural de Brasília, também com os cuidados exigidos pela pandemia. “Fizemos 30 dias de período de transição, quando foi anunciado o adiamento dos Jogos de Tóquio. Retomamos com trabalhos de reforço muscular e algumas corridas em estradas de terra”, lembrou o técnico Jorge Luís da Silva. “Estamos tendo essa facilidade por causa do local isolado em que Daniel mora, roça mesmo.”

O atleta nascido em Petrópolis (RJ), que morou dois anos em um centro de treinamento na Holanda, corre com máscara em alguns momentos e, às vezes, abaixa para respirar, contou o treinador. “Ele está voltando aos poucos, correndo entre 8 e 15 km por dia.”

Daniel é recordista brasileiro na categoria sub-23 dos 10.000 m, com 28:49.42, obtido em 2009, no Rio de Janeiro.

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