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Notícias André Savazoni 30 de outubro de 2012 (12) (107)

Maratona não é ciência exata. Você deve encontrar a sua equação e ter sorte também

As redes sociais dão asas para algumas discussões acaloradas e, muitas vezes, ninguém dá aquela respirada para raciocinar melhor. Depois que Patrick Makau venceu em Frankfurt com “fracos” 2:06:08, vieram as críticas por não ter batido o recorde mundial. Não é bem assim Primeiro, porque maratona não é ciência exata e, depois, o dia pesa, é decisivo. Para mim, para você e para o Makau.

A começar pelas formas de treinar. Existem diferentes linhas de preparação para os 42 km. A experiência do corredor também conta. Saber especialmente como o corpo se comporta após o km 32. Nada de certo ou errado. É fundamental ir testando até encontrar a sua equação e o que é melhor para você. Além disso, contar com um pouco de sorte no dia também, pois um vento contra, um calor acima do normal ou um frio intenso, podem acabar antes mesmo da largada com o plano A que foi elaborado por meses.

Para Buenos Aires, por exemplo, quando fiz meu primeiro sub 3h, não corri nenhum longão em ritmo de prova. Todos foram bem abaixo dos 4:15 que fechei a maratona argentina – na média, a 4:30/4:35. Mas os tiros, os treinos de qualidade, exigiram demais. Uma forma de treinar. Para outros, funciona completamente diferente.

Voltando ao Makau. Ele se disse preparado antes da prova para buscar a marca. Chegou no dia e seu corpo não se comportou como ele queria. Faz parte. Apesar de parecerem ETs, lembre, os quenianos são humanos também. Passíveis de falhas. Ele estava machucado? Jogou para a torcida? Isso nunca saberemos. Ele pode tentar, agora, cobrar que bata o recorde mundial toda vez que for para uma maratona, aí, já é um pouco demais.

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12 Comments on “Maratona não é ciência exata. Você deve encontrar a sua equação e ter sorte também

  1. Cara, eu acredito muito na linha de treino que vc seguiu. Os meus longos também não costumam ser em ritmo de prova. Para se conseguir um recorde pessoal nos 42 é preciso planejar muito, contar com sorte em relação a clima, escolher a prova correta, não falhar em questões básicas, como alimentação e descanso, ou seja, é preciso experiência. É um grande conjunto de variáveis que precisam se encaixar num único dia.

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    Por exemplo, Felipe, quando cheguei a Boston, em abril, em termos técnicos e físicos, estava muito melhor do que em Porto Alegre (sem comparações, já que foram 40 dias de intervalo) e em Buenos Aires. Mas o calor acabou com minha maratona antes de largar! Faz parte, o que precisamos é ter cabeça para saber que, muitas vezes, o problema sai de nossas mãos, que não podemos fazer nada, rs. E curtir a prova.

    Abraço
    André

  2. Olá André, concordo plenamente com vc. Na maratona nem sempre 1 + 1 são 2. O combinado com os coelhos era que passariam a meia maratona em 1:01:40, mas veja pelas parciais que ele já começou com ritmo mais alto, o que significa que realmente não estava em um bom dia, embora tenha feito um excelente tempo! http://live.bmw-frankfurt-marathon.com/2012/?pid=leader

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    Exatamente Nelson.

    Abraço
    André

  3. Isso também acontece comigo André. Por fazer os longos nos mesmos lugares, o ritmo acaba subindo. Por conhecer o caminho, tu sabe que tem que guardar fôlego porque no km x tem uma subida que judia. E também o fato de não estar disputando, não ter ninguém na frente pra buscar também ajuda na subida do ritmo. Já na prova, a coisa muda de figura.

    Agora, o cara faz 2:06, tu vai falar o quê? Tem que aplaudir, se algum dia chegar na tua marca (sub 3), ninguém mais me aguenta, imagina uma marca próxima de 2 horas.

  4. Com relação aos “tempos fracos” obtidos mundo a fora desde pouco antes da olimpiadas o que me preocupa é a possibilidade dos atletas estarem correndo “limpos” nestas maratonas recentes. Ai vamos para outro ponto a ser refletido…

  5. OLá amigo, uma coisa também que estavamos conversando a semana passada, que somos amadores com muita vontade de nos superar, e não podemos nos cobrar tanto, pois existe vida fora das corridas, como um final de semana com a Familia não tem preço. E sempre quando estamos mais relaxados e não tão encucados com a performance, tudo sai perfeito (pelo menos no meu caso). abraços

  6. A Contra Relógio tem notícias sobre a maratona de Nova York, se de fato vai ocorrer? Mesmo com os transtornos que andam ocorrendo por lá? deve ter muita gente com problemas para viajar para lá ou mesmo para sair da cidade.

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    Vítor, tudo confirmado até hoje. Mas tem de ficar acompanhando as informações diariamente.

    Abraço
    André

  7. Andre, não discordo da possibilidade de não ter sido um bom dia para o Makau. Porém a prova foi desenhada pra que ele quebrasse o recorde (coelhos servem pra isso, certo?), o clima estava perfeito, e o que se viu desde o 1º km da prova foi uma postura conservadora em relação ao recorde. Daí a frustração… Makau claramente correu pra vencer uma prova com um Field que não teria chance contra ele, mas desapontou seus fãs na medida em que poderia ter feito muito melhor que isso, principalmente sendo o atual recordista mundial. Não julgo se certo ou errado, mas como fã do esporte, eu fico mais feliz em ver um atleta (de qualquer nível que seja), correr pra superar os seus limites. Makau correu apenas pra vencer – de novo, sem julgamentos.

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    Frotinha, tudo que falou, é verdade, porém, não podemos esquecer de um ponto: o Makau pode simplesmente não ter conseguido correr como queria, não se acomodado com a vitória, mas não ter tido resposta do corpo para baixar o tempo ou terminar com um 2h04, por exemplo.

    Abraço
    André

  8. “Nada de certo ou errado. É fundamental ir testando até encontrar a sua equação e o que é melhor para você.”

    Perfeito!

  9. Minha opinião.
    Não só a Maratona como todas as outras distâncias abaixo desta e acima desta também, não fazem parte das Ciências Exatas. Afirmo que o fator ” total controle psicológico” é preponderante para se colocar em prática tudo que se treinou dentro das condições normais de temperatura e pressão.

    Você citou a Maratona e você conseguiu, recentemente, um Sub 3h.
    Alguém imagina o que é passar 3h correndo, no mínimo, Contra-Relógio?
    Alguém imagina o que é ter que dizer: “- Não vou mudar meu plano de voo!” para o seu psico quando tem um pseudo-coelho perto de você, jogando a isca da competitividade e tentando te “quebrar” de qualquer jeito?
    Entre outras pressões durante a prova.

    Se já entrou Psicologia no meio, não é mais uma “Exata”. Essa coisa não-palpável, que independe de marca de tênis, de kilômetros de rodagem, de séries de musculação, de sabores de gel etc, a gente tenta aprender a controlar, pelo menos eu, de forma gradativa. É foco, é atenção, é foco, é atenção desde a largada até a chegada.

    Cada distância é uma estória. E várias outras estórias dentre as mesmas distãncias, mas de circuitos diferentes.

    André, nesta minha última Meia, reconheço que eu “quebrei” no km18 (cãibra) porque eu perdi o foco (controle mental) a partir dos km10~11. Senti-me bem, não soube dizer “não”, mudei meu plano de vôo de última hora, “sentei a bota” e quebrei.

  10. Ele disse numa entrevista que sentiu frio, que não estava confortável com a temperatura. O cara ganhou a prova, isso que importa. Recorde mundial são outros 500.

  11. Não sou muito consistente em julgar ou opinar sobre as possibilidades e comportamento do primeiro time, a elite de uma maratona. Ultimamente evito fazer esse tipo de previsão, acho que é como dar tiros no escuro.
    Muito recentemente, na Maratona de Berlim, assistimos juntamente com um batalhão de fãs dos 42.195 o “pastelão” com os quenianos “atores” 1º Geoffrey Mutai – 2h04min15 e o coadjuvante que chegou na segunda colocação Dennis Kimetto – 2h04min16.
    Chato pra caramba… foi muito chato… quando todos esperávamos o ranger de dentes, o desmanchar em suor e lágrimas até cruzarem a meta final…. o que seria comum numa decisão por um segundo…. Mas, acreditem, não foi nada disso o que vimos… Assistimos frustrados os compadres quenianos se respeitando, ou seja, ficou muito claro o veterano Mutai dizendo… Espere menino… mais um ou dois anos…. depois você ganha!…. estava escrito na cara deles quando faltava pouco mais de 100m para a chegada… parece que gritavam … COMBINAMOS TUDO!
    Diante disso e de outras inimagináveis equações “ELITISTAS” que eu prefiro, o bate papo sobre o combate e disputa dos corredores comuns, aqueles que fazem parte do reino pós 2h30… 3 horas… Porque a segurança de serem limpos em todos os sentidos e sem artimanhas faz da história de cada um deles… um corredor comum… como eu e você… um campeão, no melhor sentido de se completar a prova ou buscar o recorde pessoal… com as lágrimas benzendo o sorriso. É assim que penso, mas, admiro o Marilson, Bi-campeão de NY City… que aprendeu a correr essa dura maratona e dá aulas agora em busca da terceira vitória. Marilson é um daqueles caras que brilham e fazem o espetáculo MARATONA valer a pena. Com certeza, ele que foi o 5 lugar em Berlim… usará como sempre faz sua perspicácia e inteligência. Marilson é estratégico e sagaz … parte na hora exata… assiste a prova e reage após os 35k… a hora da onça beber água. Equaçoes… na verdade acontecem somente no segundo após o tiro de largada… e termina no segundo após a chegada. Estarei lá… logo após darei o resultado da minha equação!

  12. Oi André,
    O meu comentario outro dia foi na linha do Frotinha. E já sendo “corneta” o cara bateu no peito, a prova foi feita pra ele, o clima estava bom e o tempo dele, o recordista mundial, não foi nem sub 2h06… rsrs Até um outro queniano “mais fraco” fez um tempo melhor que este em Amsterdam.
    Ele correu pra ganhar, não acho isso errado. Não vou julgar, mas não me parece que ele tenha realmente se esforçado para o recorde. A impressão foi que ele sentiu que não era o dia para o recorde e administrou. Certo ou errado não sei, mas prefiro ver uma corrida contra os outros e contra o relógio, como foi o ano passdo em Berlim ou este ano em Amsterdam. O cara que ganhou fez recorde do percurso e PR, literalmente deu o máximo de si, que acho que deve ser a essência da corrida.
    Tudo isso de um cara que nunca correu uma maratona, então tem que dar um desconto. Abraços!

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    Alex, tudo o que você comentou, pode ter ocorrido, porém, já pensou na possibilidade que ele não conseguiu correr mais rápido, que fez que dava para conseguir no dia? Acredito que exigir que batam recordes e baixem tempos (com ou sem recorde mundial) em toda prova, é uma cobrança demais. Em todas as entrevistas, logo após concluir os 42 km e depois, de cabeça mais fresca, ele disse que o corpo não respondeu como queria, que não conseguiu correr como queria, que o frio forte foi um dos adversários…

    Abraço
    André

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