Naturalmente que se você é um iniciante nas corridas, não fazendo mais do que 10 km – e olhe lá – então será necessária uma preparação bem estruturada e por alguns meses para estar em condições de enfrentar uma maratona.
Mas se já correu ou está em vias de fazer uma meia, ou distância similar, saiba que o caminho é bem mais fácil e curto para ter o prazer de virar um maratonista. O segredo é um progressivo aumento de quilometragem nas semanas entre a meia e a maratona, sem muita preocupação com o ritmo, e um bom descanso nos dias que antecedem a prova.
Estamos falando de um planejamento para corredores medianos, que correm em ritmo entre 5 e 6min30 por km e que são a maioria em nossas provas de média e longa distância. E que têm condições de fechar os 42 km entre 3h45 e 4h45, ou mesmo um pouco mais, importando aqui o fato de se conseguir completar os 42 km sem sofrimento e obviamente com a sensação de vitória que todos temos ao cruzar a linha final de uma maratona, e que nada se compara ao que se sente nas provas de menor distância.
A idéia para esta matéria surgiu pela situação que teremos neste e nos próximos meses, extremamente favorável à proposta aqui fundamentada. Ou seja, muitas meias ou semelhantes em várias partes do país, e a realização de três maratonas: dia 20 de abril em Florianópolis, dia 25 de maio em Porto Alegre e dia 1º de junho em São Paulo. E quem quiser ir com mais vagar existe ainda a opção da Maratona do Rio em 29 de junho. Vamos então aos fatos:
O treinamento: São 5 e 4 fins de semana para se fazer longos. No primeiro caso, no domingo seguinte às provas de referência, treino de 20 km, no outro 25, depois 30 e 35, voltando a 20 km no domingo anterior à maratona. No segundo caso o tempo é mais curto, sem possibilidade de uma preparação tão boa. Durante a semana pelo menos dois treinos de 15 km, sendo que na semana da prova trotes leves (terça e quinta) de 1 hora. Para os que tiverem dificuldade de avaliar a distância percorrida, pode-se considerar o tempo, ou seja, em vez de 20 km, em torno de 2 horas, depois aproximadamente 2h30 etc.
Longos 1: 20/25/30/35/20/42 km
Longos 2: 20/26/32/20/42 km
O treinamento: Nesta situação, a preparação fica ainda mais tranqüila, pelo maior intervalo entre as provas, com possibilidade de 6 e 7 longos, respectivamente para a prova gaúcha e para a paulista. Dessa forma para Porto Alegre, no domingo seguinte à prova de referência, fazer um treino de 20 km, depois ir aumentando 4 km a cada semana, até chegar a 36 km, voltando a 20 km no domingo anterior à maratona. Durante a semana pelo menos dois dias de treino de 15 km, sendo que na semana da prova trotes leves (terça e quinta) de 1 hora. Para São Paulo, pode-se encaixar, a mais, um treino de ritmo (de 25 km) na 4ª semana.
Longos para Porto Alegre: 20/24/28/32/36/20/42 km
Longos para São Paulo: 20/24/28/25 ritmo/32/36/20/42 km
O treinamento: Neste caso, a preparação para a Maratona de Porto Alegre é equivalente à proposta na 1ª situação, enquanto o treinamento para São Paulo seria o mesmo do realizado na 2ª situação para a prova gaúcha.
Longos para Porto Alegre: 20/25/30/35/20/ 42 km
Longo para São Paulo: 20/24/28/32/36/20/ 42 km
PARA OS MAIS ANIMADOS. Pode-se ainda visualizar mais quatro situações que seguramente serão praticadas por muitos corredores, especialmente os mais experientes e/ou melhor treinados.
1) A primeira é correr Florianópolis e depois Porto Alegre ou São Paulo (ou as três, como farão alguns, especialmente os que estarão treinando para a Comrades, como o editor da CR). É algo efetivamente viável, notadamente se a pessoa não sair "quebrada" da Maratona de Santa Catarina. Basta fazer rodagem no período entre as provas, sem deixar cair a quilometragem, e até pensar em alguns treinos de ritmo para completar em melhor tempo a segunda maratona do ano.
2) A segunda situação é um pouco mais extrema e pode-se até dizer não muito recomendada. Trata-se de correr em Florianópolis apenas duas semanas depois das provas de 6 de abril indicadas aqui. Para quem já estiver com boa quilometragem, adquirida em fevereiro/março, até que tem algum sentido, na medida em que aquelas quatro corridas do primeiro domingo de abril serviriam como um treino forte, de ritmo, fazendo-se na semana seguinte outro de distância ou pouco superior, seguido de um bom descanso na semana da Maratona de Santa Catarina.
3) Vale esse mesmo panorama para os que estarão na Meia de Uruguaiana ou nos 25 Km Interpraias, dia 4 de maio, e três semanas depois poderão participar da Maratona de Porto Alegre ou na de São Paulo na semana seguinte. Com certeza muitos paulistas irão fazer a dobradinha Interpraias/MSP e muitos gaúchos a Uruguaiana/PoA.
4) E uma quarta situação interessante envolve quem correrá os 25 km da Corpore, dia 25 de maio, que pode ser encarado como último grande treino/teste para a Maratona de São Paulo. Neste caso, seria fundamental que o corredor tivesse realizado alguns longos nas semanas anteriores, funcionando a prova da Corpore quase como um treino de ritmo, com a vantagem de parte do percurso dessa prova ser coincidente com o da maratona, ou seja, pelas ruas da cidade universitária da USP.