Notícias admin 4 de outubro de 2010 (0) (158)

Maratona e Meias de São Francisco

Depois de três anos correndo, tendo feito duas maratonas de São Paulo, ouvindo os relatos entusiasmados de amigos que correram no exterior e lendo as matérias da Contra-Relógio sobre o assunto, resolvi participar da minha primeira maratona fora do Brasil.

Comecei a procurar uma prova no mês de julho, já que pretendia correr e fazer uma viagem de férias com a família. Como em julho o calor é intenso em quase todo hemisfério norte, uma das poucas provas realizadas nesse mês é a de São Francisco, na Califórnia, uma cidade muito bonita e agradável.

Analisando os prós e contras dessa prova, cheguei à conclusão de que seria a ideal – devido ao clima ser favorável para a corrida (embora a Califórnia seja conhecida pelas altas temperaturas no verão, São Francisco é uma exceção graças às geladas águas de sua costa) e a região ser excelente para turismo, com atrações para todos os gostos e idades. Além disso, junto da maratona acontecem duas meias, cada uma seguindo uma das metades do percurso da maratona e uma prova de 5 km, na qual meus filhos de 15 e 16 anos mostraram interesse em participar.

Sem grandes dificuldades, realizei as inscrições, a compra de passagens e a reserva dos hotéis pela internet.

Após alguns dias em Los Angeles, rumamos para São Francisco. Logo no dia seguinte fomos retirar os kits e visitar a feira (expo). A retirada foi muito tranqüila e a feira era bem grande, com muitos produtos para venda e para demonstração; foi possível almoçar só com as amostras de produtos para nutrição.

Na feira, encontrei o brasileiro Paulo Roberto, médico de Vitória, que estava retirando o kit para a sua terceira maratona na cidade. Em uma breve conversa, fiquei sabendo que sua filha mora na região, e que ele aproveita a visita anual para correr a prova. Recebi dele algumas dicas úteis sobre o percurso.

DE MADRUGADA E EM ONDAS. As largadas da maratona e da primeira meia são realizadas bem cedo, e escalonadas em 8 ondas, sendo a primeira às 5h30 e a última as 6h42. O horário é justificado pela necessidade de liberar, o mais cedo possível, todas as faixas da ponte Golden Gate. Por essa razão, dei preferência a um hotel relativamente próximo ao local da largada, que permitisse a ida a pé. Não foi difícil encontrar um local, uma vez que há vários hotéis em um raio de 3 km da largada.

Embora meu tempo na Maratona de São Paulo (3:18:30) fosse suficiente para largar na primeira onda, quando me inscrevi em fevereiro, as duas primeiras já haviam sido totalmente preenchidas. Portanto sai na terceira onda, às 5h42.

Ainda escuro, e com a temperatura de 12º C, iniciamos a prova. Logo no terceiro km passamos pela primeira atração turística do percurso, o Fisherman's Wharf .Era possível sentir o aroma delicioso do famoso pão de massa azeda da Boudin Bakery, que já estava sendo assado. Após passarmos pela Marina ficou claro o motivo da largada em ondas, certos trechos da prova são tão estreitos que só permitem três atletas correndo lado a lado.

Depois de uma forte subida, chegou, no km 9, a esperada travessia de ida e volta pela ponte Golden Gate, feita em apenas uma faixa de rolamento em cada sentido e havia tanto "fog" que mal dava para ver as torres da ponte (não é a toa que São Francisco é conhecida como "fog city", isto é, cidade da neblina).

Ao sair da ponte, inicia-se o mais longo dos 5 trechos nos quais a prova alterna dois percursos para permitir o trânsito de veículos. Em seguida entramos no Golden Gate Park (uma espécie de Central Park de São Francisco) onde corremos por aproximadamente 11 km, circulamos em meio a muito verde e belas paisagens por trilhas estreitas e quase sem público.

A partir do km 29, voltamos a correr na cidade – sem mais subidas até o final. Foi quando cometi meu maior erro: como estava me sentindo bem, forcei meu ritmo por uns 5 km, o que me custou caro depois do km 37; as placas de milhas nunca chegavam e ficou difícil me manter abaixo de 5 minutos por km. Mesmo assim consegui completar a prova em 3:20:44, dentro das minhas expectativas.

Ao chegar, a emoção de ver minha família torcendo e de ouvir o locutor falando "Mr João Theoto Jr from Brazil" compensou todo o sofrimento da prova.

A presença de brasileiros é pequena – os maiores grupos de estrangeiros eram os mexicanos e japoneses. Durante a prova conversei com um brasileiro que mora em San Diego e também recebi o incentivo de uma corredora brasileira que aguardava a largada da segunda meia.

Fazendo uma comparação com a Maratona de São Paulo, as vantagens da de São Francisco são, principalmente, o horário da largada, a temperatura amena, as incríveis paisagens e o eficiente abastecimento, que conta com 12 postos (todos com água, bebida esportiva, banheiros químicos, atendimento médico e, em dois postos, também gel de carboidrato). Infelizmente a participação do publico é pequena, provavelmente pelo horário.

Em resumo, para quem quer correr uma maratona no exterior no meio do ano e aproveitar para fazer turismo a maratona de São Francisco é uma excelente opção. Mais detalhes no site http://www.runsfm.com/

João Theoto Jr é assinante de Jundiaí, SP.

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