Resolvi me inscrever para a Maratona de Lima (17 de maio), aproveitando que seria possível uma viagem "bate-e-volta" de final de semana. Com voos diretos do Rio de Janeiro e São Paulo, é possível a loucura, já que você ganha 2 horas com o fuso horário (na ida) e encontra boas ofertas de preços.
Com patrocínio da Adidas, o evento oferecia também 10 e 21 km. As inscrições custavam de R$60 a R$120, dependendo da distância e da data de inscrição.
Foi uma grata surpresa viajar ao Peru, pois não sabia muito sobre este país com um povo simpático e comida farta e gostosa. Primeiramente, pude observar que a população de Lima em nada se parece com aqueles peruanos que vemos pelas ruas do Rio e São Paulo, vestidos com ponchos coloridos e tocando suas flautas de madeira.
A feira da maratona, no belo Parque de La Reserva, com suas fontes de água e o belo show de luzes à noite, é ao ar livre, porque praticamente nunca chove em Lima. Para ir retirar os kits e voltar ao hotel, você se deparava com uma das peculiaridades da cidade: o valor do táxi é negociado com o motorista antes de você iniciar a viagem, mas os valores cobrados são razoáveis. Andar de transporte público é impossível, pois os ônibus circulam em poucas partes ou você encontrará vans de diferentes tamanhos, mas todas caindo aos pedaços. Não há metrô. Os táxis também são muito velhos e o transito é caótico. Motoristas trocam de pista sem qualquer cerimônia.
O Peru vive um bom período econômico, com crescimento de quase 6% ao ano. Mas é engraçado encontrar "cambistas" oficiais, uniformizados, trocando dinheiro no meio da rua, com turistas e locais.
MUITOS BRASILEIROS. Há 7 anos o evento conta com o patrocínio da Adidas e vem reunindo grande número de corredores do exterior, mas com crescimento e estrutura mais modestos que a outra maratona que tem o apoio da marca, a de Santiago do Chile. O Brasil era o maior grupo, com 261 inscritos e o locutor na feira da maratona agradecia a presença dos estrangeiros a cada instante.
As largadas da maratona e meia aconteceram às 7 da manhã, com uma agradável temperatura de 19 graus, no mesmo local, mas em pistas distintas, uma ao lado da outra. Após 1,5 km as duas se juntavam. A maioria dos corredores usava a camiseta da prova e os poucos sem eram estrangeiros. A largada dos 10 km foi as 8h30, no mesmo local.
As corridas seguiram por ruas residenciais que margeavam varias pracinhas arborizadas, com muitas descidas e subidas suaves, mas constantes para ocasionar um cansaço adicional. O primeiro posto de hidratação foi apenas no km 6 e somente de um lado da rua, o que sempre causa congestionamento. Os demais eram nos km 10; 15,5; 20 e depois a cada 2,5 ou 3 km. Jovens entregavam copos de água ou isotônico, não sendo possível cada corredor pegar o que quisesse, pois as mesas estavam protegidas por grades. Um pouco confuso, já que os staffs se "embolavam" e tínhamos que gritar o que queríamos receber.
Muitos guardas durante todo o trajeto, mas alguns tinham dificuldade em conter os motoristas em cruzamentos e ouviam-se algumas buzinas. Nada muito diferente do que vemos no Brasil…
O trajeto da maratona passa pelo complexo arqueológico Huaca Huallamarca, uma construção do período pré-colombiano em forma de pirâmide, fincada em meio aos prédios modernos do bairro de San Izidro. Segue margeando o Oceano Pacífico no bonito bairro de Miraflores, que fica sobre um penhasco rochoso e lá em baixo podíamos ver a praia e seus surfistas. Esta parte do percurso, do km 17 ao 24, é repleta de flores e com uma linda vista do mar, capaz de fazer qualquer maratonista esquecer dos muitos quilômetros que ainda teria pela frente.
Cruzamos também a Praça dos Amores, com sua famosa estátua do "El Beso" e pelos mosaicos em estilo Gaudí. Pouco público nas ruas.
A maratona e a meia se separam no km 13, se juntando novamente no último km de cada prova. Segundo a organização, os 10 km tiveram 7.700 inscritos, a meia 3.600 e a maratona 2.200, mas não se sabe se são números superestimados, pois não se tem acesso ao total de concluintes.
Para aqueles que querem encontrar os peruanos com seus ponchos coloridos, vale seguir viagem para Machu Picchu, também chamada "cidade perdida dos Incas", a 2.400 metros de altitude, em Cusco, e realizar as diversas caminhadas até a Porta do Sol para "soltar as pernas". Em 2016 a maratona acontecerá dia 15 de maio. Informações e inscrições: www.lima42k.com
Denise Amaral é assinante do Rio de Janeiro
Estreia sem dores
Embora não seja muito procurada pelos brasileiros, como outras maratonas fora do Brasil (Buenos Aires, Santiago e Disney, por exemplo), escolhi a capital peruana para fazer minha estreia na distância, por gostar muito da cidade, que conheci em uma viagem em 2009. Ademais, a data seria especial por duas razões: primeiro porque meu aniversário ocorreria dois dias depois da prova; segundo, porque no dia da prova, faria um ano que comecei a correr, iniciando uma verdadeira mudança em minha vida.
Em 2014, resolvi sair do sedentarismo e da obesidade, que há muito me acompanhavam. Após iniciar uma reeducação alimentar e perder alguns quilos, comecei a correr em maio de 2014 e acabei me apaixonando por esse esporte. Graças a ele, saí de 98 kg para 61 kg em um ano. Contudo, mais que a perda de peso e a conquista de uma vida saudável, passei a ser mais feliz com a minha evolução na corrida. Assim, visando a celebrar essa reviravolta, fui ao Peru para minha primeira maratona.
Na largada temperatura agradável, mas que foi aumentando, afetando os maratonistas, ainda mais pela alta umidade característica da cidade. Nos postos de abastecimento certa confusão para se pegar água ou isotônico. Também foram oferecidos frutas e gel depois do km 30.
Na segunda metade do percurso, cresceu um pouco o número de pessoas nas ruas, incentivando e até distribuindo água e refrescos em saquinhos plásticos, o que foi bastante simpático. Na chegada, água, isotônico, frutas e sanduíches. Desagradável apenas a atitude de pessoas da organização, expulsando os corredores que estavam sentados ou deitados próximos às tendas. O espaço era grande e não havia acúmulo de gente, não se justificando a conduta desrespeitosa àqueles que ali desfrutavam do merecido descanso.
A minha prova foi ótima, melhor do que eu esperava fazer. Encerrei a corrida em 4h01, inteiro e sem dores. Os vencedores foram os quenianos Julius Wahome, com 2h17, e Miriam Wangari, com 2h41. A destacar também mais uma vitória de Ines Melchor, vencedora da Maratona de Santiago no mês anterior, e uma das principais fundistas sul-americanas da atualidade. Dessa vez, Ines ganhou a corrida de 10 km, com o tempo de 34:38.
(Benício Melo Neto, assinante de Fortaleza)