POR ANTONIO COLUCCI | @anton10colucci

No dia 18 de fevereiro aconteceu a 10ª edição da Maratona do Vinho, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. A já tradicional maratona conta também com percursos menores, com provas de 7 km, 21 km e revezamento.

Pode ser considerada uma prova de montanha, ou trail run, como gostam de dizer por aí, por ser uma rústica, com percurso desafiador, muita estrada de terra, pedrinhas e um visual sensacional no meio dos vinhedos, com plantações por todos os lados e muitas frutas no percurso.

Para chegar em Bento Gonçalves via aérea, os aeroportos de Caxias do Sul e Porto Alegre são as melhores opções. Caxias do Sul é mais próximo. São 41 km de distância, mas a quantidade de voos é menor. Porto Alegre fica a 120 km, com boas estradas e fácil acesso.

A cidade de Bento Gonçalves fica no Vale dos Vinhedos e, como o nome da região sugere, é um vale, com muitos altos e baixos e o percurso das corridas é nas pirambeiras, com paisagens incríveis em meio a natureza.

A entrega dos kit aconteceu no sábado, no Grand Hotel Dall Onder, com lojinhas de produtos de corrida e sem filas. Tudo muito bem organizado e tranquilo, um clima pré-prova muito agradável e acolhedor. 

A arena da prova é um espetáculo à parte, um amplo espaço, com estrutura de clube. No meio do campo foram montadas as tendas das assessorias, guarda-volumes, pódio, barracas de comes e bebes, o palco dos shows, a pipa do vinho e o pórtico de largada e chegada no barril. As largadas foram em horários separados, de acordo com as distâncias.

Todos os concluintes recebiam, além da merecida medalha, uma taça personalizada da prova e um cartão que dava direito ao kit pós-prova, com churrasco, frutas, suco de uva, macarrão, grostoli (ou cueca virada, um doce típico da região), energético, chopp e é claro, o vinho.
 
Na arena também estavam os banheiros, ducha, caixas d’água, que viraram piscinas para as crianças, além dos shows e atrações musicais.

O desafio dos 42 km

A Maratona do Vinho é um desafio, com percurso pesado, cheio de subidas e descidas e um visual inesquecível. Alguns trechos são em asfalto.

O trajeto é todo muito bem sinalizado. Há muitos postos de água e caixas de papelão para os lixos. Infelizmente, muitos corredores não têm o hábito de manter o percurso limpo. Aquele vício das provas de asfalto que acaba sendo levado para as provas no meio da natureza, o que dificulta a limpeza e deixa uma péssima impressão. Mas as caixas de lixo estavam muito bem distribuídas por todos os 42 km da prova, que marcou no GPS uma altimetria total de 1200 metros de ganho de altitude. É quase um passaporte para o céu.

Soube que tinha no percurso um posto servindo vinho antes do posto de água, mas demorei tanto que perdi essa degustação. A prova teve hidratação perfeita, bem sinalizada e muita cooperação entre os maratonistas e os staffs, uma energia muito boa.

 
Os 21 km 

O amigo e superatleta Edvaldo Pereira de Souza, ou Caloi, como é conhecido, que já nos contou algumas de suas histórias no “Resgate da História do Atletismo Brasileiro” dos seus 40 anos correndo e 65 anos de vida, participou da meia maratona. 

Caloi já tinha participado duas vezes dos 42 km da Maratona do Vinho e dessa vez resolveu correr só metade do percurso para poder passear e aproveitar a cidade com a esposa. 

Ele chegou atrasado para a largada e saiu por último, no km 2 já tinha ultrapassado uma turma, que caminhava nas subidas. Com toda sua experiência de 40 anos competindo, seguiu buscando as placas e curtindo o percurso. Contou que a hidratação estava perfeita, encontrou o posto do vinho, tomou um copinho e logo à frente já tinha água e as caixas de lixo. Seguiu ultrapassando os corredores até completar a prova na 5ª posição geral e conquistar mais um troféu para sua história. Sorte da turma da categoria 65-69, que ganhou uma vaga no pódio da faixa etária.

Parabéns, Caloi, pela bela prova. Você precisa de um despertador para não atrasar a largada.

Troféus, muitos brindes e um “Parabéns”

A Maratona do Vinho distribuiu mais de 420 troféus, garrafas de vinho, baldes e outros brindes na sua premiação.  Todas as categorias foram premiadas.  Uma grande festa do início ao fim. 

Uma verdadeira celebração às tradições gaúchas, uma energia muito boa e uma ótima forma de começar o ano correndo.

Este ano a prova foi no dia do aniversário do maior fotógrafo de corridas do Brasil, a enciclopédia das corridas, Tião Moreira, e além de todas as ativações na arena, tivemos o “Parabéns para você” para o Tião.

A prova é organizada pelo Gregório Lavandoski, um supercampeão e recordista gaúcho do século 20. No final da prova, uma amiga pergunta quem que tinha inventado esse percurso tão difícil, que ele nunca devia ter corrido por aquelas subidas e a resposta foi que era naquelas pirambeiras que ele treinava e foi ali que ele se tornou um supercampeão.

A 11ª edição ainda não tem data oficial, mas será em fevereiro de 2025. Quem quiser conhecer uma região incrível, buscar novos desafios e tentar ganhar um troféu, um vinho e ter uma experiência diferenciada na corrida, essa é uma ótima opção.  

Essa foi minha segunda vez seguida nos 42 km. Ano que vem talvez eu corra a meia maratona ou vá no revezamento para terminar mais cedo e aproveitar mais a festa na chegada.