Neste ano, a Walt Disney World Marathon Weekend cresceu não somente no total de par¬ticipantes como também em dias de provas. Foram quatro, de quinta a domingo (9 a 12 de janeiro), com o acréscimo da distância dos 10 km, que teve a edição inaugural na sex¬ta-feira. Também como novidade de 2014, foi criado o Desafio do Dunga, que incluiu a Family Run (5 km), os 10 km, a meia e a maratona. O Desafio do Pateta (21 km e 42 km) segue normalmente na programa¬ção. O que não mudou foi o clima de grande festa e a alta presença de mulheres. Pelo segundo ano conse¬cutivo, elas foram maioria nos 21 km e nos 42 km, além de também dominarem os 10 km.
Os números absolutos do evento impressionam. Com exceção dos 5 km, que são participativos sem di¬vulgação de quem completa o per¬curso, foram 19.198 concluintes na maratona (9.501 homens e 9.697 mulheres), 20.245 na meia (9.042 homens e 11.203 mulheres) e 9.234 nos 10 km (4.041 homens e 5.193 mulheres). Já que nessa relação estão incluídos os participantes dos desafios do Pateta e do Dunga, acaba não sendo possível fazer uma soma total. Porém, como a Family Run atrai bem mais do que 10 mil participantes, é bem provável que o evento todo em si (incluindo ainda as provas infantis), tenha alcançado algo próximo (ou até superior) a 60 mil corredores nos quatro dias.
MUITOS BRASILEIROS. Outro fa¬tor que segue inabalável, edição após edição, é a presença maciça dos brasileiros. O português é uma das "línguas oficiais" de Orlando e, como não poderia deixar de ser, da Disney. De acordo com os dados dis¬ponibilizados pela organização, fo¬ram 728 concluintes na maratona, 1.066 na meia e 432 nos 10 km, sem incluirmos a Family Run e as pro¬vas infantis, que coloriram de verde e amarelo as rodovias, estradas e parques temáticos.
O que também chama a atenção é a grande festa, que reflete no desem¬penho tanto da elite quanto dos ama¬dores. A maioria opta pelos eventos da Disney para se divertir, por isso destacam-se os altos tempos de con¬clusão. Na elite, o brasileiro Fredison Costa (2:21:39) e a equatoriana Angela Brito (2:47:44) foram os pri¬meiros colocados, com marcas bem altas se levarmos em comparação as principais maratonas realizadas nos últimos anos. E entre os corredores "da geral", esse fato é ainda mais des¬tacado. A regra básica é se divertir, curtir a magia do evento (com per¬sonagens espalhados pelo percurso, sempre com um fotógrafo ao lado para registrar o momento) e comple¬tar os percursos.
Na maratona, por exemplo, dos 19.198 concluintes, apenas 64 fo¬ram sub 3h, enquanto 1.805 com-pletaram os 42 km no sub 4h, ou seja, menos de 10%. Assim, 90% dos participantes correram acima das quatro horas, sendo a maioria esmagadora com tempo líquido su¬perior a 5 horas. E esse fenômeno repete-se também nos 21 km.
Diversos fatores levam a essa ca¬racterística básica na Disney, que não é mais novidade. O período de férias escolares e de viagens em fa¬mília (com o atrativo de passear pe¬los parques temáticos, inclusive na véspera das provas), a proximidade com o Natal e o Ano-Novo, quando muita gente relaxa tanto nos trei¬namentos quanto na alimentação, e o fator dos dois desafios, que faz muitos "tirarem o pé" para poupar o corpo para os dois ou quatro dias de cansaço acumulado.
Não que a organização não possibili¬te a quebra de recordes pessoais, pois há separação por baias de ritmo e largadas em ondas nas 4 disputas. Os percursos, no geral planos, também favorecem – apesar do da maratona apresentar muitas e fechadas curvas nos 5 km finais dentro do Hollywood Studios e do Epcot.
MAIS FESTA QUE CORRIDA. Porém, mesmo com a organização exem¬plar, a performance está mesmo em segundo (ou talvez terceiro) plano da maior parte dos participantes na Disney. Tanto que para quem acaba correndo mais na frente, principal¬mente na maratona, torna-se uma prova muito solitária. Há uma boa presença de público nas passagens pelos quatro parques temáticos da Disney, além do momento em que corta a área da ESPN, com uma pista oficial de atletismo, campos de futebol e estádio de beisebol – todos percorridos pelos atletas.
Mas no restante, longas e largas autoestradas, somente com o apoio do staff, sempre animado e pres-tativo. Hidratação com isotônico e água basicamente a cada 2 km, com dois pontos de gel e de frutas nos 42 km, além de um na meia-maratona complementam os pontos positivos. A temperatura neste ano oscilou. No sábado, dia da meia, estava aba¬fado e muito úmido. Já nos 42 km, a temperatura caiu, garantindo óti¬mas condições climáticas.
"Achei o evento maravilhoso. A principal dificuldade que encontrei no Desafio do Dunga foi não conse-guir descansar o suficiente entre uma corrida e outra. Mas essa aca¬bou sendo uma opção minha. Consi-dero como pontos positivos a largada das provas em ondas, inclusive a dos 5 km (e com controle na entrada na baia), água e isotônico pratica¬mente a cada milha e personagens espalhados pelo per¬curso para entreter os corredores, o que acaba diferenciando o evento (de outros pelo mundo)", afirma José Nilson, de Santos.
LARGADAS MUITO CEDO. Segundo ele, "a dispersão na che¬gada, sem tumulto apesar do número de participantes, e a gentileza dos inte¬grantes do staff na entrega das meda¬lhas também mere¬cem elogios. Quanto ao ponto negativo, citaria que apenas os 5 km e os 10 km não precisariam lar¬gar tão cedo (6h15 e 5h30, respecti¬vamente) e sim às 7h30. O restante estava perfeito".
A questão do horário também foi citada por Alberto Oliveira, de Curitiba, que participou da mara¬tona. "A hidratação, a expo e o per¬curso foram os pontos principais. Como negativo, o transporte até a largada. Tive que levantar às 3h", disse. A expo, realmente, neste ano esteve ainda melhor dividida, ocu¬pando três prédios. Um com alguns expositores e entrega dos kits das provas infantis, além da venda de produtos oficiais; outro com a dis¬tribuição dos números das corridas principais e o terceiro com a feira em si, além da entrega das camisas oficiais do evento.
Paulo Abreu Filho, de Guarapu¬ava, também aprovou a participa¬ção no Dunga, mas não pensa em repetir tão cedo essa experiência. "E, se um dia fizer, pretendo correr de forma diferente. Acordar qua-tro dias seguidos às três horas da manhã é muito complicado. Ainda mais quando durante o dia temos de curtir com a família os parques e as atrações de Orlando."
A razão para os horários tão cedo das largadas é para que os parques temáticos da Disney (Magic King-dom, Epcot Center, Animal King¬dom e Hollywood Studios) não sejam afetados e possam funcionar nor-malmente nos dias das provas.
DOBRADINHA BRASILEIRA, MAIS UMA VEZ
Desta vez Fredison Costa foi o campeão na Maratona Disney, com Adriano Bastos em segundo. Por não oferecer premiação em dinheiro, a prova não atrai atletas de elite e os tempos são altos.
Fredison Costa garantiu o tricampe¬onato depois de uma grande disputa, e alternância na liderança da prova. Ele cruzou a linha de chegada em 2:21:39, seguido de Adriano Bastos, com 2:22:55. As primeiras palavras pro¬feridas pelo campeão no final resumi¬ram muito bem como foi o duelo: "Não teria conseguido a vitória se não fosse a estratégia com o Adriano".
Cinco corredores, incluindo Bastos e Fredison, levaram a prova juntos até o km 25, quando Adriano Bastos, octa¬campeão da Disney, apertou o ritmo para quebrar o pelotão. A estratégia deu certo e ele assumiu a liderança, mas não por muito tempo. O guatemal¬teco Alfredo Arevalo foi em busca do brasileiro e forçou o ritmo ainda mais. Nesse ponto da competição, Fredison mantinha-se na 3ª colocação e os ou¬tros dois americanos que faziam parte do grupo ficaram para trás.
Fredison apertou o ritmo e conseguiu alcançar Adriano por volta do km 30, partindo em seguida em busca do líder. Fredison ultrapassou Arevalo por volta do km 41 e a partir de então só aumentou a diferença, garantindo seu terceiro título na Disney. Bastos ganhou a 2ª posição faltando 1 km para o final.
A prova feminina foi vencida pela equatoriana Angela Brito, com o tempo de 2:47:44. A melhor brasileira na disputa foi Vivian Oliveira, que finalizou na 5ª coloca¬ção, com o tempo de 3:02:16. Rosilene de Jesus, que chegou a disputar a liderança com a equatoriana até o km 15, chegou em 7º lugar, com 3:04:05. Os norte-ame¬ricanos Mike Morgan (1:09:39) e Laurie Knowles (1:17:59) foram os campeões da meia-maratona, disputada um dia antes da maratona. (Fernanda Paradizo)
4 DIAS E 4 PROVAS, ENTRE OS GORDINHOS
Eu e meu marido Luiz Antonio não pen¬samos duas vezes ao nos inscrevermos para o Desafio do Dunga. Afinal, tudo o que eles fazem na Disney é mágico. Quando soube que ganharia 6 medalhas e 6 camisetas, gostei mais ainda. Mas confesso que fiquei preocupada como seria o cansaço após as 4 provas. En¬tretanto, na Disney, o temor de qualquer corredor é imediatamente eliminado já na entrega do kit: ao ver a quantidade de "gordinhos", você logo pensa que, se eles conseguem, você também está pronto para qualquer disputa! E os gor¬dinhos estavam em peso, literalmente, também no Desafio do Dunga.
Na quinta-feira, a tradicional corrida de 5 km apresentou um novo aspecto. As famílias e os atletas fantasiados se juntaram aos 7 mil inscritos no Dunga e o evento ganhou um ar mais competi¬tivo, com largada em 10 ondas com mil participantes cada uma e com intervalo de 5 minutos entre elas. Com início às 6h15, ainda escuro, quando comecei a correr, muitos já tinham concluído o percurso que passa pelo parque Epcot. Na chegada, os inscritos do Desafio do Dunga recebiam uma pulseira VIP, indicando que a primeira etapa havia sido cumprida.
Na sexta, para a dispu¬ta dos 10 km, também ti¬vemos 10 mil participan¬tes, com a diferença de que o horário da largada seria a partir das 5h30, assim como para a meia e maratona, no sábado e no domingo. O percurso dos 5 km foi ampliado com passagens pelo Ep¬cot e pelas "praias" dos resorts da Disney.
Na chegada, ganhamos mais uma pulseira VIP e curiosamente não remo¬veram a do dia anterior. Deveria ser para evitar tesouras para cortá-las, pensei. Ao questionar se poderia remover uma pulseira ao chegar no hotel, informaram que não.
Mas acho que "matei a charada": pelas ruas os inscritos no Dunga eram facilmente reconhecidos pela quantida¬de de pulseiras VIPs no pulso. O que eu achei que seria um incômodo, logo se tornou um triunfo!
No sábado, a meia-maratona, que tinha largada em 8 ondas, até o ano passado, passou a ter 16, com diferen¬ça de 1h10 entre a primeira e a última. Ao se inscrever nas provas da Disney, a pessoa deve ficar muito atenta às instruções de envio de comprovação de tempo em corridas anteriores, evitando ser designado para as últimas saídas. Com a quantidade de atletas caminhan¬tes, gordinhos, os que param para tirar fotos com os personagens e aqueles que seguem o método do famoso técnico americano Jeff Galloway, que alterna corrida e caminhada, o "tráfe¬go" é tremendo, impedindo uma melhor performance dos que largam depois.
Na chegada, ganhamos a terceira e última pulseira. Observei que, como no ano anterior, aqueles que não concluíram a meia-maratona dentro do tempo limite de 3h30, contados a partir da largada da onda final, foram trazidos para a chegada em ônibus da organização.
No domingo, após correr a maratona e receber a medalha do Mickey, mostrá¬vamos todas as pulseiras VIPs para recebermos a medalha do Desafio do Pateta (21 km e 42 km) e a desejada medalha do Desafio do Dunga.
Percebi que não foi tão difícil como ima¬ginava, pois, por incrível que pareça, senti muito mais sono do que cansaço. Afinal, foram 4 dias acordando muito cedo e dormindo bem pouco (é quase impossível dormir às 19h para acordar às 3h e estar na largada antes das 5h30).
No final, os "Dungas" ostentavam suas 6 medalhas, com olhares superiores para os demais corredores que fizeram "apenas" as outras provas. Com certeza, as inscrições para a edição do próximo ano se esgotarão muito rapidamente pelo grande sucesso desta. Portanto, fique atento se não quiser correr "só" a maratona ou "só" o Desafio do Pateta"! Denise Amaral (Rio de Janeiro)