Notícias admin 7 de setembro de 2016 (0) (224)

Maratona de Vancouver

Tenho lido que Vancouver está entre as cinco cidades com melhor qualidade de vida. Pessoalmente, acho que uma das maneiras de conferir isto é correndo uma maratona. Fui lá conferir dia 1º de maio.
Chegar a Vancouver já foi uma maratona. De Brasília até lá, entre tempo de voo e duas escalas, foram 37 horas de viagem e um fuso horário de 5 horas. A cidade é bastante fácil para se locomover. É possível visitar a pé quase todos os pontos turísticos. Tem muito verde, muitos parques e são várias as opções de comida, por preços relativamente em conta.
Esta foi a 45ª edição da Maratona Internacional de Vancouver. Além dos 42 km, tem-se simultaneamente um revezamento, uma meia e uma corrida de 8 km. As de maior distância saem do mesmo local – Queen Elizabeth Park – e chegam no mesmo local – Canada Convencion Center, em downtown (a meia faz percurso distinto). Uma prova não interfere na outra, não tem bagunça nem confusão. Segundo a organização, no total são 16 mil corredores inscritos para todas as distâncias.
O valor da inscrição foi de 100 dólares canadenses, aos quais se adiciona mais 50 de outras taxas e imposto e tem-se a inscrição por 150 dólares canadenses, o que em reais equivalia em janeiro a R$ 450. Em compensação, hotéis conveniados dão desconto de 50% na diária para os inscritos.
O local da entrega do kit, o Canadá Convencion Center, é de fácil acesso. Espaço amplo, tem boa feira de vestuário e nutrição esportiva. Muitos dos vendedores são varejistas locais; marcas internacionais com estande de venda somente a da patrocinadora. O kit em si é uma sacolinha manjada, uma camiseta básica e meia dúzia de amostras de barras de cereais e hidratantes.
Chegar na largada é super fácil e simples, o trem não demora 20 minutos. Também da chegada da prova para os hotéis de downtown é bem perto, vai-se andando.
Durante a semana a temperatura esteve entre 8º e 14Cº, nublado e até chuva. Mas dia de prova é outra coisa. Amanheceu de céu completamente aberto, sol à mostra e temperatura de 14º com previsão de chegar a 24º.
A concentração para a largada no Queen Elizabeth Park é bem tranquila. O parque é amplo e a estrutura oferece boa comodidade para a espera até a hora da largada – às 8h30 – com postos médicos, água e centenas de banheiros químicos. No percurso, água a cada 3 km, isotônicos a cada 5 km. Problema: os pontos de hidratação são péssimos, em cima da pista, e curtos, uma confusão. E mais, a quantidade de água no copinho é de meros 50 ml, insuficiente para mim.

MUITAS SUBIDAS E CURVAS. A prova começa e ao final do primeiro km já dá para saber que bicho virá: trechos íngremes com curvas longas sucessivas. Vai-se nessa toada – aclive e curvas – até o km 9. Neste ponto uma subida íngreme de verdade, longa que só termina no km 11. O que termina é a subida íngreme, porque até o km 20 continua a interminável sucessão de sobe e desce, com suas curvas abertas. Do km 20 ao 22 uma forte descida nos leva à beira mar e é preciso cuidado para não cair e se machucar.
Embora o sol esteja aberto, e forte, do km 9 ao 22 corremos dentro de um parque. Isso permite que a temperatura não incomode. Do km 26 ao 29 deixamos a praia e voltamos aos sobe e desce até que … do km 29 ao 30 para atravessar uma ponte, outra baita subida íngreme. No km 32, de novo na orla, contornamos o Stanley Park. Aqui o trajeto é praticamente plano, mas como nem tudo é perfeito, o percurso é um verdadeiro zique-zaque, não tem 200 metros em linha reta, o que exige muita concentração, pois dá para ficar tonto.
Nestes últimos 10 km não tem sombra e o sol castiga um bocado. E só para não esquecermos que estamos na maratona de Vancouver, os últimos 2 km que levam a linha de chegada são em subida!
O percurso passa longe do centro da cidade, basicamente em meio a dois parques e beira mar. Ao longo da prova têm-se muito poucas pessoas torcendo, mas por causa do revezamento, tem sempre corredores por perto. Torcida mesmo pra valer só nos 2 km finais.

MARCA BOA NO FINAL. Creio ter sido esta a maratona mais surpreendente da minha vida. Antes da largada, imaginando o calor previsto e a altimetria, eu não tinha muita expectativa. Quando terminei o primeiro km e constatei aquelas subidas em curvas abertas e longas, calculei que terminaria em torno de 5 horas. Não me pergunte como, mas passei os 10 km com 56 minutos. Nos outros 10 km, que não foram mais fáceis, consegui ser mais rápido e completei a meia em menos de 2 horas. Do km 22 em diante consegui manter o ritmo. A velocidade só foi caindo mesmo depois do km 35. Mas aí só faltavam 7 km. Completei em 4h11. Comparado com o tempo do vencedor, e mesmo com meu histórico, fui muito bem.
A única explicação que tenho para este feito é que desta vez não tive medo das subidas. Fiz vista grossa para todas elas, e mandei ver. Alguém já disse: maratona é também um exercício mental.
O vencedor foi o queniano Daniel Kipkoech, com 2:21:04; no feminino, vitória da norte-americana Hirut Guangul com 2:39:52. A prova em 2017 será no dia 7 de maio; mais informações e inscrições em www.bmovanmarathon.ca

Carlyle Vilarinho é assinante de Brasília

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