POR DENISE AMARAL | @deniseamaral
Faltando exatamente um mês para a 44ª Maratona de Valência, em apenas oito horas, caiu o equivalente a um ano de chuva em algumas partes da cidade, resultando em 202 mortes e muita destruição.
Com 37.000 inscritos, sendo somente 20% da Comunidade Valenciana, 18% do resto da Espanha e 62% de outros países, houve muita incerteza quanto à manutenção da prova.
Considerando que a área turística da cidade, onde se concentram os hotéis, restaurantes e a maior parte do percurso, não foi afetada, faltando apenas duas semanas a prova foi confirmada com o lema “VALÊNCIA CORRE POR VALÊNCIA”, pois os recursos oriundos dos corredores seriam importantes para a recuperação da terceira maior cidade da Espanha.
A Maratona de Valência, considerada uma das mais rápidas e com o maior percentual de corredores que completam a prova abaixo de 3 horas, tem crescido em prestígio a cada ano.
A expectativa de quebra de recorde mundial, na prova de 2023, foi frustada com o acidente automobilístico que vitimou Kelvin Kiptum, que completou a prova de 2022 em 2:01:53 e bateu o recorde mundial em 2023 em Chicago, com 2:00:35.
A prova também oferece a vantagem (e respeito ao corredor) do processo de transferência de inscrição para outro corredor até uma data limite próxima à prova e uma lista de espera pelo site.
Não há voos diretos para Valência e você pode optar por trocar de avião em Madri ou Lisboa, sendo as opções mais escolhidas, ou seguir de trem até Valência.
Há muitas opções de hospedagem, incluindo as próximas à largada/chegada, que ocorre na Plaça de la Marató e termina na passarela aquática da Cidade das Artes e Ciências, distantes menos de 200 metros.
A Expo da Maratona e a retirada do kit, na quinta-feira, somente das 17 às 21 horas, e na sexta e sábado, foram no Pavilhão de Exposição, distante 26 km do centro. Como parte do metrô continuava inoperante devido aos estragos das chuvas, a ida e volta foi mais demorada.
A camiseta da prova era regata para as mulheres e com mangas para os homens. E um cartaz indicava um local para a troca de tamanhos entre os corredores.
Junto com o número da prova, os corredores recebiam uma pulseira, colocada na hora, para evitar a troca ou venda de números para outras pessoas.
A patrocinadora, New Balance, oferecia somente duas cores de jaqueta corta-vento, seis modelos de camiseta, duas cores de boné, uma pochete, uma opção de short, infelizmente. E o tênis não tinha o nome da prova, como feito na Maratona de Nova York.
Na Expo, o stand da Adidas oferecia o teste na esteira do Adios Pro 4 e encomenda para entrega em janeiro na Espanha. E tinha a demonstração do caríssimo modelo Evo.
Havia alguns outros stands de marcas esportivas e suplementos e muitos stands de outras maratonas na Europa.
No sábado, tivemos a corridinha de 5 km, o Breakfast Run, no belíssimo parque que foi construído ao aterrarem o leito do Rio Turia, para desviar o seu curso após a enchente na cidade em 1957.
A chegada da fun run, no mesmo pórtico da maratona, tinha um detalhe especial: o tradicional tapete azul, no tom das piscinas no entorno da Cidade das Artes e Ciências, estava coberto por um plástico para mantê-lo limpo para os convidados principais: os maratonistas.
No domingo, com temperatura de 11 graus e alta umidade, tivemos 1 minuto de silêncio em homenagem ao Kevin Kiptum e às vítimas das recentes chuvas.
Controle rígido na entrada das 9 baias de largada e às 8h15 tivemos as largadas em ondas a cada 10 minutos.
O percurso passa por pontos turísticos da cidade e é realmente plano.
Voluntários bem jovens, com suas jaquetas amarelas (por que as marcas não vendem jaqueta nestas cores alegres?), diziam palavras de incentivo nos postos de água e isotônico, que eram “apenas” a cada 5 km até o km 30 e, “somente” depois, a cada 2,5 km.
Tivemos três postos de distribuição de gel com e sem cafeína, facilmente identificados, bananas, damasco e um bom público, em algumas partes do percurso.
Os pacers da prova eram seguidos por um grande número de corredores focados em obter seus resultados.
A chegada da prova é uma das mais bonitas que já participei, nas minhas 192 maratonas completadas, não apenas pela passarela sobre as águas do entorno da Cidade das Artes e Ciências, mas por todo o complexo arquitetônico idealizado por Santiago Calatrava, que também projetou o Museu do Amanhã no Rio de Janeiro.
E, além da medalha e a tradicional banana, ganhamos uma inusitada caixinha com três caquis!
A prova foi vencida pelo queniano estreante em maratona Sebastian Sawe, com 2:02:05. O detentor do recorde da prova em 2023, Sisay Lemma, obteve a 10ª colocação e o etíope Kenenisa Bekele (5º melhor tempo do mundo, com 2:01:41 em Berlim 2019) abandonou a prova no km 30.
No feminino, a vencedora foi a etíope Megertu Alemu, com 2:16:49. Foram 36.747 concluintes, sendo 8.012 mulheres, com 469 brasileiros. Um crescimento excepcional já que no ano passado 25.908 completaram a prova.
A próxima edição será em 07/12/2025 e as vagas costumam acabar em poucas semanas. As inscrições podem ser feitas no site da prova (www.valenciaciudaddelrunning.com) ou através de pacotes com hospedagem com a Kamel Turismo. Os valores, este ano, foram de 80 a 180 euros, dependendo da data da inscrição.
A Maratona de Valência realmente merece todo o prestígio e crescimento alcançado!