Notícias admin 10 de março de 2015 (0) (115)

Maratona de Saint-Michel: chegada deslumbrante!

Após a bem-sucedida estreia em Maratonas (Paris, 2012), resolvi que correria novamente este ano e, como não poderia deixar de ser, na França (paixão à primeira vista). Na época em que foi possível conciliar as minhas férias com as da minha esposa, estava prevista a realização da Maratona do Mont Saint-Michel, na sua 16ª edição, no dia 5 de maio de 2013.
Em princípio, a falta de informações sobre a prova (não conhecia ninguém que já houvesse corrido e há pouca coisa escrita a respeito) e a logística exigida para participar pareciam complicadores. Mas as lindas fotos do local e a oportunidade de conhecer o Mont Saint-Michel, um lugar fantástico e patrimônio da Humanidade, me fizeram encarar o desafio.
A prova é realizada no norte da França, entre a Bretanha e a Normandia. Optamos por ficar em um hotel em Saint-Malo, porque seria o local da feira da maratona. Trata-se de uma cidade de 50 mil habitantes, na beira do mar, três horas de TGV desde Paris. Conta, ainda, com uma parte medieval, intramuros, que deveria servir de fortaleza contra os piratas. Nós nos hospedamos nessa parte da cidade, cheia de história, restaurantes, lojinhas e cenário de cartão-postal.
No local da feira da maratona, no dia da corrida, saíram os ônibus (navettes) para a cidade de onde seria dada a partida (os ingressos devem ser comprados no site da prova). Foram 15 minutos de ônibus até chegarmos em Cancale – uma cidadezinha muito simpática, também à beira-mar.
Tudo muito bem organizado: banheiros químicos, vans que serviram de guarda-volumes, água e frutas para os corredores. A temperatura estava por volta dos 10ºC. Como tinha uma névoa e tendo em vista a ideia de ter a brisa do mar durante todo o tempo, arrisquei correr de camisa comprida por baixo da camiseta da prova. Primeiro equívoco.
Largamos pontualmente na hora estabelecida, 8h30, ao som de foles escoceses. Bastante emocionante.
A prova inicia com uma subida, não muito íngreme, por dois quilômetros. Depois, mais dois de descida até chegarmos ao nível do mar. O percurso se dá na zona rural. Então, não há muitas testemunhas, a não ser vacas, ovelhas. Os espectadores e as torcidas se concentram em alguns pontos, nas vilas, na frente das fazendas, pequenas propriedades.
O visual, sim, é bastante motivador. Basicamente, o percurso é asfaltado – em uma estrada exclusiva para os corredores, o que dificulta o acesso de quem não está correndo.

PONTOS DE RESGATE. Foi aí que entendi o porquê de a organização ter estabelecido pontos de desistência, para quem quisesse abandoná-la. Era somente nesses lugares que a gente poderia ser resgatado…
Durante os 10 primeiros quilômetros, com o surgimento do sol, passei muito calor, o que me obrigou a parar para tirar a camiseta de manga longa para evitar a desidratação. Entre o km 17 e o 18, a surpresa. A primeira visão do Mont Saint-Michel. Além de deslumbrante (um castelo construído na beira do mar que, com a maré alta, se transforma numa ilha), é a linha de chegada. "Vou em ritmo constante até o km 32; faltam ‘apenas' 10 quilômetros", pensei. "Dá para apertar o ritmo!"
Aumento a velocidade bruscamente, pretendendo me tornar um sub 4h. Equívoco número 2.
Bastaram os primeiros metros com a passada diferente para eu sentir uma fisgada na coxa esquerda e outra no pé. A fisgada foi ficando constante, quase uma cãibra. Lembrei que um dos pontos de desistência ficava no km 33, juntamente com uma enfermaria. "Se tiver que parar, tem que ser ali", pensei.
Chegando nesse ponto, aproveitei para tomar água (foram diversos os pontos de hidratação durante a prova) e dar uma caminhada. Nada de cãibra. "Estou bem, vamos embora! O monte está esperando." Retomei o ritmo inicial.
Deixamos a beira do mar para pegar uma estrada vicinal, estreita, em direção oposta ao monte (?!). Viramos mais adiante num moinho e pegamos uma estrada de areia. Mas voltamos à beira-mar e para a companhia do Mont Saint-Michel. Faltam dois quilômetros e já há aglomeração de torcedores. Aumento o ritmo para o final, mas não dá mais para baixar das quatro horas. Chego com 4h01.
O sentimento não é de decepção; pelo contrário. A beleza do local impõe ótimas e variadas sensações.
A maior delas: ser um dos 2.800 concluintes privilegiados com a beleza única desse local.
Valeu! Volto para Saint-Malo (50 minutos de ônibus), para desfrutar os prazeres do local e escolher o próximo desafio.

Fabio Souza da Rosa é de Porto Alegre.

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