Maratona de Porto Alegre 2025: torcida nas ruas fez uma enorme diferença

Na sua sétima maratona, a jornalista Thamara Paiva viveu em Porto Alegre uma experiência que foi além do relógio e dos resultados: sentiu na pele como a força da torcida pode transformar cada quilômetro e ajudar a cruzar a linha de chegada.

POR THAMARA PAIVA | @thamspaiva

A Maratona de Porto Alegre de 2025 foi histórica, não só por ter sido a de número 40 ou por ter tido recorde de inscritos — 25 mil pessoas se inscreveram nas provas de 5km, 10km, 21km e 42km e quase 6 mil cruzaram a linha de chegada dos 42.195m. Ela trouxe à tona a energia do povo gaúcho, acolhedor, que lotou as ruas do início ao fim do percurso, fazendo com que a história de cada corredor se tornasse ainda mais especial.

Correr uma maratona nunca é fácil, mas alguns detalhes podem fazer com que ela fique um pouco mais leve. Essa presença massiva e tão carinhosa dos gaúchos sem dúvida fez uma enorme diferença e será uma das boas lembranças que vão fazer os corredores do Brasil todo (e de outros países) voltarem a Porto Alegre.

Largamos na maratona às 7h da manhã de um domingo frio. Milhares de corredores se alinharam na orla do Guaíba. Os motivos que nos fazem acordar cedinho para correr 42km são inúmeros. Para quem não corre, às vezes é até difícil entender. Mas o que nos move é algo que transcende a própria corrida. Para completar uma maratona esse propósito precisa estar muito forte dentro de nós.

Em Porto Alegre, tinha gente correndo uma maratona pela primeira vez, correndo para bater seu RP, para buscar seu índice para Boston… isso para dar apenas alguns poucos exemplos de motivos mais “materiais”. Porque lá no fundo precisa existir algo mais forte. Eu fui buscar meu sub 3h30 e tentar superar meu melhor, de 2:32:18, alcançado em Floripa 2024. Encaixei o ritmo com um grupo que estava buscando o mesmo tempo. Mas uma dor no pé que já me acompanhava há algumas semanas começou a me incomodar e a me tirar as forças no km 26.

Foi a partir dali que eu percebi que ia finalizar a prova com meu coração, da forma que desse. Comecei a perceber como cada uma daquelas pessoas nas ruas vibrando por nós maratonistas era importante. Em diversos momentos quando a dor estava intensa e eu passava por aquelas pessoas que também acordaram cedo naquele domingo frio para vibrar por nós e me conectava com seus gritos e olhares, esquecia dela e ficava mais fácil completar o quilômetro seguinte. Era como se a cidade inteira estivesse feliz em nos receber.

E isso também me dava forças. Eu não podia parar. Eu precisava apenas continuar, em qualquer ritmo. Fui me guiando pelo meu coração e pelos olhares de cada um.

Chegando no km 40 eu senti toda essa emoção acumulada dentro de mim, como se estivesse sendo descarregada. Não consegui conter meu choro. Pela primeira vez eu chorei terminando uma maratona. E o tempo que eu fui buscar ficou para a próxima —  talvez. Ali eu encontrei a mim mesma e toda a minha história, tudo que me move. Ela me fez lembrar porque eu corro, porque eu faço uma maratona. No fim, correr a maratona é a única coisa que realmente importa. Terminei em 3:44:08. Nem sempre sai como a gente quer ou planejou, mas sempre temos a experiência que precisamos. Mas seria maravilhoso se em todas as provas tivéssemos pessoas felizes em nos ver fazendo o que amamos. Obrigada, PoA! Obrigada, povo gaúcho!

Aprendizados depois de mais uma maratona

Passada a emoção, no pós-prova sempre tento analisar minha prova para saber o que devo melhorar para a próxima. Fazer uma boa tangente no percurso é algo que sempre busco quando vou para fazer tempo bom. Embora eu tenha ficado de olho nas placas e no meu relógio para não correr muito a mais, minha distância total no relógio passou bastante dos 195 metros finais. Minha distância total ficou em 42.730 m. Além disso, vi que preciso treinar tomar água em copo aberto… o Gatorade era servido assim e eu quase me afoguei! Mas, no saldo final, mais uma vez foi uma excelente experiência.

Fotos: Foco Radical / Maratona Internacional de Porto Alegre

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