20 de setembro de 2024

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Notícias admin 4 de outubro de 2010 (0) (177)

Maratona de Paris é ótima, mas tem problemas

Sim, porque se a Maratona de Paris não tem a mesma festa de Nova York, a tradição de Boston, os corredores fantasiados de Londres, a rica premiação de Chicago e o percurso mais rápido do mundo, cujo título pertence a Berlin, ela tem certamente um charme e uma beleza insuperáveis pelas cinco grandes – as World Marathon Majors, como são oficialmente conhecidas -, tanto que já merecia entrar neste seleto grupo. Apenas em 2006 houve mais concluintes em Paris, e por muito pouco, com 30.739. Tudo leva a crer que em 2010 este recorde será batido.

Outra prova das perfeitas condições em Paris este ano foram os resultados dos corredores de elite, com os seis primeiros homens correndo abaixo de 2h07 e o recorde da prova, que era de 2:06:33s (pelo queniano Mike Rotich, em 2003), sendo pulverizado pelo também queniano Vincent Kipruto, de apenas 22 anos, com 2:05:47 – aliás, os quatro primeiros colocados correram abaixo do antigo recorde. No feminino, o recorde da prova ainda pertence à belga Marleen Renders (2:23:05, em 2002), mas nem por isso as performances foram fracas este ano, com as seis primeiras correndo abaixo de 2h30. A campeã foi a etíope Atsede Bayisa, com 2:24:42.

MUITOS BRASILEIROS PRESENTES. Como já se tornou uma tradição, o Brasil marcou presença em Paris, que disputa a cada ano com Nova York o título de maratona com mais brasileiros no exterior. Este ano 147 completaram a prova, sendo Vanderlei Cordeiro de Lima, que se despediu oficialmente das maratonas, o primeiro entre eles, com 2h20, 30º colocado geral e segundo entre os masters (acima de 40 anos).

Um dos maiores grupos de brasileiros foi da assessoria Marcos Paulo Reis, de São Paulo, com 26 atletas, entre eles o casal Adriana e Renato Schwartz, que participou da sua terceira maratona – as outras duas haviam sido em Chicago, 2006 e 2007. "A temperatura estava perfeita e me impressionou o nível dos corredores, com muita gente correndo rápido, bem mais do que em Chicago. Também me haviam dito que não tinha muita gente torcendo nas ruas, mas achei bem festivo, tanto que voltaria tranquilamente a correr em Paris", disse Adriana, 38 anos, administradora, que completou em 3h29.

De fato, a participação do público em Paris, que ainda é longe de ser tão festiva e vibrante como na insuperável – neste quesito – Maratona de Nova York, vem melhorando a cada ano. Segundo os organizadores, havia cerca de 250 mil pessoas ao longo do percurso este ano. O trecho mais animado é o que vai do km 20 ao 30, ou seja, quando o percurso passa pela área central da cidade, margeando o rio Sena. Nos quatro túneis das vias expressas, no entanto, a ausência de público desanima um pouco, mas, por outro lado, deixa a festa por conta dos próprios corredores, que gritam o tempo todo.

ALGUMAS FALHAS. A prova, no entanto, ainda precisa corrigir algumas falhas, sendo a maior delas o inaceitável engarrafamento na Bastille, logo após o km 5, onde localizava-se o primeiro posto de abastecimento. O problema foi provocado pelo afunilamento para se entrar na Rua du Faubourg Saint Antoine, exatamente em frente à Opéra Bastille. Os corredores mais rápidos não sentiram tanto o problema, mas, a partir de um determinado ponto, houve quem perdesse alguns preciosos minutos caminhando neste ponto até a massa de corredores voltar a fluir novamente.

Foi o caso da economista Eliana Argolo, 41 anos, de Salvador, que fez em Paris a sua segunda maratona – a primeira foi Chicago, em 2006 – e acredita ter perdido um minuto no engarrafanento da Bastille: "Fora isso, achei a prova maravilhosa com ótima hidratação, percurso bonito, fácil e clima agradável". Ela fazia parte de um grupo da assessoria esportiva Tri Ação, de Salvador, dos professores Paula Bahia – que também correu a prova – e Diogo Andrade, que uma semana antes havia corrido a Meia-Maratona de Praga como treinamento para Paris. Alguns brasileiros, alíás, fizeram a Meia de Lisboa, duas semanas antes de Paris, também como preparação e aproveitando para estender a viagem.

O engenheiro químico Celestino Hissao Yamana, 49 anos, de São Paulo, também lamentou o tempo perdido na Bastille, mas, nem por isso, deixou de ter uma ótima impressão de Paris, que foi a sua terceira maratona – antes, havia feito Chicago, em 2004, e Porto Alegre, em 2005. "Em termos de cenário, este é o melhor local do mundo para se correr, a paisagem é incrível, o que distrai bastante, fazendo com que os quilômetros sejam percorridos sem se perceber. Além disso, o percurso é fácil, praticamente sem subidas. Muito boa também a infra-estrutura nos postos de abastecimento, com água em garrafa, laranja, banana, torrões de açúcar e uva passa, mas notei falta de isotônico, não sei se foi distribuído", comentou.

Sim, havia isotônico, uma embalagem bastante prática de Powerade, mas que foi distribuído apenas em dois pontos do percurso, fora a chegada. Além disso, no site oficial da prova, não há menção a isotônico nos postos de abastecimento, talvez por isso muita gente tenha corrido com aqueles cintos estilo "Batman", cheios de garrafinhas e porta-gel.

Independente da questão do isotônico, para alguns os postos a cada 5 km do percurso não foram suficientes, caso da neuropsicóloga Renata Thomas, 35 anos, de São Paulo, que treina com a assessoria Run & Fun, do treinador Mario Sergio Silva, e que fez em Paris a sua segunda maratona – a primera foi NY, em 2006. "Corri com a garrafinha na mão entre os postos, onde também tinha que parar toda vez para pegar água, mas o percurso é lindo!", reconhece.

Ela também sentiu falta de banheiros no percurso, onde muita gente acabou sendo obrigada a se aliviar em público. Menos mal que nos trechos dos bosques (Bois de Vincennes e Bois de Boulogne) havia muitas árvores e arbustos, mas é claro que a organização precisa colocar mais banheiros químicos no percurso, além de sinalizá-los.

Falhas à parte, o saldo da Maratona de Paris é, como sempre, muito positivo. Afinal, engarrafar por alguns minutos na maratona mais bonita do mundo é sempre um convite para se curtir o charme único da Cidade Luz.

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