No dia 26 de fevereiro aconteceu a segunda edição da Maratón CAF, em Caracas, que neste ano valeu também como Campeonato Sul-Americano de Maratonas e Campeonato Nacional da Venezuela. O Brasil foi muito bem representado na elite, com Conceição de Maria Carvalho Oliveira no topo do pódio feminino com 2:53:15, sete segundos à frente da colombiana Ruby Riativa. A terceira posição também ficou com a Colômbia, com Ana Joaquina Rondón (2:55:04). Já no masculino, José Everaldo da Silva foi terceiro colocado geral com 2:24:22, mas vice-campeão entre os sul-americanos, pois o 2º geral foi o queniano Shadrack Maiyo, com o curioso tempo de 2:22:22. O campeão foi o colombiano José David Cardona, com 2:19:18.
A prova continua com a excelente organização de 2011 e várias melhoras. A entrega dos kits foi transferida para uma espaçosa tenda de eventos próxima à charmosa Plaza Francia. A feira contou com diversas atrações de patrocinadores e colaboradores. O kit era constituído por camiseta Adidas, boné e diversos "regalos". É louvável, no ponto de vista ambiental, a prática recente de algumas organizadoras de maratonas em não entregar o manual impresso no kit, deixando-o disponível apenas na internet. Porém, se a prova pretende ser internacional, este detalhe pode fazer diferença para o atleta visitante, que nem sempre tem acesso a wi-fi gratuito, durante sua estada. O chip estava afixado no número de peito, com registros feitos tanto por censores verticais como por tapetes. Foram instalados 5 censores intermediários, para que os atletas tenham acesso aos seus tempos parciais, e ao mesmo tempo reduzir a possibilidade de trapaças.
O percurso, que envolve os municípios vizinhos de Libertador, Baruta, Sucre e Chacao, sofreu algumas alterações para se tornar uma prova mais rápida, devidamente recertificada pelo brasileiro Rodolfo Eichler, medidor Grau A da IAAF. A prova passa por diversos pontos turísticos da capital venezuelana, com destaque ao monumental Paseo Los Próceres.
PERCURSO EM DUAS PARTES. A logística foi muito bem planejada, dividindo-se o percurso em "setor oeste" e "setor leste". O oeste (primeiros 15 km) teve as ruas interditadas desde cedo, sendo liberadas já por volta das 9h30. Já o setor leste foi trancado às 6 horas, possibilitando que atletas chegassem à largada mesmo em cima da hora, e foi liberado apenas às 12h30, 30 minutos após o encerramento oficial da maratona.
Foram oferecidos traslados até o local de largada a partir dos hotéis oficiais, além de cinco pontos estratégicos na cidade. Foram 19 pontos de água em garrafinhas de 330 ml, além de 9 postos de Gatorade. Havia um ponto de distribuição de gel GU, e outro de bocadillo, o doce de goiaba muito apreciado no país.
A competição foi transmitida pela televisão local, e também era possível acompanhar pela internet. O grupo "Soy Maratonista" colaborou com a prova disponibilizando 17 pacers distribuídos em 6 ritmos nos 42 km, e 5 ritmos nos 21 km, de uma forma semelhante à participação da CR, na Meia de Pomerode, em outubro passado.
Quanto às dificuldades da prova, o início às 6 horas, ameniza muito a questão da temperatura, que varia gradualmente, de frescos 17º até infernais 28º, numa cidade conhecida pela elevada umidade. A concentração de subidas exatamente na etapa final da prova se torna um grande desafio. Como a organização tem um padrão elevado, é de se lamentar o fato de inevitavelmente a maratona precisar passar por alguns trechos de asfalto irregular, mal conservado.
A medalha pode ser considerada bem simples em relação ao que os brasileiros estão acostumados, mas são diferenciadas conforme a distância percorrida: 1.421 concluintes na maratona (foram 885 em 2011) e 3.087 na meia (1.987 em 2011). Atletas de mais de 30 países participaram do evento.
A atenção nacional também esteve voltada para Maickel Melamed, o embaixador da Maratona de Caracas, que emocionou o país no ano passado, após completar a Maratona de Nova York em 15h22, superando sua condição de restrição de motricidade, consequência de complicações no momento do parto. Economista de formação, o conferencista motivacional de 36 anos iniciou sua jornada às 4h30, percorrendo 17 km da capital venezuelana.
TORCIDAS ANIMADAS. Uma particularidade desta prova, elogiada tanto pela elite como pelos amadores, foi a grande participação popular, que apoiou incentivando os atletas ao longo de todo o percurso. Por trás deste sucesso, havia um cuidado especial da organização. Foram instalados 18 "pontos de animação", onde os parentes e amigos teriam estrutura e segurança para acompanhar a prova.
Além disso, no Manual do Corredor (que pode ser visualizado no site da prova), havia uma página dedicada aos acompanhantes, com diversas dicas de bons modos e sugestões de como torcer, inclusive com uma orientação muito bem lembrada: "Evite dar conselhos aos corredores. Jamais lhes diga "falta pouco", ainda mais quando isso não é verdade". Um belo exemplo de que para a realização de um grande evento, não basta jogar toda a responsabilidade na organização. Os participantes e o público também podem fazer a sua parte!
TAMBÉM TURISMO
Caracas ainda não é um destino em que o maratonista amador brasileiro irá se "sentir em casa", como nas maratonas de Buenos Aires ou Santiago. Porém, a prova avança a largos passos para fazer parte do circuito das melhores maratonas da América do Sul.
E para quem pretende aliar a corrida ao turismo, numa viagem mais longa, vale a pena visitar o Parque Nacional da Canaima, ou dar uma esticada até Los Roques, Isla Margarida, e as demais maravilhas do Caribe. Quanto à hospedagem em Caracas, reserve com antecedência, a partir do formulário no site da prova, o que permite estada em hotéis luxuosos, a preços acessíveis. Veja mais em: maraton.caf.com
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Fiz a prova, realmente é excelente. Tanto na organização como no percurso. hidratação de 2 em 2km. Excelente opção p os brasucas….