Notícias admin 1 de dezembro de 2011 (2) (775)

Maratona de Buenos Aires: linda e rápida, mesmo!

Fiz minha inscrição para Buenos Aires por influência de um amigo, que correria ali sua primeira maratona. Seria a minha quarta no ano e, apesar de eu saber que o percurso é plano, estava um pouco ressabiado – não queria passar da medida e entrar em overtraining. Mas a boa companhia e o fato de eu não conhecer a cidade me convenceram. E lá fui eu com a patroa, para mais um desafio internacional.

De cara me impressionei com a cidade: a capital argentina parece uma capital europeia perdida na América. Os prédios das décadas de 20 e 30 contrastam com edifícios mais austeros, resquícios da ditadura militar, que ali fez, como no Brasil, muitas vítimas e deixou sua marca.

Largada no horário (7h30) e fui encontrando o meu ritmo enquanto passava pelo hipódromo, no bairro de Belgrano. Em Palermo já consegui me desvencilhar do grande pelotão e estabelecer um certo espaço para poder aproveitar a paisagem. Estava nublado e a temperatura na casa dos 16 graus. Nesse começo de prova ainda podia se ver muita gente voltando da balada. O pessoal em Buenos Aires sai mais tarde que a gente para as noitadas, por conta disso, até as 8 horas da manhã ainda se via nas ruas aquele pessoal com cara de festa celebrando os corredores. Aliás, não eram muitos os espectadores: um feriado prolongado espantara a população e deixou a capital vazia, mas bem agradável para passear.

No centro da cidade, enquanto a prova passava pela Avenida 9 de Julho, Casa Rosada e Plaza de Mayo, me empolguei demais com o visual e comecei a acelerar o ritmo. Senti que dava para apertar o passo e constatar se realmente a prova faz jus ao título de rápida. Uma passagem ligeira pela Bombonera e, logo à frente, o Rio da Prata, que perto do km 20,  tem ares de mar, devido a sua largura. Fiquei realmente impressionado com aquela visão: o rio dos hermanos impõe respeito. Impressionou também a hidratação perfeita: garrafinhas de água e isotônico em copos abertos a cada 5 km. Sem falar no fornecimento de frutas (bananas, laranjas e frutas secas) com bastante frequência.

Perto do km 30, a prova começou a ficar mais silenciosa, por conta do desgaste. Nesse ponto o percurso se afasta do centro, em direção ao aeroporto e de volta ao local da largada. Prevendo o desgaste, a organização montou postos com sachês de gel de carboidrato e mangueiras de água para dar uma esfriada no pessoal. Para nós, brasileiros – e éramos muitos correndo a prova – a temperatura não pedia esse agrado, mas valeu a intenção da organização. Mais 5 km e entramos de volta no parque onde se deu a largada, que diga-se de passagem, é lindo e totalmente arborizado. No trecho final constatei que realmente estava mais rápido que o esperado e, apesar de cansado, tinha gás para acabar forçando para fazer meu melhor tempo em maratonas.

Quando vi a grande avenida Figueroa Alcorta e o pórtico de chegada percebi que muitos corredores estavam emocionados. Lembrei que muita gente debuta nos 42 km em Buenos Aires, pela altimetria e condições gerais e então me animei mais ainda com o clima de superação. Fechei a prova em 3h38, meu recorde pessoal. Por volta do meio dia estava de volta ao hotel e pronto para me render ao encantos do churrasco argentino, que como a maratona, também superou as expectativas.

 

PRIMEIRO A CHEGAR…

Si señor, fui o primeiro a chegar na Maratona de Buenos Aires. Vamos aos fatos: Uma semana antes à realização da prova, conversando com um amigo, ele me alertou de forma muito contundente: " Tem que chegar muito cedo no local da largada em Belgrano, um parque muito afastado porque o trânsito fica todo trancado. O táxi praticamente não consegue chegar e boa parte terá que fazer a pé. Nem leva mochila para o guarda-volumes, pois não dá tempo de guardar nada. Vai chegar em cima da largada!".

Confesso que isso calou fundo no meu cerebelo e fiquei mentalmente traçando estratégias para meu deslocamento. No hotel do centro onde estava pedi um táxi para as 5 horas. Acordei, coloquei minha indumentária de maratonista, calção, camiseta, número no peito, chip no tênis, dinheiro para ir e voltar e só. Parti na madrugada fria e escura e em menos de 15 minutos estava no local da largada. Quinze minutos! Com exceção de um guarda sonolento, não havia mais ninguém lá. Barracas vazias, cavaletes, infláveis de patrocinadores sem ar, bandeirolas no chão.  Nem uma viva alma.

Para melhorar minha situação, além do vento frio, começou a chuviscar forte. Com frio só de camiseta era horrível, molhado seria pior. Procurei então abrigo na escuridão do parque sob uma árvore e por sorte achei um papelão para cobrir as costas. Foi como um mendigo que assisti nas duas horas seguintes a chegada das pessoas. Primeiro os organizadores, pessoal de apoio e por fim os 6 mil corredores da maior maratona da América Latina. Levantei da minha moradia de mendigo (e pensei que vida triste dos que não tem teto) e me preparei para a largada, deixando meu abrigo de papelão. A largada da maratona para muitos é um momento de tensão, mas nesse caso para mim foi um alívio.  Deixava minha vida de morador e me tornava um corredor de rua. Lembrei do meu amigo e falei entre os dentes: – Muyyyy amigo! (Carlos Iotti)

 

 653 BRASILEIROS!

No total, 653 brasileiros completaram a prova portenha, que teve o queniano Simon Njoroke vencendo em 2:10:24, novo recorde do percurso. Agora, a Maratona de Buenos Aires passa a ser não só a maior – com pouco mais de 5.500 concluintes, como também a mais rápida da América do Sul. Completaram o pódio, Ben Kipruto, com 2:13:00 e Toni Kiprop, com 2:13:12, ambos do Quênia.

Entre as mulheres, a vitória foi a atleta da casa Andrea Graciano (2:46:34), seguida pela também argentina Karina Neipán (2:46:34) e pela paraguaia Carmen Martinez (2:49:08).

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2 Comments on “Maratona de Buenos Aires: linda e rápida, mesmo!

  1. boa tarde, gostaria de ter a ediçao de novembro, quero ler as reportagens da maratona de buenos ares. eu participei. seria possive?

  2. gostaria de obter a ediçao da revista comemorativa dos 10 anos com resultados dos 50km rio grande,pois estou voltando aos treinos depois de alguns anos sem treinar por ter tido uma recaida nas drogas. obrigado

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