Percurso rápido e plano, avenidas largas, temperatura amena, público e bandas animando o trajeto, feira e retirada do kit com vários mimos aos corredores. Berlim? Chicago? Não, Buenos Aires! Com a vantagem de uma viagem mais curta e barata, a prova argentina vem atraindo cada vez mais brasileiros. E muito provavelmente seriam em maior número, se não houvesse coincidência de data com Chicago, realizada no mesmo dia, e as outras três disputadas em solo nacional (Recife, Foz e Floripa) na semana anterior. De qualquer forma é, de longe, a maior maratona da América Latina.
A temperatura estava em torno dos 18 graus na largada e com alta umidade (por volta de 80%), o que talvez não fosse o ideal para que o recorde da prova fosse batido. A organização não escondia o desejo de ver um tempo sub 2h10, mas não foi possível. O queniano Erick Nzioki completou em 2:12:05, enquanto Lucy Karimy, também do Quênia, venceu em 2:41:38.
Durante o percurso, apesar de ter chovido levemente por boa parte da prova, era surpreendente ver o público incentivando os corredores, coisa a que estamos pouco acostumados em nossas maratonas. O mais interessante era perceber que havia vários chilenos correndo (369 – segunda maior delegação, ficando atrás somente da brasileira) dada a quantidade de pessoas que gritavam "Chi-chi-chi, le-le-le, viva Chile!" todas as vezes que identificavam um compatriota entre os maratonistas.
Os postos de água, que apareciam de 5 em 5 km, contavam com estafes muito solícitos, que deixavam abertas as pequenas e gorduchas garrafas para facilitar a vida dos corredores. Os postos de isotônico foram posicionados entre os de água, e os copos (de papel, que facilitavam o afunilamento, para beber) eram muito bem distribuídos.
MUITA MÚSICA. Em pontos estratégicos do percurso havia bandas para animar os maratonistas. Teve rap, cover dos Beatles, de Elvis Presley, um grupo de dança fazendo a coreografia de "Thriller" do Michael Jackson, entre outros. O ponto alto e muito bem pensado foi por volta do km 32, em que se ouvia música eletrônica bem alta e vários voluntários animadíssimos com placas de incentivo do tipo: "Não deixe o muro te parar. Passe por cima dele".
A dispersão após a chegada também foi tranquila e exemplar, com distribuição de uma capa plástica grande, semelhante àquele cobertor de alumínio das provas americanas, que os corredores usavam para se proteger do vento e do frio, até pegarem seus pertences e trocar de roupa.
SORTEADOS DA CR. Entre os assinantes que ganharam o sorteio dos 18 anos da revista e foram encarar a prova, um merece destaque: Luiz Raimundo da Silva é zelador e corredor há 27 anos; já correu 21 São Silvestres (20 consecutivas), tem medalhas de oito maratonas de São Paulo e nunca tinha saído do Brasil. Completou Buenos Aires em 3h52, feliz da vida e achando a prova impecável. "Gostei de tudo!", disse.
Já o major da Força Aérea Brasileira, Marcos Aurélio Myrrha, escolheu Buenos Aires para sua estreia na distância. Seu currículo como militar ajudou no sentido de que sempre tem que estar em forma, mas Marcos treina há 10 meses sob orientação profissional. Nesse ínterim, fez quatro meias-maratonas e acatou a sugestão de seu técnico, Rodrigo Murakami, de correr a maratona portenha e finalizou em 4h. "O percurso é muito bom. Achei muito tranquilo, pois não sofri. Também gostei da organização e da empolgação da torcida", disse.