Participei da 15ª Maratona da Muralha da China, dia 18 de maio, na cidade de Huangyaguan, distrito de Tianjin, cerca de 100 km de Pequim. Obrigatoriamente a inscrição tinha que ser feita por agentes oficiais do organizador (Albatroz Travel-Adventure Marathon).
No Brasil fiz minha inscrição na Kamel Turismo, pelo preço de US$ 1.280, o que incluía 5 noites de hotel e um transfer aeroporto x hotel; além disso, paguei mais uma taxa de chip (US$ 35) e taxa de reserva e serviço (US$ 180). A prova tinha opção para maratona, meia e 7,5 km, sendo que nesta última distância os participantes faziam um percurso de 4 km sobre asfalto (subida) e 3,5 km sobre a muralha.
Como optei em chegar um dia antes do início do pacote, foi excluído o transfer do aeroporto para o hotel. Mas não tive problemas no aeroporto de Pequim; simplesmente procurei o serviço de informações e em inglês me informaram as opções para ir ao hotel: táxis, metrô ou ônibus. Optei pelo ônibus para sentir o clima da China e em 1h30 estava a uma quadra do hotel. Apesar de o hotel distar cerca de 30 km do aeroporto, o trânsito de Pequim é extremamente pesado a qualquer hora.
A última vez que estive em Pequim foi em 1986, e felizmente a China mudou muito. Apesar do caos no trânsito, onde pedestres, bicicletas e veículos disputam quem tem mais prioridade nas ruas, Pequim é uma cidade moderna e bastante interessante, pois ao lado dos monumentos históricos bem preservados, observam-se edifícios modernos.
Infelizmente poucos chineses falam inglês, inclusive nos hotéis programados pelos organizadores da maratona. Os guias são mais transfers do que propriamente agentes de turismo, pois não conseguem dar quaisquer informações, além daquelas já consignadas nos papéis oficiais da maratona. Entretanto, se você souber aonde pretende ir, basta anotar os endereços em inglês e em mandarim que você consegue se locomover na cidade seja de metrô ou de táxi. Eu passei um dia inteiro andando de metrô, conhecendo vários pontos turísticos, como o estádio Ninho de Pássaros (Bird´s Nest), no Olympic Green Village, sede dos jogos olímpicos de 2008, obra fantástica, com um dos shoppings centers mais modernos do mundo.
À noite, no hotel, nosso guia nos entregou o kit da corrida, que incluía uma camiseta oficial, dois números, um ticket para entrada no local da largada, um para massagem e outro para o jantar de celebração. No dia seguinte à chegada, saímos de Pequim para a cidade de Huangyaguan para conhecer o trajeto da Muralha da China. É uma região serrana com lagos e temperatura entre 16 e 18 graus.
Nesse local todo o grupo de maratonistas se reuniu numa praça para ouvir as explicações e regras que seriam adotadas na corrida. Os organizadores colocaram algumas barracas próprias para vender camisetas, bonés e shorts de corrida, porém sem o glamour das grandes feiras existentes nas maratonas internacionais. Felizmente eu tinha levado tudo de que iria precisar durante a corrida.
Na prova, tínhamos água a cada 5 km, banana e outro líquido que lembrava um Gatorade diluído e que tinha até um sabor agradável. Na noite da sexta-feira tivemos um jantar de massas no salão de um hotel próximo ao nosso. A corrida foi no sábado.
Como previsto, a largada da maratona e da meia ocorreu em 4 ondas, para evitar congestionamento na Muralha. A primeira às 7h30 e as demais com intervalo de 10 minutos. Os maratonistas tinham um prazo máximo para terminar de 8 horas.
Tanto a largada como a chegada era na Yin e Yang Square, sendo que os maratonistas faziam a Muralha duas vezes (na descida e na subida) representando um percurso de 3,5 km cada vez.
No início da prova tivemos uma subida razoável de 4 km. Em seguida teve início a Muralha com 2.582 degraus, na qual tinha trechos de subidas e descidas com degraus irregulares pela montanha, o que dificultava para os corredores manter um ritmo único.
Após esse trecho de 3.750 metros sobre a Muralha, chegávamos novamente no local de largada. A partir daí, os maratonistas seguiam em terreno ora asfaltado ora em piso de terra batida por cerca de 27 km. Em alguns trechos havia uma subida muito forte, enquanto em outros passávamos em meio a uma plantação, onde o piso era totalmente irregular com cascalhos, pedras e terra molhada. Felizmente, eu estava usando um tênis especial para terrenos irregulares, que tinha duplo amortecedor o que dificultava a entorse dos pés.
No km 37, voltávamos para a largada e recebíamos uma pulseira, para novamente subirmos a Muralha de volta. Até esse momento os corredores não sentiam muita dificuldade. Ocorre que os próximos 3,5 km da Muralha, com seus 2.582 degraus irregulares, eram em sua maioria subida, que mais parecia que estávamos subindo uma escada com ângulo de 75 graus. Foi terrível para as pernas, pois os músculos davam sinais de fadiga a todo momento. Após esse segundo trecho na Muralha, mais 4 km, porém em descida (a mesma do início da prova).
Terminei a maratona em 5h35 (2º lugar na faixa 65/69 anos). O campeão foi um norte-americano de nome curioso (Jorge Maravilha), que completou em 3h09, enquanto a vencedora, uma italiana, fechou em 3h32. Completaram a maratona 755 corredores, na meia 1.248 e 448 na prova de 7,5 km. Do Brasil, 10 finalizaram na maratona, 6 na meia e 7 na prova menor.
Wilson Cotrim é assinante de São Paulo.