Blog do Corredor André Savazoni 29 de agosto de 2012 (14) (154)

Mania de corredor. Todos temos. Mas há algumas que não entendo…

Mania é o que não falta para corredor. Tem quem adore correr com meias de compressão azul calcinha. Quem faça uma combinação de roupas no melhor estilo axé, quanto mais cor, melhor. Outros que anotam exatamente tudo o que fazem: quilômetros percorridos, frequência, temperatura, sensação… Quem vai para 10 km com cinto de hidratação e quatro garrafinhas… Todos temos nossas manias. Eu, por exemplo, só corro de boné. Com sol, chuva ou neve. De dia ou de noite. Mas confesso que há algumas manias difíceis de explicar.

Uma delas, que cada vez me chama mais a atenção, é o uso de fones de ouvidos. Calma, não é a questão de correr ouvindo música (ou nosso podcast Contra-Relógio no Ar, por exemplo). Eu não gosto (quero ouvir o mundo ao redor, sempre), mas sei de gente que tira até benefício do ritmo musical. Excelente. O que não entendo é as pessoas estarem em grupos com fones de ouvido, dentro de um mundo paralelo.

Não há coisa mais legal do que estar em grupo e ir batendo um papo (quando o ritmo deixa, é claro)? Rodamos mais forte, fazemos uma quilometragem maior, o tempo “passa” bem mais rápido… Se você vai sair com amigos para correr e coloca o fone para ouvir música, qual o sentido de estar em grupo?

Outro ponto que me chamou a atenção recentemente: correr provas de montanha com fone de ouvido. Digo isso por uma experiência que vivi no Mountain Do Praia do Rosa. Foi até hilária. Ri muito. A meu ver, em provas de trilhas, você tem diversos trechos longos em que só passa uma pessoa e, para ultrapassar alguém, precisa de um contato. Como? Pela voz. “Por favor, posso passar”. “Estou indo pela direita” e assim por diante. Sempre com educação, lembrem! E paciência, há lugares em que não dá mesmo para passar.

Na Praia do Rosa, chegou um ponto em que começamos a alcançar o pessoal dos 9 km. Nas trilhas. Havia uma garota na minha frente, em um trote devagar quase parando. Estava no ritmo dela. Perfeito. Sem problemas. Porém, com música alta, ela não me ouvia. Falei umas três vezes, até aumentar um pouco a voz e ela abriu passagem. Corri uns 150 m e escutei: “Aiiiii”. Um grito feminino. E uma voz masculina: “Me desculpe, me desculpe.” Comecei a rir. Lógico: outro corredor foi ultrapassá-la, ela não ouviu que vinha alguém (pelo fone e som alto) e saiu para o mesmo lado. Choque inevitável.

As manias, como escrevi acima, fazem tão parte do cotidiano da corrida como pace, hidratação, longões e assim por diante. Porém, temos de pensar que essas manias não podem atrapalhar nossa percepção do todo, do “ao redor”, porque, muitas vezes, ter todos os sentidos funcionando é algo fundamental tanto para nossa segurança como para quem corre com a gente. Não é assim mesmo?

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14 Comments on “Mania de corredor. Todos temos. Mas há algumas que não entendo…

  1. Você descobre que está pirando com esse negócio de corrida quando…

    http://fabionamiuti.hd1.com.br/pirando.htm

  2. Olá, eu mesmo tenho a minhas manias e rituais que se não faço parece que não vai dar certo. Combinar roupas, não misturar muitas marcas, ter a roupa da sorte (e olha que dá sorte mesmo!!!). Concordo com você da música, principalmente quando a pessoa está na raia 1 e o treino do dia é TIRO (o ritual deste treino é rezar muito para a pessoa sair da frente!!! rsrsrsr). abraços Fábio Pena

  3. Concordo contigo em tudo, salvo pelo boné, que não uso. iPod só para longos em velocidade de cruzeiro ou aqueles 30′ em TR.
    Mania, mania acho que só uma: uma bermuda preta que me dá sorte, ou eu associo boa prova à ela.
    Abç

  4. Vou falar pro Cassio que vc anda citando o menino de forma pejorativa em seus textos….

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    Rs, que nada, ele e o rapaz da meia de compressão azul calcinha foram simplesmente coincidência… há muitos que se encaixam nesse perfil kkkkkk Sabe aquela referência em novelas: qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência!!!!

  5. Corro só ouvindo música, já tentei deixar mas, não dei conta… foi muito bom eu ler essa reportagem… outras manias não tenho, como roupas e etc.. tento correr com o mínimo de elegância possível, afinal sou mulher. Odeio as corredoras iniciantes que vão correr como se fosse para academia, meiões e tudo mais.

  6. Dessa mania aí dos fones eu não sofro (também gosto de sentir e ouvir tudo ao redor), mas em treino coletivo é falta de educação correr com fones. E falta de noção também. Nas trilhas é complicado pelos motivos que você relatou. Geralmente, quem ouve, coloca o som no último volume e é impossível ouvir outra coisa.

  7. Boné nem é mania qdo o cara é careca…rs
    Já corri de fones, André, não vejo problema, exceto nesses 2 casos em que tu citaste: em grupo e com volume alto. Se está em grupo, usufrui da experiência de estar em grupo. Se está com som alto, bom, aí já é um pouco de falta de bom senso mesmo. Será que a pessoa não se dá conta de que alguém possa querer ultrapassar? Já vi gente na pista com fone, o cara tem que se matar gritando para escutar…E tem gente que corre à noite de fone em lugares ermos, o que é uma temeridade, qqer marginal pode se aproximar sem a pessoa perceber.
    Mas eu tenho uma boa para contar sobre mania: fui na loja Asics no Ironamn, escuto um corredor perguntar para a vendedora: tu tens um tênis mais indicado para quem sua demais nos pés? Morri de rir. A vendedora não sabia direito o que responder, pq é muita esquisitice para uma pessoa só.

  8. Tô achando que rolaram duas indiretas para mim aí. Uma intencional: a que fala do estilo axé. Acho que seria mais fiel à realidade se tivesse chamado de estilo Agostinho Carrara. A outra não sei se foi intencional: mas sou o cara que anota tudo. km, frequência cardíaca etc são coisas de principiante. Só aceito debater esse assunto com quem anota umidade relativa do ar, quilometragem do tênis, meta x realizado no treino e assim por diante.

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    Cassio, nada disso, nenhuma indireta. O Danilo Balu que é um corneteiro kkkkkk São histórias do dia a dia das corridas… nos dois casos… agora, adorei o estilo Agostinho Carrara.

    Abraço
    André

  9. Musica e camiseta Baleias

  10. O que alguns chamam de mania, eu chama do bons hábitos (por exemplo, tem um log com tudo munuciosamente anotado). Só é mania quando é alguma coisa que eu não gosto ou não faço.

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    Faltar aos treinos marcados com os amigos seria uma mania sua? Ou bons hábitos? kkkkk

    Abraço
    André

  11. Manias à parte, o que não compreendo é correr com FONES de ouvido em trilhas. FONES, daqueles enormes que parece meia laranja em cada orelha mais um fio grosso, por fora da camiseta. Como aquilo não engancha nos galhos das trilhas, eu não sei kkkkkkk. Vi um caso assim no Rosa, na rua até que é comum…

    Abraço

  12. No Mountain Do da Lagoa do ano passado um atleta com fones foi para o lado errado no ante-penúltimo posto de troca. Depois de quase 500m na direção errada e com todo mundo gritando ele se deu conta que algo estava errado e deu meia volta… se o som estivesse um pouquinho mais alto iria parar em Jurerê, rsrsrs
    Abraço!

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    Boa essa Edenilson… já pensou, o cara chegando e perguntando: é a aqui a chegada? “Não, o Mountain Do Praia do Rosa é mais para frente”, rs.

    Braço
    André

  13. Bom dia, Andre,

    Ótima colocação, bem humorada, o texto seu sempre nos trazendo boas sacadas. Tirando a retórica voltada pro seu “público interno” (essa de exé, que eu nem sei do que se trata, problema de vocês!!! Kkkkkk), a gente nunca sabe se estamos “maníacos” ou não! São os outros, os “nossos espelhos” que nos dão a verdadeira noção (ou mais aproximada) do qeu “estamos” ou “somos” nesse mundo! Lendo seu post eu “tinha” uma mania: os fones! Desde que comecei a correr de verdade, em Jan/2010, se preparando para uma prova, e desde que comprei (atualizei) um celular (não sou maniaco por tecnologias uptodate) senti uma maravilha ouvir um rádio enquanto eu treinava. E assim foi, desde os treinos e provas até recentemente, mas com algumas mudanças em minha vida, um dia, deste ano, numa prova, se não me engano no PR ou SC, resolvi correr sem fones! Mas falando em Praia do Rosa, até em Morretes, na Subida da Graciosa tentei sintonizar uma rádio por lá! Rsrsrsrs!!! E hoje raramente uso, a não ser em provas em algumas cidades ou quando estou mesmo a fim de ouvir uma música. Mas concordam que treinar sozinho de madruga nas ruas da USP sem um rock fica meio complicado?

    Abração a todos

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    Ouvir rádio é uma delícia mesmo, Carlos. Aprendi isso com meu pai e sempre tenho o meu de pilha. Agora, realmente, falei naquelas situações sobre correr ouvindo um som. Agora, sozinho, ajuda mesmo que gosta. Eu particularmente, prefiro ouvir o resto, minha respiração, o som das ruas, as passadas… Bem, mesmo na madrugada em São Paulo, deixe um som baixo ou só um fone, já que é bom ficar atento também!

    Abraço
    André

  14. O boné no meu caso é útil para que o suor não escorra pela testa, e poderia ser substituido por uma testeira. Os fones as vezes, mais por conta do aplicativo do celular, mas que estou me habituando a usar sem fones. Mas a minha mania é mesmo correr com um apito. Principalmente nos treinos, nas provas tem que saber usar com bom senso.
    Boa dica e abraço do Corredor do Apito.
    http://ocorredordoapito.blogspot.com.br/2012/07/por-que-correr-com-o-apito.html

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