Todos nós sabemos que a corrida causa impacto em torno de três vezes o peso corporal e esse impacto pode ser amenizado, dependendo da passada e de um equilíbrio entre as forças geradas nos pés, pernas e quadril. Entretanto, a parte superior do corpo é tão importante quanto a inferior nessa questão do equilíbrio.
Numa visão crítica, basta qualquer um de nós ficarmos na linha de chegada de um prova de média e/ou longa distância para observar quantos corredores chegam com a parte superior do corpo toda desarrumada. Uns com a cabeça pendendo para o lado, um ombro caído e não menos raro curvado para frente (corcunda). Todos esses desequilíbrios vão a cada quilômetro desgastando o corredor e contribuindo para a antecipação do cansaço e as dores generalizadas. Mas também vemos corredores com boa postura o tempo todo e não são raros comentários como: "Fulano corre bonito". Esses sofrem menos.
A cabeça, pescoço, ombros e braços formam um conjunto importantíssimo, que deve estar não apenas fortalecido como flexível e livre de tensões físicas e se possível emocionais. O balanço dos braços tem tudo a ver com a passada e o equilíbrio, interferindo diretamente na harmonia do conjunto. Claro, não significa que quem corre todo torto não consiga correr. Mal comparando é como rabo do cachorro que confere mais equilíbrio ao atravessar uma pinguela embora o sem rabo também atravesse, mas à custa de novas adaptações dos sentidos para manter o equilíbrio.
Muitos corredores reclamam de dor no ombro, meio das costas e/ou coluna cervical durante a corrida de mais de uma hora. O osso do braço, chamado de úmero, se encaixa perfeitamente numa cavidade da escápula, na parte superior das costas, enquanto na frente tem a clavícula. Esse conjunto de escápula, úmero, clavícula, coluna vertebral e costelas é protegido superficialmente pelos grupos musculares do grande dorsal, peitoral, deltóide e internamente o grupo muscular chamado de manguito rotator, cuja função principal é fazer o úmero rodar perfeitamente dentro da cavidade na escápula, sem atrito das partes ósseas, que geram as dores na corrida. Qualquer tensão na chamada cintura escapular compromete a flexibilidade desse conjunto, influenciando diretamente no gesto esportivo e no desempenho.
Não menos importante é o abdome e os músculos que protegem a coluna lombar. Essa região central do corpo é responsável pela transferência de força para as pernas e deve estar sincronizada com o conjunto de cima. Também geralmente esquecidos pelos treinamentos convencionais são os músculos do assoalho pélvico situados na parte inferior da bacia, formando uma espécie de funil no meio das pernas. Dores com origem nessa região costumam ser confundidas como sendo na virilha.
A seguir apresentamos os exercícios indicados para o fortalecimento do tronco e dos membros superiores, assim como do abdome.