Prova de montanha não tem facilidade. Trilhas abertas ou fechadas, subidas, obstáculos naturais – como erosão, pedras soltas, buracos, riachos, galhos e raízes –, descidas íngremes… Agora, quando une um conjunto de fatores (naturais e por falhas), o resultado é uma prova insana, como pode ser classificada a primeira edição do K21 Curitiba, realizada ontem. A mais difícil que já participei.
A altimetria (como podem conferir no relatório do amigo Adolfo Neto, de Curitiba) era terrível. E numa crescente. Perfeita. Foram três subidas e descidas daquelas, mas evoluindo. Da mais “fácil” para a “quase impossível”. O desgaste físico natural de uma corrida na montanha, foi sendo acentuado quilômetro a quilômetro.
Quando subimos o Morro da Palha, a segunda elevação, existia a dúvida: “Se essa não é a pior, nem quero imaginar…” Melhor assim, porque a última, a “Subida do Guardião”, foi “inimaginável” mesmo, para nunca mais esquecer. Em trilha, com angulação daquelas. Haja força nas pernas. Subi esse trecho todo andando rápido, sem parar. Mas nada de trote. Mesmo caminhando, tanto as panturrilhas quanto as coxas queimaram como nunca. Ao chegar lá no alto, com uma vista magnífica, despencamos literalmente morro baixo.
O segundo fator para a dificuldade foi o forte calor. O dia estava lindo, céu azul, o que trouxe uma temperatura elevada, potencializando a já citada complicação do percurso.
Para completar o trio explosivo, os postos de água, principalmente na segunda e mais difícil parte tanto pelo desgaste quanto pelo trajeto, estavam distante demais entre eles. Isso “quebrou” muita gente. Corri forte a prova, fiquei em 16º no geral em 2:25:29 (o vencedor, José Virginio de Morais, fez em 1h56), claro que se tivesse mais água, me ajudaria, mas pessoalmente não senti qualquer complicação por isso (corro muito sem água), mas pensava o tempo todo em quem vinha atrás. Sabia que daria problema. Como deu. Conversei com a organização ao chegar e após a cerimônia de premiação. Já prometeram melhorias para 2014. Faz parte dos aprendizado.
Essa foi uma falha que poderia ter sido evitada, até porque boa parte do percurso (com a chegada e largada) ocorreu dentro do Parque Ecológico da Empresa de Águas Ouro Fino, com inúmeras fontes de água mineral – não era para falta água. Lugar lindo e que vale o passeio, por sinal (voltarei ao assunto nesta semana, comentando também sobre ao Parque Barigui, mais um “point” de corrida que conheci pelo Brasil).
Um complemento nos problemas: o percurso também teve algo em torno de 22 km.
A sinalização em 95% do trajeto também estava boa, só considero o trecho final do Morro da Palha confuso. Havia a parte de estrada e um caminho interno. Os dois foram usados. A organização, depois, me informou que não houve interferência, pois a distância nos dois dava a mesma, então, perfeito.
No geral, o K21 Curitiba foi muito bom, tem o que evoluir para a segunda edição, em 2014, mas o saldo foi positivo.