Juliana Paula Gomes dos Santos está qualificada para a sua primeira disputa olímpica. A fundista venceu ontem (sábado) o Meeting de Oordegem, na Bélgica, com o tempo de 9:39.33. A marca, abaixo do índice olímpico (9min45), também é o novo recorde brasileiro e sul-americano da prova – a corredora superou o resultado de Sabine Letícia Heitling (9:41.22) conquistado em 25 de julho de 2009.

O técnico de Juliana, Adauto Domingues, estava confiante que a fundista conquistaria o índice com base nos seus treinos e últimos resultados. No Campeonato Ibero-Americano, realizado no Rio há uma semana, ela venceu os 3.000 m rasos em 9:03.11.

“Era um resultado esperado pelos treinos que ela vinha fazendo. A Juliana tinha uma dificuldade com os obstáculos, com o fosso, e não estava saindo um fim de prova rápido. Mas finalmente ela encaixou uma prova. Hoje (ontem) conseguiu correr a penúltima e última voltas rápidas. O Marilson (Gomes dos Santos, que acompanha a esposa Juliana na Europa) me passou os tempos e a prova saiu muito bem. Ela tinha feitos treinos que mostravam isso, mas faltava encaixar esse fim de prova rápido”, disse Adauto.

A conquista do índice premia o trabalho de Adauto e Juliana, que apostaram em uma mudança no programa de provas da corredora desde que ela retomou a carreira – em 2011, ela deu à luz Miguel, fruto do casamento com Marilson. Juliana migrou das provas de meio-fundo (800 m e 1.500 m), nas quais se destacava como a melhor atleta do país, com sucesso. Nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, conquistou a medalha de ouro nos 5.000 m com pouco tempo de treino.

Adauto Domingos foi um dos principais corredores brasileiros dos 3.000 m com obstáculos – conquistou o bicampeonato da prova em Jogos Pan-Americanos (em Indianápolis-1987 e Havana-1991). E, agora, comemora o êxito da pupila na distância que o consagrou. “Até agora eu não tinha um atleta que havia começado a correr os 3.000 m com obstáculos comigo. Fico feliz, não porque era a minha prova, mas sim porque fui eu quem convenceu ela a correr a prova. A primeira vez que eu falei com ela sobre essa possibilidade eu quase apanhei (risos). Mas eu achava que ela tinha potencial.”

Juliana disputou os 3.000 m com obstáculos para valer, pela primeira vez, em abril de 2015. “Participei de um torneio da FPA e corri 9:59.09. Por ser a primeira vez, por nunca ter passado um obstáculo, nem um fosso, todo mundo falou: ‘É a sua prova’”, disse. “Era o sonho da vida do Adauto que eu corresse (a prova), ele só falava bem. Um dia assisti uma prova e falei: ‘Adauto, vou fazer. Vou fazer por você’. Fiz e gostei”.