JOANETE
Foi diagnosticado em meu pé neuroma de Morton e metatarsalgia, e tenho o joanete bem acentuado. Além da cirurgia me foi recomendado, como primeira alternativa, palmihas sob medida. Você teriam informação sobre palmilhas para estes casos. Sou corredor há 20 anos, e não gostaria de parar.
Marcus Evangelista Delarolli,Poços de Caldas, MG
Dos três diagnósticos que você menciona ser portador, o mais importante é o hálux valgus, nome técnico para o joanete, condição frequente em nosso meio, sobretudo em mulheres, e que pode ser extremamente dolorosa e limitante. O hállux valgus nada mais é do que o desvio do I metatarsiano (osso do peito do pé logo atrás do dedão) em direção à linha média do corpo e o consequente desvio para fora do dedão, criando aquela saliência desconfortável na face medial do pé. No caso de cirurgia existe o agravante de exigir um período pós-operatório longo e dolorido, além de não poder colocar seu pé no chão durante várias semanas. Em relação ao neuroma de Morton, esta situação se refere a uma degeneração de um ramo do nervo plantar que forma um enovelado de tecido nervoso na região da sola do pé, comumente entre os dedos IV e V, provocando muita dor para o paciente ao descarregar carga no local, a chamada metatarsalgia (dor na região dos metatarsos). Também é uma situação que pode terminar em cirurgia, mas o uso de palmilhas confeccionadas sob medida está indicado e pode trazer um alívio significativo, portanto vale a pena experimentar.
PRESSÃO ALTA
Corro desde 2003 e de tanto ouvir recomendações sobre a importância dos exames cardiovasculares para maratonistas resolvi fazê-los. Ao terminar o teste, minha pressão estava 14×8, já na fase de recuperação. No resultado saiu: resposta cronotrópica normal e resposta hiperativa da pressão arterial. Isso foi suficiente para que o cardiologista pedisse um exame de Mapa e já está querendo prescrever medicamento para pressão alta. Gostaria de uma segunda opinião.
Américo Gabriel, Rio das Pedras, SP
A resposta hiperativa da pressão arterial observada em seu exame significa que ela se apresentava alta mesmo numa fase que já deveria ter normalizado. Porém, isto é apenas um achado e necessita ser melhor investigado, daí a indicação de lhe pedir um exame Mapa para monitorar sua pressão arterial. Mas rotular você como portador de hipertensão arterial sistêmica e prescrever medicação anti hipertensiva me parece um tanto precoce. Faça o exame de Mapa e posteriormente consulte dois ou três cardiologistas com experiência em cardiologia do esporte para uma opinião fundamentada.
FISGADA NA PANTURRILHA
Já fui atleta de elite e agora tento voltar a correr, mas não consigo devido às frequentes lesões que me acometem, principalmente na região da panturrilha. Mesmo correndo devagar eu acabo sentindo a mesma fisgada. Será que deveria fazer fortalecimento prolongado para só então voltar a correr?
Robson Alves, Campinas, SP
Suas lesões na panturrilha chamam a atenção pela cronicidade das mesmas, ou seja, muito tempo apresentando as mesmas lesões. Seu relato é característico de lesões musculares, mas o diagnóstico deve ser feito após exame clínico minucioso e complementado com exames de imagem. Sofreu alguma pancada ou entorse? Sentiu alguma fisgada no local? A panturrilha é formada por três músculos principais, daí seu nome técnico ser tríceps sural, a saber: as duas cabeças do músculo gastrocnênmio e o músculo solear, que são muito exigidos durante a prática de corrida de longa e curta duração. Creio que deva ingressar em um programa de fortalecimento desta musculatura, e do resto do corpo também, sobretudo enfatizando os exercícios de cadeia cinética fechada e de contração excêntrica, devidamente orientados por um professor de educação física. Alterne seu treinamento de corrida com bicicleta e outras atividades físicas para manter seu condicionamento cardiovascular.
DEGENERAÇÃO DO TENDÃO DE AQUILES
Sou militar do Exército e faço muitas atividades físicas, exercícios e acampamentos que exigem grande esforço físico. Sempre realizei corridas longas, mas no inicio de fevereiro comecei a sentir dores no calcanhar e na panturrilha direita, após as corridas, e sempre com dificuldades para caminhar ao levantar pela manhã. Procurei um ortopedista que solicitou uma ecografia apresentando a seguinte hipótese diagnóstica: ruptura parcial de fibras intrasubstanciais do tendão de Aquiles à direita, com calcificação perinsercional à direita.
Após esse exame fui encaminhado pelo ortopedista para a fisioterapia, tendo realizado várias sessões durante um mês. Como as dores não melhoravam, o ortopedista indicou a cirurgia de PRP (plasma rico em plaquetas), a qual me submeti no inicio de abril vindo a ficar com a perna direita imobilizada por uma semana. Após a retirada da imobilização iniciei novamente as sessões de fisioterapia (diariamente), mas comecei a sentir dores e enrijecimento da panturrilha direita com bastante freqüência, grande dificuldade para caminhar, dor ao pressionar o tendão próximo ao calcanhar e inchaço.
Por fim, realizei um EcoDoppler, cujo resultado foi tendionapatia crônica de inserção do tendão calcâneo. Diante do exposto, gostaria de saber se é necessário uma intervenção cirúrgica mais complexa do que a de PRP, tendo em vista que já se passaram mais de 3 meses e não consigo ter melhoras.
Adilton de Souza Parreira,Brasília, DF
Creio que esteja claro para você que seu diagnóstico é uma tendinose insercional do tendão de Aquiles, uma degeneração deste tecido na região em que ele se junta ao osso do calcanhar (calcâneo), com a presença de focos de calcificações no local, pelo menos segundo a primeira ultrassonografia. Como o segundo exame foi um EcoDoppler, exame este voltado para a avaliação de estruturas vasculares principalmente, não tenho certeza se o radiologista investigou sob os mesmos critérios as estruturas ortopédicas. De qualquer forma, o resultado do segundo exame mostrou uma melhora do quadro radiológico, porém não corresponde aos sintomas atuais, pois você ainda apresenta dores no local.
O PRP (plasma rico em plaquetas) é uma técnica que vem sendo utilizada com maior frequência em nosso meio, e compreende retirar uma pequena quantidade de sangue do próprio paciente, centrifugá-lo para separar seus vários componentes, e injetar no local da lesão apenas a parte deste líquido que contém as plaquetas, partículas presentes em nosso sangue responsáveis pela capacidade de coagulação e regeneração, desta forma objetivando uma recuperação do tecido lesado. Os estudos ainda estão em fases preliminares de uma forma geral, e os resultados se apresentam conflitantes. No seu caso, vale a pena considerar a cirurgia aberta para a revitalização deste tendão, pois seus sintomas não melhoraram mesmo com a aplicação de PRP. Discuta com seu ortopedista esta possibilidade.