Férias! Este ano fui a um lugar que não estava nos meus planos: a Ilha de Páscoa. Mas que bom que estava nos planos do marido, pois Hapa Nui, forma como a ilha é chamada por seus moradores, foi uma grata surpresa. Esta é a região habitada mais isolada do planeta. Para se chegar a este paraíso é preciso viajar à Santiago, capital do Chile e de lá pegar um voo de mais 5 horas. A ilha é conhecida pelos incríveis "moais", esculturas gigantes, com alturas variando entre 3 e 10 metros, construídos com rochas vulcânicas e dispostos ao redor de toda a ilha. Para vê-los existe a possibilidade de contratar uma excursão (R$ 250), alugar carro, moto ou bicicleta. E para os corredores, calçar o tênis.
A ilha tem 24,6 km de comprimento e 12,3 km de largura, em sua maior extensão. Sua forma é triangular e a altitude máxima é de apenas 507 metros. Existem trilhas de diferentes tamanhos. No primeiro dia fizemos o percurso de uma maratona (42 km), porém como tínhamos a intensão de parar muito para fotos, resolvemos pedalar. O aluguel de duas bicicletas para dois dias sai por R$ 120. Pedalar na ilha é muito gostoso, pois as estradas ficam vazias quase todo o tempo. Carros são raros e a paisagem é deslumbrante.
Saindo do lugarejo de Hanga Roa, nos dirigimos ao vulcão Rano Raraku. No caminho, a visão do mar e de pequenos moais. Escolhemos o mês de setembro para esta viagem, por isto pedalamos sob sol, porém com temperatura muito agradável (por volta de 22ºC). O vulcão Rano Raraku era o principal local de produção dos moais e ao chegar lá nos surpreendemos com a quantidade de estátuas espalhadas, dentro e fora do vulcão. Lindo! Além das esculturas que dominam a paisagem, a vegetação e os animais que passeiam livres (vacas, bois e muitos cavalos selvagens) fazem com que consigamos imaginar como era a vida quando não existiam as grandes cidades.
Antes de subirmos ao vulcão almoçamos os sanduíches e frutas que havíamos levado na mochila. Não há local para compra de água ou comida na estrada, por isto carregar seus mantimentos é fundamental. Antes de começar a pedalar, compramos água, bananas, pães e chocolate, ainda na cidade.
NA CRATERA DO VULCÃO. Depois do almoço fomos até a cratera do vulcão, que hoje se encontra alagada e sentamos para descansar e admirar a paisagem. Tanto perto da cratera quanto fora são encontrados centenas de moais. Poucos chegaram a ser transportados dali. Os mais conhecidos fora do vulcão encontram-se a cerca de 2 km de distância. É fácil encontrá-los, caminhando por uma estrada não afastada logo na saída deste sítio arqueológico.
A fileira de 15 moais dispostos sobre a plataforma Ahu Tongariki foi derrubada por um tsunami, mas após 5 anos de trabalhos árduos de arqueólogos chilenos, as esculturas foram novamente dispostas em sua posição original, de 1990. O local merece fotos e mais fotos (com e sem cavalos). Voltamos à estrada, agora rumo à praia Anakena, que é o local com mais turistas na ilha. A água do Pacífico é sempre gelada, mas mesmo assim é imperdível um mergulho rápido… Paisagem linda, moais ao fundo e mar azul.
Antes que escurecesse pegamos novamente as bicicletas para os últimos 18 km até a cidade, com um primeiro trecho só de subidas e depois uma decidona. A chegada na cidade é uma festa. Todo mundo feliz e faminto. Achar algo para comer é fácil; a cidade vive do turismo e a rua principal é cheia de restaurantes. A comida típica da ilha não tinha como ser outra: peixes e frutos do mar, acompanhados dos legumes plantados na região. Existem várias outras opções de pratos, mas nada é barato. Afinal, a ilha está longe, bem longe de tudo. Existem mercadinhos e restaurantes mais modestos, mas mesmo assim este é o item mais caro durante a estada na ilha.
Agora, se você se animar a ir à ilha para correr, leve os suplementos que precisar, já que não encontrará repositores hidroeletrolíticos, maltodextrina ou qualquer outro produto do gênero. Só evite levar coisas demais. A ilha não tem tratamento de esgoto, por isto todo o lixo é colocado dentro de navios e levado a Santiago para tratamento. Isto é um problemão local, já que nada pode ser enterrado, uma vez que o lençol freático já foi severamente comprometido no passado.
Outra opção de passeio é ir na direção oposta da ilha, partindo da cidade rumo ao vulcão Rano Kau. Pedalamos por 1,5 km, mas resolvemos deixar as bicicletas amarradas e subir até o vulcão por entre a mata (2,5 km de subida). Esta subida a pé proporciona uma visão espetacular, nos mais diversos ângulos, algo impossível para quem sobe de carro, pela estrada principal. Ao chegar à cratera do vulcão, um espetáculo à parte com muitas cores e tivemos o prazer de ver o lindíssimo interior da cratera, com 324 metros de altura, e rica e colorida vegetação. Este vulcão também é um dos pontos de água doce da ilha. Já no lado do vulcão que encontra o mar, pode-se visitar as ruínas da antiga vila cerimonial de Orongo.
A Ilha de Páscoa é pequena e três dias são suficientes para conhecê-la toda. Se for visitar Santiago, faça isso antes, porque a cidade grande não tem a menor graça na volta.
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Legal, interessante as informações.