21 de setembro de 2024

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Sem categoria admin 10 de março de 2015 (0) (406)

Histórias que explicam a paixão pelos 42 km

Quem se envolve com o mundo das corridas pelo menos uma vez (ou muitas mais) já deu de cara com a frase atribuída ao tcheco Emil Zatopek, a Locomotiva Humana: "Se você quiser vencer algo, corra 100 metros. Se quiser experimentar uma nova vida, corra a maratona." Independentemente da veracidade e da história criada ao redor dessa afirmação do grande campeão e recordista mundial, os 42 km fazem parte dos sonhos ou pesadelos de todos que entram no mundo das corridas. Não há meio termo. Ou você se apaixona ou decide que não é para você. No primeiro grupo, após a estreia, as maratonas vão sendo acumuladas. No segundo, ou nem parte para o desafio ou ao fazer uma percebe que "não é sua praia".
Uma certeza é que cruzar o pórtico de chegada de uma maratona é completamente diferente de qualquer outra distância pela áurea que a envolve. Se nunca pensou nisso ou acha que estamos exagerando, propomos um desafio: fique, um dia, 1 hora, próximo da chegada de uma prova de 42 km e verá expressões de alegria, tristeza, choro em tal proporção e quantidade que irá provar na prática o que está escrito aqui.
Correr uma maratona é muito mais do que uma simples corrida. Exige meses de dedicação, esforço, alimentação correta, sonhos… seja a primeira, a segunda ou a décima. Para buscar o índice para Boston, ser sub 3h, sub 4h ou simplesmente completá-la. Os objetivos e sonhos são extensos como a distância da prova. Nem poderia ser diferente. Convidamos então oito leitores que correram em Porto Alegre ou Rio de Janeiro neste ano para contarem suas histórias e, principalmente, o dia dos 42 km.

O sonho se realizou…
Cleber Castilhano Vilares
Jardinópolis-SP
No dia 8 de julho de 2008, após dez anos de uso cotidiano de drogas, decidi tentar viver sem elas. Foi quando descobri a corrida através de uma prova de 5 km; achei incrível participar e poder fazer outras, competindo apenas contra o meu tempo anterior. Mesmo conseguindo melhorar, eu sentia que aquele tipo de corrida não era a "menina dos meus olhos". Nesse mesmo evento, recebi dentro do kit uma Contra-Relógio edição n° 184, de janeiro de 2009. O título do artigo era "Dos 15 aos 42 km sem trauma". Bingo! Era isso que eu procurava para a minha vida: correr uma maratona.
A primeira tentativa em 2009 foi frustrante ao passar mal (de ansiedade) na manhã do dia da prova, no Rio de Janeiro. Mas nada iria me privar de seguir em frente, nem mesmo o ortopedista que me pediu para mudar de esporte devido a uma deficiência física nos joelhos, deixando as minhas pernas tortas (pernas de caubói).
Após quatro experiências únicas em completar as maratonas (Rio e Buenos Aires em 2010, e São Paulo e Buenos Aires em 2012), lá estava eu alinhado no pórtico de largada para a Maratona de Porto Alegre deste ano, com um sonho: completar os 42.195 m em menos de 3 horas.
Fazia frio para este paulista do interior, o que era um bom sinal. Minha estratégia era controlar a ansiedade e economizar energia para tentar correr a segunda metade mais rápido que a primeira, e assim fiz.
Do km 40 até o 42 eu não conseguia sentir o impacto de minhas pernas tocando no chão, eu simplesmente flutuava, ouvia as palmas e os gritos do público formando um único som… O som da vida, da vida desta pessoa que já não tinha esperanças em viver… O som da vitória, da vitória da vida sobre a morte, da vitória do esporte sobre as drogas, da vitória deste apaixonado pelas corridas ao entrar para um seleto grupo de maratonistas sub 3h, com o tempo de 2:50:41.
O que senti naquele momento não houve droga no mundo que me proporcionou. Algo tão intenso, prazeroso e verdadeiro. O sonho se realizou…

Primeira grande derrota
Daniel Pedrosa Pinto
Varginha-MG
Participo de corridas há seis anos, mas como moro no interior de Minas corro em média apenas três provas por ano. Sou dentista e treino seguindo as planilhas do livro "Treine Menos, Corra Mais" (B. Pierce, S. Murr e R. Moss) desde 2010. São três dias de corrida e dois alternativos que aproveito para jogar futebol com meu pai e meus amigos. Este ano comecei um novo ciclo de 15 semanas para minha terceira Maratona do Rio. Ano passado terminei em 3h30, então planejei terminar um pouco mais rápido, por volta de 3h27.
Durante os treinos, principalmente os longos, ficou claro que a meta era realista. Eu, meu irmão, Alexandre, e nosso amigo Ernesto fizemos os treinos de acordo com essa meta. Era só planejar a prova, que com a Contra-Relógio do mês anterior ficou ainda mais fácil, com dicas importantes, principalmente a respeito da hidratação e reposição de carboidrato.
Chegou o fim de semana dos 42 km. Eu e o Ernesto saímos de Varginha no sábado às 8h, mas a viagem que era para ser de 5h30 (400 km) durou 7 horas devido ao movimento e obras na estrada. Retiramos o kit e fomos dar uma volta no Arpoador. Depois, macarrão e descanso.
Acordamos às 4h, tomamos café, pegamos um táxi e chegamos no Aterro do Flamengo às 5h20. Pegamos o ônibus da organização sem problemas e chegamos ao local da largada às 6h30. Aí foi encarar o banheiro químico, que diferente do Anderson Silva, é um oponente sério, que não brinca em dia de prova e que faz de tudo para te nocautear!
Momentos antes da largada repasso mentalmente a estratégia da prova: gel de carboidrato 15 minutos antes, 5 km em 25min, 10 km em 50min e gel, meia em 1h45 e gel, 30 km em 2h30 e gel, acelerar para tirar os 3 min economizados e fechar a 4:55 min/km em 3h27.
Por chegarmos mais cedo este ano, conseguimos largar no meio da massa e não perdemos tanto tempo nos dois primeiros quilômetros como no ano anterior. Por que não fazer baias de ritmo? Passei o km 5 em 24:38 e o km 10 km 49:01, ritmo de 4:55 min/km. Como a sensação de esforço era confortável, resolvi manter o ritmo e dessa forma não precisaria acelerar no final, quando o calor seria maior.
No km 15 encontrei dois marcadores de ritmo 5:00 min/km, junto com um pequeno grupo de corredores. Lembrei-me dos famosos ônibus da Comrades, diversas vezes comentados na Contra-Relógio. Fui nele. Passamos a meia para 1h43. Subimos o viaduto do Joá e iniciamos a descida e boom: cãibra na panturrilha. Do nada, sem avisar. Perdi o ônibus, mas continuei mantendo 5:30 min/km até o km 27.
Andar pela primeira vez em uma corrida foi o golpe mais forte. Consegui trotar e andar por toda praia de Ipanema, sendo ultrapassado por todo mundo; me senti uma Morussia (equipe de F1). No km 33, além da panturrilha, o músculo posterior da coxa direita, ou melhor, o que deveria ser um músculo, travou também. Por que você não fez musculação, seu teimoso?
Estava com 2h47. Parei. Pensei em continuar andando, concluir a maratona e levar a medalha que prometi para o meu filho de 4 anos. Levaria mais umas 2 horas, fecharia a prova em 5h30. E aí? Ser humilde e continuar sendo ultrapassado por centenas de corredores, ou humilde para desistir e admitir que tinha perdido e, pela primeira vez em 17 provas, não conseguir vencer meu duelo contra o relógio. Pior ainda, não terminar. Desisti!
Fui para a chegada de táxi encontrar meu amigo Ernesto, que bateu seu recorde, terminando em 3h33. Parabéns a todos que concluíram mais uma maratona, mais um desafio, cada um do seu jeito. Continuem correndo e façam musculação. Eu vou fazer.

A "rainha das corridas"
Luciano Takenori Nishimaru
São Paulo-SP
Decidi correr a minha primeira maratona pelo mesmo motivo que impulsiona quase todos os corredores: o desafio de completar a prova, a "rainha das corridas". Depois de três anos que dei os primeiros passos na corrida de rua, achei que estava na hora de me atrever. Os treinamentos foram duros, principalmente pela mudança de vida. Por conta da medicina que consome boa parte do meu dia e algumas noites, tive de abdicar muitas vezes dos horários de folga, da vida social, da família e dos amigos para treinar.
Eis que chega o grande dia da Maratona do Rio de Janeiro. Ansiedade, angústia, medo e euforia eram os sentimentos que tomavam conta de mim. Fui bem até o km 30, cansativo até o 34 e depois dele o mais puro sofrimento, com muitas dores e cãibras. Nesse momento, todos os meses de treinamento passaram pela minha cabeça e desistir era uma palavra que não existia. Caminhei alguns trechos, mas a todo momento corredores me incentivavam a não parar, a continuar junto com eles em um ritmo confortável.
Nos últimos quilômetros fui acompanhado por um amigo que já havia concluído a meia-maratona, mas ao ver o meu estado ele resolveu me dar forças. Ao final dos 42 km, com o pórtico de chegada à vista, não pude conter as lágrimas. Uma mistura de sentimentos: alegria, dor, sofrimento, realização e conquista. A emoção é infinita! Uma emoção que só quem cruzou a linha de chegada de uma maratona sabe. Agora, já recuperado, é hora de pensar quando será a próxima!

Primeira e sub 4h
Ana Minarelli Gaspar
Araraquara-SP
Corro há três anos e nunca, nunca mesmo, pensei em correr uma maratona, mas quando cogitei participar de uma, pensei em Porto Alegre, por tudo de bom que falam desta corrida. Imaginava que o maior obstáculo seria cumprir os treinos e conciliá-los com a vida pessoal/familiar/profissional, mas neste ano, eu iria encarar… Foi um pouco mais de três meses de preparo duro, puxado, seguindo a planilha elaborada pelo meu treinador, Marcelo Cabrini, em que constava semanalmente treinos de ritmo, fartlek, trote e longões… muitos, mas somente dois de 36 km.
Esses longões foram muito importantes, pois neles aprendi a ter paciência, testei gel e barra de cereal, que usei durante a corrida. A cada treino eu me sentia melhor que o anterior, recuperava-me mais rápido e isso me dava ânimo para continuar nos treinos. Também fazia natação uma vez por semana para soltar a musculatura; RPG para melhorar a postura e musculação duas vezes por semana, além do acompanhamento de uma nutricionista para aprender a comer.
No dia da corrida, levantamos às 4h15 e descemos para tomar o café da manhã com muitos corredores. Um clima já diferente. Tomei meu copo de leite com granola e aveia e duas cápsulas de BCAA. Durante todo o preparo, foi isso que comia antes dos treinos longos e não era hora mudar. No momento da largada, só rezei e pedi para chegar com saúde. E foi a corrida mais legal de que participei até hoje.
Saí mais forte do que tinha planejado, mas me senti muito bem e fui curtindo a corrida, falando bom dia a todos, brincando, mas ao mesmo tempo focada para tentar terminar abaixo de 4 horas… No km 38 a vontade de chorar foi forte, pois nunca tinha corrido tudo aquilo, mas me segurei. Perto da chegada, consegui fazer um "sprint" e terminei em 3h45. Aí chorei de alegria, muita alegria. Todo o treino e disciplina valeram a pena. Cada quilômetro rodado. Consegui o meu objetivo: terminei com saúde e ainda fui sub 4h na minha primeira maratona!

Lavando a alma
Gisele Campoli
Campinas-SP
O título acima resume a Maratona de Porto Alegre 2013 para mim. Mas não foi tão simples assim. Primeiro eu precisei pagar o preço, carregar a cruz. E esse dia foi 1º de abril de 2012, na Maratona de Santiago. Subestimei a prova. Quando fiz a inscrição, olhei a altimetria, vi que tinha muita subida, mas que terminava em descida. Então pensei: "Beleza, vou tirar de letra". Caprichei nos longões, mas forcei demais o ritmo, meu primeiro grande erro.
Negligenciei os treinos de resistência específica, ou seja, deixei de lado os trabalhos em rampas, meu segundo grande erro, já que a prova tinha muitos trechos de subida. Cheguei em Santiago três dias antes da prova e caminhei muito pela cidade, toda empolgada. Meu terceiro grande erro, pois não descansei o quanto deveria.
Para ajudar, o dia da prova foi um daqueles. Estava quente e extremamente seco. Certa vez, ouvi um treinador de Belo Horizonte (Heleno Fortes) dizendo que para você saber se aquele dia está ideal para correr uma maratona, você tem que sentir frio na largada. Quem dera. Já sentia calor na largada e lá pelo km 21 estava desidratada e cansada demais. Nesse momento, meu corpo se entregou. Não tive cabeça para suportar o calor, as adversidades do percurso e entreguei minha prova de mão beijada. Deixei escapar todos os árduos meses de treino, fui fraca. E acabei decepcionada, cruzando a linha de chegada com 4h26.
Passei meses remoendo essa maratona, perdi a motivação para treinar e cheguei a pensar em correr apenas distâncias menores. Porém, certo dia, ouvindo uma entrevista do atleta de elite Paulo Roberto de Almeida Paula, ele contou como fazia para contornar as adversidades durante os 42 km. Quando uma maratona dá errado, a gente sempre se pergunta: "Por quê? O que aconteceu?" E Paulo Roberto disse assim: "Não aconteceu nada, aquele dia era para eu fazer aquela marca, só isso".
Entendi que não importa se você vai fazer a maratona em 2h10 ou 4h30; todos que resolvem encarar esse desafio precisam ser fortes para suportar os momentos de dificuldades, principalmente após o km 35. Assim, fui criando coragem para tentar mais uma vez. E não é apenas treinar, se alimentar corretamente, dormir e escolher uma prova plana e fria. Isso ajuda muito, mas antes de qualquer coisa é necessário preparar a cabeça para enfrentar tudo que aparecer pelo caminho com muita coragem. Então, no dia 16 de junho último, completei a Maratona de Porto Alegre feliz da vida, com 4h05. A cada km eu pensava: "Essa não me escapa. Hoje vou lavar a alma." Dito e feito.

3:08:51 e Boston-2014
Max Cordero
Jundiaí-SP
Minha história de corredor começou em 2009 saindo do zero, acima do peso, e em 2010 já estava seguindo planilhas de treino para uma meia-maratona. Quando consegui, considerei meu limite pessoal, correr os 21 km parecia mais do que suficiente para um "atleta" amador sem pretensões. Passei por volta de um ano fazendo meias, até conhecer a história da Maratona de Boston, prova mais antiga em número de edições consecutivas, superorganizada e o melhor, precisa ter tempo comprovado para poder se inscrever!
Mas antes de esse dia chegar (e se um dia chegasse), precisava primeiro correr uma maratona, para depois pensar em tempo. Em 2011, estreei em Buenos Aires. Pensei que iria terminar com dores imensas, mas ao invés disso cheguei bem e de sorriso largo, em 3h45. Pronto, eu tinha sido contaminado pelo vírus da maratona.
Não pensei duas vezes e logo me inscrevi no Desafio do Pateta 2012. Queria me testar novamente. E na maratona já diminuí para 3h27, mesmo tendo corrido a meia no dia anterior. Como me sentia bem fisicamente e já estava acostumado com o treino (aqui é bom fazer um alerta, correr uma maratona é fácil, o difícil é treinar para ela; são meses de treinos e dieta para dar o máximo em uma única prova).
Voltando ao meu bem-estar físico, me inscrevi para Porto Alegre de 2012 buscando melhorar o meu tempo na prova, que apresenta as melhores condições para isso no Brasil. Mais uma vez melhorei: 3h17.
Acendeu uma luz no fim do túnel. Meu sonho agora parecia possível. Eu estava a míseros 7min30 do tempo para me qualificar para Boston. Procurei ajuda de uma nutricionista e comecei a treinar forte para chegar ao tão sonhado 3h10. Apesar de meu treinador dizer que eu não devia correr outra maratona naquele ano, que meu corpo precisava descansar, me inscrevi em Berlim-2012, onde corri com fasciite plantar, várias sessões de fisioterapia, consultas em vários médicos, tudo devido ao excesso de treino. Não é de se surpreender que terminei em 3h29, quebrado desde o km 30. Aprendi neste dia a escutar mais a voz da experiência.
Após alguns meses de treinos leves, as dores desapareceram e voltei a focar na qualificação novamente para Boston: 3h10. Parei com a cervejinha com os amigos, doces e qualquer coisa que saísse da dieta. Perdi cinco quilos e me sentia mais próximo do objetivo. Fiz uma bateria de exames médicos para ter a segurança de dar tudo que eu podia na Maratona de Porto Alegre de 2013. Durante a prova, encontrei a minha esposa, Andréa, no km 30 com um shake de carboidrato e um sachê de purê de batata, pouco mais de um minuto abaixo do tempo que eu disse que ia encontrá-la. Isso significava que tudo ia bem e era bom ela pegar um táxi e correr para a chegada, que parecia que naquele dia ia dar certo.
Muitos corredores não têm a ambição de participar de uma maratona. Isso é natural. Mas para quem gosta de desafios, aumentar as distâncias e diminuir os tempos, correr os 42 km é a evolução natural. E, no final, a maratona nem parece assim tão dura. É na verdade um acordo que você faz com seu corpo e a sua mente. E nesse acordo, eu sou 3:08:51. Por enquanto…

A mágica de cruzar a chegada
Silvio Sartori
São Gabriel-RS

O ano de 2013 vem sendo muito especial. O principal motivo foi ter conseguido concluir duas maratonas em 22 dias – Porto Alegre em 16 de junho e Rio de Janeiro, em 7 de julho. O mais marcante, com certeza, foram os 42.195 m percorridos na segunda.

Emocionantes devido a algumas dificuldades impostas pela prova, como a diferença de temperatura entre o Rio Grande do Sul (onde vivo) e a capital carioca, juntamente com o cansaço e a exaustão dos treinos de preparação para ambas. Mas tudo isso deu um toque especial. Apesar da beleza do percurso, ela me assombrou a partir do km 37, vindo a completá-la em 3h17, um pouco longe do objetivo de ser sub 3h.
Apesar do sofrimento físico e psicológico que a maratona às vezes nos impõe, aprendemos a superar todos os obstáculos que ela coloca em nosso caminho. Por isso, a mágica de cruzar a linha de chegada nos leva às lágrimas e nos dá a sensação de sermos um pouco donos de si. Por isso também ela se torna emocionante e maravilhosa.

Entre 3h04 e 3h14
Helbert Góes
Belo Horizonte-MG

Em 2010 corri a minha primeira maratona, claro que quebrei, mas consegui fechar a prova no Rio com 3h31. Dali para frente, começou uma paixão. Embora no auge dos meus vinte e poucos anos, eu tenha me dedicado a algumas conquistas nos 800 m e 1.500 m, hoje os 42.195 metros são a minha distância favorita. Talvez pelo desafio de planejamento de longo prazo, mas creio que mais pelo fato de a maratona ser tal como a vida: desafiadora e cheia de barreiras, mas com a certeza de vitória ao final, acompanhada das dores do esforço.
Depois de correr seis maratonas em 2012, sendo quatro consecutivas com tempo médio de 3h12 (melhor resultado em Buenos Aires com 3h01) nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro, resolvi ampliar o desafio e fazer quatro maratonas em dois meses este ano.
Foram 63 dias entre a Maratona de Toronto (Canadá) e a do Rio de Janeiro, fazendo também a de Lima (Peru) e a de Porto Alegre, em uma média de uma prova a cada quinze dias. Hoje, posso dizer: desafio cumprido. E melhorando a média das quatro maratonas, sem lesões e somente com poucas dores do esforço.
A Good Life Fitness Toronto Marathon foi a passada inicial. Com uma programação de 30 dias estudando e correndo no Canadá, disputei sete provas em distâncias e terrenos diversos. O saldo foi positivo, pois na maioria acabei premiado com pódio na faixa etária ou no geral máster. Coroando o fechamento da temporada canadense, consegui 3:04:40 nos 42 km.
Quinze dias depois estava eu em Lima acompanhado de novos amigos brasileiros que lá fiz, para mais uma etapa. Com a cabeça no passeio que seria estendido para os Andes Peruanos, fechei a prova em 3h14.
Para a Maratona de Porto Alegre tive um intervalo maior e fui com a determinação de melhorar o tempo de Toronto. Confesso que senti o cansaço, mas após o km 35 melhorei o ritmo e concluí a prova gaúcha em 3:04:03.
A Maratona do Rio era a etapa final das quatro maratonas em 60 dias e ainda havia corrido, uma semana antes, a Golden Four Asics alcançando o Top 100. Os 42 km cariocas, com alta umidade e calor, foram um ótimo obstáculo para fechar o desafio, com o tempo de 3:13:58. Descobri neste ano que na maratona não sou 8 ou 80, mas sim 3h04 ou 3h14.

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