Por Tomaz Lourenço | tomaz@novosite.contrarelogio.com.br
Ao fazer a divulgação (por mala direta) de que iria lançar a revista, recebi vários apoios, notadamente por telefone, de pessoas entusiastas da corrida de rua e das maratonas. Entre estas, uma se destacou pela entrega ao projeto, pelo seu conhecimento, por sua simpatia e entusiasmo, para não me alongar em muitos outros elogios que poderia fazer aqui.
Era o baiano Ayrton Ferreira, engenheiro e corredor competitivo veterano, que já havia publicado 4 livros sobre o nosso esporte (“Porque Correr”, de 1979; “Diário do Corredor”, 1980; “Maratona”, 1984; e “A Mulher na Corrida”, 1990), mas de restrita divulgação por ter uma venda apenas no “boca-a-boca”. Quem me falou sobre ele foi o fotógrafo Tião Moreira e imediatamente entrei em contato com Ayrton. Ele ficou maravilhado e surpreso com a minha ousadia de lançar uma revista especializada em corrida, e se ofereceu para colaborar, escrevendo sobre treinamento e outros temas.
Foram vários anos de matérias mensais na CR, com suas planilhas para maratona fazendo enorme sucesso, ao serem seguidas por milhares de corredores. Acertamos a divulgação dos livros na revista e o resultado foi o esgotamento do estoque que tinha, em pouco tempo. Ele foi nosso principal consultor e articulista até 2005. Em função de um acidente com sua filha, após um treino conjunto em Salvador, que a deixou tetraplégica, Ayrton sentiu muito o baque, e foi parando de colaborar com a CR, assim como largando os treinos e as corridas. Ele morreu em 26 de agosto de 2012.
DERRICK MARCUS. Naqueles primeiros anos da CR, as informações aos corredores eram mesmo muito restritas, o que explica o imenso sucesso da revista, ao cumprir esse papel, com as matérias de treinamento de Ayrton Ferreira, a seção Agenda, cobertura das provas etc. Entre os colaboradores, outro destaque foi o irlandês Derrick Marcus, morando em São Paulo já há vários anos e um apaixonado pela marcha atlética.
Nos encontramos no Parque do Ibirapuera, onde ele voluntariamente era juiz em uma prova dessa modalidade para crianças. Foi empatia à primeira vista e acertamos que ele escreveria sobre marcha e procuraria notícias interessantes do exterior para passarmos aos leitores. Estamos falando da época pré internet e, portanto, essa ajuda foi fundamental para a revista e durou também muitos anos.
Inúmeros foram os colaboradores que passaram pela CR, assim como muitos os que deram uma força para que ela conseguisse enfrentar as dificuldades iniciais, por vezes até anunciando sem outro propósito que não o de ajudar na sobrevivência da revista. Nesse sentido, vale destacar os corredores Toninho, da Cozitec, e Alípio, da Fórmica.