Blog do Corredor Tomaz Lourenço 21 de fevereiro de 2019 (0) (202)

HISTÓRIAS DO EDITOR (4ª) Antes de surgir a revista, dezenas de assinaturas de todo o Brasil

Definido o lançamento da CR, ao final da Maratona de Blumenau 1993 (3ª História), era necessário informar aos corredores sobre a grande novidade e ao mesmo tempo começar a ver as questões ligadas à produção da revista (editoração, gráfica/papel, local da redação, registro do nome etc). Foram dias de poucas horas de sono, mas em compensação de grande alegria/euforia pelo que estava para surgir, uma vez que a proposta (ou pretensão…) era simplesmente mudar as corridas de rua no Brasil de caóticas para organizadas, e informar e defender os interesses dos corredores, especialmente que passassem a ser respeitados.

Pedi e consegui listagens de participantes em algumas maratonas, com endereço, e para eles enviei um impresso sobre a Contra-Relógio, informando sobre o lançamento e como assiná-la. Mais da metade da remessa voltou, porque os endereços estavam errados ou não existiam. Sem outra forma de comunicação que não o contato pessoal, seguia nos fins de semana de agosto e setembro para as poucas provas que existiam na capital paulista (como as da Corpore no Parque do Ibirapuera – FOTO) e proximidades, onde distribuía folhetos.

Um contato especial foi com o campeão da Volta ao Morro, em Leme, o ainda desconhecido Vanderlei Cordeiro, que ficou animado com a novidade prevista para surgir em outubro. Aliás, a receptividade dos corredores de elite foi algo muito marcante nos primeiros anos da CR, pois tinham consciência da importância do segmento ter um veículo próprio de comunicação, para valorizá-lo.

Na verdade, nem todos os atletas de elite ou quase elite gostaram do aparecimento da revista. Como na época era muito difícil saber sobre provas que ocorreriam, alguns se beneficiavam por terem bons contatos e garantiam a presença nos pódios e, portanto, o recebimento da premiação em dinheiro, ao não enfrentarem muitos concorrentes. Aliás, vale lembrar que praticamente todas as corridas tinham prêmios em dinheiro ou no mínimo bons brindes (inclusive nas faixas etárias), portanto nada tendo a ver com a realidade atual, em que pouquíssimas mantêm essa postura, o que garante um ainda maior lucro aos organizadores.

ORFANDADE. Mas o que me chamou a atenção nessa fase de pré-lançamento da CR foi a imensa orfandade dos corredores brasileiros, na medida em que eles não tinham nenhuma fonte de informações, seja de coisas práticas (agenda das provas) ou técnicas. O pouco que se sabia era por telefone ou nos locais de treinos. Essa situação ficou patente quando, após aqueles dois meses de divulgação bastante capenga, e ainda não tendo saído a revista, passei a receber diariamente, pelos Correios, dezenas de cheques de pessoas interessadas em assinar!

Eu era desconhecido, a revista não existia e os pedidos de assinatura choviam! Ajudou bastante nessa “credibilidade” a atuação do fotógrafo Tião Moreira, que praticamente conhecia todo mundo que participava de corrida regularmente. Inclusive, tivemos (eu e Cecília) a sua companhia nos fins de semana, durante anos, no corpo a corpo que fazíamos em todas as provas que tomávamos conhecimento, quando aproveitava para correr e divulgar a CR.

Nas primeiras histórias aqui publicadas informei que eram pouquíssimas as corridas de rua nos anos 90 do século passado, mas as que aconteciam já tinham uma grande procura. Comprova essa afirmação o fato de só me lembrar de ter participado de 5 delas entre 1990 e 1992; é isso mesmo, 5 provas em 3 anos!!!

A primeira foi a Corrida contra o fumo, acontecida na cidade universitária da USP, em 1990. Minha esposa, lá professora, viu uma faixa e me informou, para minha estreia com número de peito. Nesse ano ainda fiz a Minimaratona da Gazeta e a Volta da USP; na primeira passei muito mal depois e na segunda ganhei um troféu! Mais detalhes na próxima história.

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