Notícias admin 10 de março de 2015 (0) (94)

Giomar surpreende e vence a Maratona do Rio

Foram apenas oito segundos para dar fim a um jejum de três anos. Um brasileiro foi o primeiro a cruzar a linha de chegada da Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, no dia 7 de julho. Para completar a
alegria dos presentes, também tomamos o lugar mais alto do pódio na meia maratona, que não via um campeão brasileiro há cinco anos – o último foi Marílson Gomes dos Santos, em 2008.
Na prova principal, o baiano Giomar Pereira dos Santos fechou os 42 km em 2:18:03, tirando o
bicampeonato do queniano Willy Kimutai, campeão da edição de 2012 com quebra de recorde. Nos 21 km, o paulista Altobeli Santos da Silva fechou em 1h04, apenas cinco segundos à frente do também queniano Eliya Sidame. Entre as mulheres, uma etíope venceu os 42 km e uma queniana foi a mais rápida na meia.
O forte calor foi o preço a pagar pelo privilégio de correr a maior maratona do país, em um dos percursos mais bonitos do circuito mundial. Da largada, às 7 da manhã, na praia do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, passando pelas praias da Reserva, Barra da Tijuca, de São Conrado, do Leblon, de Ipanema, Copacabana e Botafogo, até chegar ao Aterro do Flamengo, a maioria dos corredores enfrentou uma elevação de dez graus na temperatura, que passou dos 22ºC para 32ºC, máxima registrada no domingo de céu de brigadeiro no Rio. A umidade relativa do ar, de 86%, só piorava a sensação térmica alta. Por isso, foram muitas as vezes que se ouviu a sirene dos socorristas soar próximo ao pórtico de chegada.
Mesmo assim, a prova cresceu. Dos 22 mil inscritos anunciados pela organização do evento, 14.815 corredores completaram suas provas, que reuniu percursos de 42 km, 21 km e 6 km. A maratona, que no ano passado teve 2.901 concluintes, agora contou com 4.001 atletas (3.229 homens e 772 mulheres) cruzando a linha de chegada. Na meia, completaram 7.228 corredores (4.386 homens e 2.842 mulheres), e na Family 3.586 (2.027 homens e 1.559 mulheres). Os espectadores cariocas também deram mostras de que começam a abraçar o evento, diante de vários relatos de participantes que receberam frutas, água, refrigerante e até cubinhos de rapadura de pessoas fora da organização, ao longo do percurso.

ANIVERSÁRIO. A coincidência de datas não poderia ser desprezada. Por isso, às 4 da manhã, no mesmo horário em que chegava ao mundo, 38 anos antes, a nutricionista Malu Bastos pulou da cama, no dia 7 de julho, para comemorar seu aniversário fazendo uma das coisas que mais lhe dá alegria na vida: correr. Além de ter completado o percurso da meia-maratona com bastante conforto, no tempo de 2h08, Malu considerou um grande presente aquilo que foi quase um pesadelo para muitos corredores, o dia de sol forte no Rio de Janeiro.
"Não me lembro de um 7 de julho tão lindo, tão ensolarado. A sensação era de que toda aquela gente estava ali para comemorar o meu aniversário, com uma energia tão boa. Só tenho a agradecer", disse Malu, que começou a correr aos 17 anos, mas só completou seus primeiros 21 km oficiais em 2003. E para não acabarem assim as coincidências, ela emenda: "Manda um abraço para o Tomaz! Ele vai lembrar de mim; escrevi algumas colunas de nutrição bem no início da revista, há muito tempo". Mais precisamente
duas décadas, Malu, porque em 2013 é "CR 20 anos".
Outro corredor que, apesar de não estar aniversariando, parecia ter ganhado um grande presente, era o historiador Nelton Araújo, de 29 anos. Depois de bater recordes pessoais nos 10 km (36:00) no dia 23 de junho, e nos 21km (1h16) no dia 30 de junho – isso mesmo, nos dois fins de semana que antecederam a Maratona do Rio -, ele cravou um sub-2h50 nos 42 km, cruzando a linha de chegada em 2:49:41. "Fiz tudo errado, mas precisava fazer isso. Treinei sozinho, e só três pessoas sabiam desse projeto secreto da maratona, que podia ter dado errado. Só que deu certo, e agora estou muito feliz com o meu amadurecimento psicológico na corrida", disse Nelton, que prometeu dar umas pequenas férias para os pés.

MUITOS ESTRANGEIROS. Felicidade também estava estampada no rosto suado do chileno Juán González, 31 anos, que veio ajudar a quebrar o recorde de participação estrangeira no evento – esta edição da Maratona do Rio contou com representantes de 61 nacionalidades. Junto com o maratonista
vieram a irmã, que correu a meia, e mais oito amigos, todos moradores da cidade de Concepción. Em um "portunhol" bem esbaforido, Juán fez questão de ressaltar a beleza do percurso, além de frisar a alegria de
ter completado os 42 km. "Estou procurando meus amigos, estou muito feliz, e espero que todos tenham conseguido completar a prova, apesar do calor. É um percurso muito bonito, ajuda a superar as dificuldades de uma maratona."
Uma das dificuldades talvez tenha sido a distribuição dos postos de hidratação. Na área reservada para as tendas de assessorias esportivas, a reclamação dos participantes foi quanto ao espaçamento anunciado de
3 km; atletas alegavam ter sido bem maior esse intervalo. Mas, por outro lado, a distribuição dos isotônicos, em saquinhos, em vez de copos abertos, foi amplamente elogiada.

O FELIZ CAMPEÃO. Há três anos um brasileiro não conquistava a Maratona do Rio. Quebrar a hegemonia queniana não foi fácil; prova de que a maratona é, também, para se correr com a "cabeça". Giomar liderou até o 5º km, mas aí enfrentou dificuldades e foi deixado para trás pelo pelotão de elite. Só na altura do km 30, na descida para o Leblon, começou a se recuperar e partiu para o "tudo ou nada" no km 38.
"Não é fácil correr com quenianos; temos sempre que dar o nosso melhor e já estou com 42 anos; fiquei mais feliz pela vitória do que pelo prêmio. Com esta idade, conseguir isto é uma conquista muito grande.
Deu tudo certo", disse o campeão, que é especialista em provas de 10 km – pentacampeão brasileiro de Corrida de Rua e atual líder do ranking da CBAt – que veio para a maratona com a expectativa apenas de ficar entre os cinco primeiros. (veja matéria com ele nesta edição)
No feminino, a etíope Letay Negash deixou para trás as quenianas Rose Jepchumba e Pamela Anisomuk, além da brasileira Marily dos Santos, para fechar a prova em 2:40:18. "Foi minha primeira prova aqui no Brasil. O trajeto ao lado do mar é belíssimo", elogiou a campeã.
Nos 21 km, o título masculino também ficou com um brasileiro, o que não acontecia desde 2008. O paulista Altobeli Santos da Silva, de 23 anos, completou em 1h04 – mesmo tempo feito pelo queniano Kimosop Kiprono, em 2012 – e recolocou o país no topo do pódio. Entre as mulheres, a queniana
Ednah Mukhwana (1:16:08) foi a mais rápida, enquanto a melhor brasileira foi a baiana Sirlene Souza de Pinho (1:19:24), quinta colocada. Os 6 km da Olympikus Family Run tiveram Machado dos Santos (18:45) e Tereza Madalena (22:56) como campeões.

RESULTADOS MARATONA

1 Giomar Pereira da Silva 2:18:03
2 Willy Kimutai 2:18:11
3 Jonathan Kipkorir 2:19:40
4 Marcos Antônio Pereira 2:20:32
5 Edmilson Santana 2:20:53

1 Letay Hadush 2:40:18
2 Rose Jepchumba 2:41:34
3 Pamela Anisomuk 2:43:30
4 Marily dos Santos 2:46:07
5 Conceição Oliveira 2:52:02

Veja também

Leave a comment