A chef de cozinha e criadora de conteúdo Gisa Oliveira viajou para Paris para correr pela segunda vez consecutiva a maratona francesa. Depois de fazer todo o ciclo de treinamento visando sua segunda participação nos 42 km, ela teve problemas com um dos parceiros comerciais, que ficou de emitir sua passagem, e quase não embarcou. Conseguiu unir esforços de última hora para viabilizar sua ida a Paris e assim poder colocar à prova todo o treinamento e a dedicação. Gisa conta aqui alguns detalhes da prova, que teve mais de 51 mil concluintes.
POR GISA OLIVEIRA | @runnergisa
A Maratona de Paris, que aconteceu no último domingo, 3 de abril, teve números bem expressivos, com 52.078 inscritos, sendo que 51.100 completaram. Foram 13.500 mulheres e eu fui uma delas.
As largadas aconteceram em ondas, na Champs-Élysées. A primeira foi a da elite feminina, pontualmente às 7:59, que chamou a atenção pelo número bem reduzido em relação ao pelotão da elite masculina, que tinha mais que o dobro de atletas.
O dia amanheceu com 9 graus, garoa fina e muito vento, que deixava a sensação térmica bem mais baixa. Cumprindo os protocolos da prova, as largadas eram nos horários marcados. A minha foi às 10:50, para os pelotões de 4:30+, e parecia que quanto mais tarde, mais frio ficava.
Correr uma maratona é uma caixinha de surpresas, mesmo com toda a beleza de Paris, largando de costas para o Arco do Triunfo, passando por monumentos, museus famosos, como o Louvre, o Palais Garnier, a Place de La Concorde e a Torre Eiffel no km 30. Correr à beira do Rio Sena este ano foi desafiador. O frio nesse trecho fez muitos corredores parar, com fortes cãibras nas pernas, ou até mesmo abandonar a prova com hipotermia.
Nessa hora meu corpo doía de frio, parecia que ia travar, estava correndo igual um robô. Mas eu não entrei nessa briga pra perder e, na luta do meu cérebro com o corpo, não podia parar. Se fizesse isso, ia esfriar e correr o risco de abandonar a prova. Segui firme falando sozinha, trocando aquela ideia pra não me deixar desistir.
Os últimos 500 metros foram impressionantes como a energia de tantos idiomas diferentes o empurram para os metros finais. Os gritos, as batidas nas placas aqueciam a alma. A única coisa que eu conseguia enxergar na minha frente era a linha de chegada. E assim eu corri abraçada à bandeira do Brasil, que minhas amigas me entregaram.
A sensação de dever cumprido e alívio nessa hora são únicos. Por mais que você seja uma corredora experiente, é sempre difícil explicar. Porque uma maratona nunca vai ser igual a outra. Você não explica, só sente!
Resultados - TOP 3 Masculino 1. Abeje Ayama (ETI) – 2:07:15 2. Guye Adola (ETI) – 2:07:35 3. Josphat Boit (QUE) – 2:07:40 Feminino 1. Helah Kiprop (QUE) – 2:23:19 2. Atalel Anmut (ETI) – 2:23:19 3. Fikrte Wereta (ETI) – 2:23:22
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Gisa Oliveira é chef de cozinha. criadora de conteúdo digital para marcas esportivas, lifestyle e gastronomia, corredora de rua e embaixadora da ASICS Brasil.
@runnergisa