Notícias André Savazoni 4 de junho de 2012 (16) (130)

Foi e está sendo muito doído, mas alcançar um objetivo não tem preço

Quando conversamos com treinadores, a maioria ressalta a importância da periodização para uma prova-alvo, não importa a distância. Muitas vezes, “choramos” , negociamos, vamos atrás do jeitinho brasileiro. Mas realmente, estão certos. Arrisquei tudo para correr a Maratona de Porto Alegre, um mês e 17 dias após Boston. Foi e está sendo dolorido demais, mas a sensação de alcançar o objetivo, o índice para Boston-2013, não tem preço. Ou melhor, o preço a pagar senti a partir do km 28 de ontem e continua por esta segunda-feira… Está doendo tudo. Como nunca doeu.

Na corrida, não posso reclamar deste primeiro semestre. Recordes pessoais nas três distâncias: 39:37 nos 10 km (Tribuna), 1:26:35 nos 21 km (Meia de São Paulo) e, agora, 3:04:45 nos 42 km (Maratona de Porto Alegre), sem falar, é claro, dos 3h26 no calor de Boston. Essas três marcas cairão na segunda metade do ano. Com certeza.

Eu já sabia que por ter emendado duas maratonas, sem o objetivo de correr uma delas para rodagem ou simplesmente completar, as dores seriam maiores. Nos 45 dias que segui me preparando sem a devida parada depois de Boston, após treinos mais longos ou de ritmo, de noite, as pernas sempre pediam água. Ficavam doloridas. Tenho uma ótima recuperação, então, sei que não eram situações normais, daquelas dores que sempre temos ao treinar forte. Esse era o risco (calculado, diga-se) para Porto Alegre. A conta veio. Paguei o preço.

A partir do km 28, posterior de coxa e panturrilha doíam nas duas pernas. Nessa hora, vale usar o que aprendemos com treinadores e amigos. Meu técnico, Marcos Paulo Reis, sempre fala da importância de “ler a prova”. Foi o que fiz. Não poderia deixar o ritmo cair, mas, ao mesmo tempo, não poderia forçar. Lembrei da entrevista do Paulo Roberto de Almeida Paula no podcast Contra-Relógio no Ar: fazer o que dá para ser feito naquele dia. Esse é o objetivo. Segui à risca. Correr em um ritmo que me garantisse o sub 3h05 sem que as pernas “estourassem”. Deu certo.

Após comemorar muito na chegada, fui direto fazer uma massagem, relaxar as pernas travadas. Aí, as câimbras vieram. Primeiro, a pior que já tive, na panturrilha. Demorou para passar. Depois, posterior de coxa. Para terminar, na barriga. Nem sabia que dava câimbra na barriga. Pois dá! Resumindo a história: por um objetivo (no meu caso, o índice para Boston) vale arriscar e emendar duas maratonas para tempo, mas isso, de verdade, deve ser feito raramente. O risco é grande demais. Felizmente, não me machuquei. Mas poderia…

Já me perguntaram aqui no blog sobre o descanso. É fundamental. “Descanso também é treino”. Não há como fugir dessa máxima. Será o que farei nos próximos dias, porque, logo, começa a preparação para a Maratona de Buenos Aires, objetivo do segundo semestre. Parece longe, mas dia 7 de outubro está aí…

Falando da prova gaúcha, senti uma melhora em relação ao ano passado. Houve água e isotônico à vontade durante os 42 km, as largadas ocorreram no horário marcado, com separação de locais entre as diferentes distâncias e de sexo (as mulheres largaram 15 minutos antes na maratona). Ouvi reclamações sobre o transfer gratuito dos hotéis para os locais de largada. Da demora que acarretou até a algumas mulheres largarem atrasadas e homens chegarem faltando 1 minuto para o começo da prova. Comigo, foi o oposto. No ano passado, fui e voltei de táxi porque não consegui pegar as vans, pela demora. Neste ano, ida e volta em vans. O kit, apesar de não ligar para isso, também melhorou.

O percurso manteve o mesmo nível de 2011, só com mais “vaivem”, particularmente, não gosto, mas tudo certo. Uma crítica nesse ponto, as distâncias das marcações de quilômetros, variando demais. Mesmo mantendo o ritmo, pelo cronômetro, chegou a marcar 4:45 em uma passagem e 3:52 na seguinte. Isso atrapalha quem está fazendo o controle. No geral, Porto Alegre honrou a escolha como a melhor do país no 1º ranking de maratonas da Contra-Relógio. Agora, com licença, que preciso colocar as pernas para o alto. Ai…

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16 Comments on “Foi e está sendo muito doído, mas alcançar um objetivo não tem preço

  1. Que baita tempo. Objetivo alcançado. Achei que o texto já tivesse sido escrito com as pernas pro alto. Quero ainda fazer duas maratonas seguidas, mas não para tempo. Não tenho condição pra isso.

    Parabéns pelo índice. Quem lê o blog e o twitter sabe que treino não faltou, nem dedicação. Totalmente merecido. E dolorido. Mas valeu a pena.

  2. Parabéns André!!!

    Parabéns por ter batido seu recorde pessoal numa “maratona brasileira” e pela iniciativa e pela coragem de enfrentar duas maratonas em “ritmo para quebrar recorde pessoal” em tão curto espaço de tempo. Eu havia dito que iria participar dessa prova para também fotografar e tentar baixar meu recorde pessoal fotografando que é de 3:57 (obtido na Maratona de São Paulo de 2007), mas tive inúmeros imprevistos, minha próxima maratona será a de São Paulo, estou programando minha volta nas maratonas de Assuncion e Buenos Aires, nos vemos pelas corridas. Um grande abraço!!!

  3. Mais um senhor tempo nas costas! Parabéns meu caro, o sub-3 está por um sprint. Abraço

  4. Parabéns André ! Realmente o serviço de vans para a largada foi ruim, acho que devido ao trânsito no hipódromo as vans demoraram muito pra voltar para os hotéis fazer mais viagens. Ficamos esperando por mais de uma hora. A van não conseguiu chegar no hipódromo, nos deixou a mais de 1 km. Fiz um tiro de 1.200 mt e cheguei faltando 10 segundos pra minha largada. Foi um stress total. Acho que a prova deveria voltar para o local antigo, ali perto do gasômetro, fica perto de todos os hotéis nem precisa de van. Quanto às dores, é assim mesmo, correr (forte) dói.

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    Na questão do deslocamento, Julio, verdade, largada perto dos hoteis, facilita demais. Tanto para ir quanto para voltar. Eu tive sorte então, porque consegui ir e voltar com as vans, chegando com sobra de tempo.

    Abraço
    André

  5. Oi André,
    Parabéns pelo resultado e objetivo alcançado. Uma boa recuperação para você!

  6. André,

    Parabéns mais uma vez. Tudo o que você escreveu de certa forma confirma o que está neste post:

    http://blogs.scientificamerican.com/observations/2012/06/04/ultra-marathons-might-be-ultra-bad-for-your-heart/

    Não deve ser muito saudável. Mas quem faz isso pela saúde?

    Será que eu vou viciar depois da minha primeira maratona?

    Adolfo

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    Bem Adolfo, baseado em minha vivência, eu diria que sim. rs Maratona é apaixonante.

    Abraço
    André

  7. Parabéns André, vim acompanhando seus posts e estava na torcida por uma boa prova, recorde pessoal !!!Show!!!Boa recuperação.

  8. Este é um momento importe. De comemorar e rever o que foi feito. Avaliar tudo, dizer o que deu certo e o que deu errado. O processo de melhoria passa pela avaliação crítica de tudo que fazemos. Tenha um bom descanso e uma boa recuperação!

  9. Parabéns André:
    Depois do prazer que tive de conhecê-lo pessoalmente na Meia da São Paulo e, mais ainda, da surpresa de ter sido incluído de “gaiato”, como se diz aqui por Natal/RN, numa matéria da CR sobre treinos para Maratona, o meu desafio pessoal aumentou. No último domingo corri a Maratona de Porto Alegre e, assim como foi dito na CR, consegui atingir a marca que eu buscava concluindo a prova em 3h45’10”. O meu recorde pessoal na distância. A prova foi muito bem organizada e como ponto negativo eu aponto a questão do congestionamento do trânsito até a largada. Infelizmente, também é preciso reconhecer que os brasileiros de uma maneira geral deixam para chegar nas provas quase no horário da largada. Aprendi a lição, no ano que vem saio do hotel mais cedo para evitar contratempos. Um abraço em todos da CR e no ano que vem, se tudo der certo, volto para Porto Alegre pra correr a prova em 3h30. Só para constar; esta foi a minha terceira maratona e a minha melhor marca até então era 4h04.

  10. Claudio Onofre: Ocorre que muita gente foi correr a rústica e o revezamento, que largavam bem mais tarde, então o congestionamento não foi causado pelos maratonistas, mas sim pelos corredores das outras provas. Quando a maratona era feita ali perto do gasômetro não havia congestionamento e dava pra ir à pé de praticamente qualquer hotel. Não faz muito sentido colocarem a prova cada vez mais longe, a quase 10 km do centro.

  11. Olá André,

    Foi minha 7a Maratona (fora as Ultras). Minha 3a em Porto Alegre.
    Sou gaúcho e suspeito para falar, mas a prova estava muito boa.
    Saí cedo da minha cidade, Taquara, que fica uns 75 km de Porto Alegre, pois sabia que seria complicado o transito, então já estava precavido.
    Achei a organização muito boa, o clima muito bom (até poderia ser mais frio), muita sombra, um “um pouco bastante de vento”.
    No geral corri com muito prazer a prova.
    Apesar de não estar treinando especificamente para ela, consegui baixar meu tempo e fazer em 3 horas e 22 minutos.
    Minha esposa foi minha cobaia nos treinamentos, e finalizou a prova em um ritmo excelente, dentro do previsto, com 4 horas e 11 minutos.
    Mas tanto no meu relógio, quanto no dela, os kms nunca fecharam.
    A prova finalizou com muitos metros a mais nos dois GPS.
    Sabe-se que existem diferenças, mas a prova para ser credenciada pela IAAF não tem que ser aferida? Os km não deveriam estar muito mais “corretos”.
    Realmente, para quem está correndo e cuidando do ritmo, as marcações atrapalham bastante, e no meu caso, atrapalha muito a concentração também.
    Grande resultado o seu, parabéns.

    Grande abraço!
    Marcelo

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    Marcelo, a aferição é em relação aos 42.195 m, e isso tinha realmente na prova gaúcha. Meu GPS marcou também a mais, 42.550 m, mas isso deve-se à margem de erro com o percurso que não fazemos corretamente.

    Agora, em relação à marcação dos quilômetros, tem toda razão, a maioria não batia mesmo e não estou nem falando do GPS, porque eu fui controlando pelo cronômetro. Fiz um km em 4:55 e o seguinte em 3:52, por exemplo, e corri os dois exatamente no mesmo ritmo. Isso, caso você esteja controlando com cronômetro, pode dar uma atrapalhada mesmo.

    Parabéns pelo recorde pessoal.
    Abraço
    André

  12. Interessante observar que a Maratona de Porto alegre entrega para todos os maratonistas dois números, para serem afixados no peito e nas costas. Pra quem não sabe trata-se de uma regra da IAAF/AIMS para corridas de rua. Outros organizadores entregam dois números (peito e costas) somente para a elite. É mais um sinal de respeito e valorização do Corpa para com os maratonistas.

  13. Bah, guri, fizeste um tempaço! Parabéns! E “chupa, Sol de Boston!”

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    Valeu Iberê e vamos de novo para Boston-2013. Sem sol desta vez, rs. Agora, que está doendo tudo, demais, ah, isso está!!!

    Abraço
    André

  14. PoA é a Meca das maratonas brasileiras. Continua sendo. Mas, pegando o bonde do JC, observo que a Corrida da Ponte deste ano também entregou números de peito e de costas aos corredores para todo mundo.

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    Nishi, são duas provas nas quais os corredores são respeitados. Por sinal, isso ocorre nos eventos do Corpa, do Paulo Silva, e da Spiridon, do João Traven.

    Abraço
    André

  15. Olá André, como vc também estou ainda bem dolorido, quanto a prova achei bem organizada e não tive problemas com o transporte no hotel em que estava hospedado, desci para esperar o transporte as 6:15 e uma vã estava saído, 06:35 passou o micro e chegamos 6:50 no Hipódromo.

    Mas gostaria de registrar que a parte decepcionante dos dias em que estive em POA, o hotel Master Express Cidade Baixa (Rua Sarmento Leite), já na chegada um questão desagradável e indignante foi o hotel não aceitar meu cartão do Basnrisul(Banricompras), como que pode um estabelecimento na capital gaúcha do porte da Rede Master não aceitar um cartão do banco do próprio estado, me deram a desculpa das taxas do cobradas pelo banco. Outro ponto negativo é a estrutura bem + ou – do hotel muito barulhento se escutava tudo o que se falava nos quartos próximos, no teto do banheiro tinha um buraco bem em baixo da descarga do apto de superior, o espaço para o café muito pequeno, o cafezinho servido estava sempre frio e entre outros probleminhas.
    Acho que a organização da prova deveria oferecer o translado em hotéis de outras redes também.

    Boa recuperação para todos!

  16. Grande André!
    Mesmo sem nos encontrarmos na largada (e olha que procurei) acabamos fazendo um tempo muito próximo. Quem sabe em Boston? rs
    A prova endureceu bastante depois do km 35 com o vento contra mas foi perfeita em hidratação a única ressalva que faço é a questão das placas de km colocadas nitidamente fora do lugar o que causa uma confusão na cabeça de quem vem fazendo ritmo. Parabéns pelo RP.

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