POR ANA PAULA SIMÕES | @draAnaPSimoes
Um dos motivos mais frequentes de atendimento ortopédico, principalmente nos atletas, é a dor no calcâneo.
Essa dor pode ter várias causas, sendo um dos diagnósticos mais frequentes a fasceite plantar, que nada mais é que a inflamação da fáscia plantar.
A fáscia plantar é uma aponeurose (tecido que recobre a musculatura) da planta do pé que se estende do calcâneo aos dedos. Ela ajuda a manter o arco longitudinal do pé.
É importante fazermos a distinção entre fasceite plantar e outras dores.
O esporão do calcâneo, por exemplo, faz parte do quadro de diagnósticos diferenciais de fasceite plantar e se caracteriza por um crescimento ósseo no calcâneo, o qual se localiza adjacente à fáscia plantar e é causado pela tração dos músculos flexores curtos dos dedos.
Sabemos hoje que a presença ou ausência do esporão, bem como seu tamanho, não é a causa da dor nos corredores. Cerca de metade das pessoas com fasceite plantar tem esporão do calcanhar e mais ou menos 10% das pessoas sem dor no calcâneo também tem esporão. Isso ocorre devido a processos degenerativos.
Mas existem outras causas de dores nessa região que o médico precisar fazer o diagnóstico antes de você ir para o tratamento. Quer mais um exemplo? A fratura por stress, entre outros.
SINAIS E SINTOMAS
O paciente com fasceite plantar apresenta dor na parte posterior da planta do pé e pode irradiar para a curva.
Esta dor ocorre principalmente nos primeiros passos, quando o paciente levanta-se da cama pela manhã, pois os pés permanecem em flexão plantar e relaxados durante toda a noite. Além disso, atividades esportivas ou ficar longos períodos em pé também causam dor importante, pela sobrecarga no tecido.
Tanto o tendão como os tecidos moles podem ficar inflamados e doloridos quando isso acontece.
CAUSAS E DIAGNÓSTICOS
– Alterações na formação do arco dos pés (principalmente a acentuação do arco, conhecido como pé cavo);
– Alterações na marcha (pisada errada) também são fatores causais da doença;
– Encurtamento do tendão de Aquiles e da musculatura posterior da perna e pé.
– Sobrecarga.
A pressão sobre o centro do calcanhar causa dor principalmente em quem aterrissa com o calcâneo. Podem-se fazer radiografias para ajudar o diagnóstico, mas estas podem não detectar os esporões em formação. A ultrassonografia ou ressonância magnética são métodos importantes de avaliação da integridade e qualidade da fáscia plantar e ajuda nos diagnósticos diferenciais.
TRATAMENTO
– O tratamento da fasceite plantar, inicialmente, é sempre conservador.
– Medicação com anti-inflamatórios e analgésicos;
– Fisioterapia com exercícios para alongamento da fáscia plantar e do tendão de Aquiles, além de fortalecimento da musculatura
– Diminuir a intensidade das atividades de corrida ou longas caminhadas;
– Perder peso excessivo;
– Palmilhas com acolchoamento do calcanhar podem minimizar o estiramento da fáscia e reduzir a dor além de absorção do impacto sob medida para apoio do arco.
Para aqueles que não responderam ao tratamento, existem as opções:
– Injeções / infiltração na fáscia plantar (existem varias substancias possíveis);
– Uso do night splint, que é uma espécie de imobilizador de tornozelo que alonga a fáscia plantar enquanto estamos dormindo;
– Terapia por ondas de choque extracorpórea, produzindo uma neovascularização com consequente reparação do tecido inflamado. Novo método eletrohidráulico de tratamento que é menos invasivo.
A cirurgia fica reservada para os pacientes que não respondem a essas medidas citadas.
Só se deve realizar uma intervenção como a fasciectomia quando a dor constante dificultar a marcha e na falha do tratamento conservador.
Nem toda a dor no calcâneo é fasceite plantar. Portanto, principalmente os pacientes que não apresentam benefícios com o tratamento devem ser avaliados para outras causas em potencial, como síndrome do túnel tarsal, tendinite insercional do Aquiles e atrofia da gordura plantar do calcâneo.
Procure focar no diagnóstico de CERTEZA e trabalhe esses fatores acima.
Dra. Ana Paula Simões é ortopedista e traumatologista do esporte, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo.
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