A 2ª Maratona e 7ª Meia-Maratona de Criciúma, dia 13/10, teve a presença de convidados ilustres como Joaquim Cruz, mas foi marcada por problemas que comprometeram a experiência de muitos atletas, principalmente a falta de água, algo que hoje é inadmissível em eventos dessa magnitude.
Mesmo o campeão André Silveira, por exemplo, relata que não teve uma prova tranquila. “Não peguei água em um posto de hidratação. Apenas um staff estava cuidando dos dois lados da via e, quando passei, ele estava atendendo o outro lado. No km 28, não teve isotônico e o staff disse que tinha acabado e seria reposto, mas, segundo corredores que chegaram depois, isso não aconteceu e também faltou água em outros postos, o que é uma falha grave.” Além disso, André ressaltou que o percurso, embora sinalizado, poderia ter uma melhor proteção entre os corredores e os veículos, algo fundamental para a segurança dos atletas.
Outro participante que sofreu com a falta de água foi César Octávio Bertoncini, que chegou a fazer dois treinos no percurso da maratona e planejava bater seu recorde pessoal. No entanto, seus planos foram frustrados pela má organização da prova. “Tinha o objetivo de superar minha marca, mas, infelizmente, não pude alcançar. A expectativa era fazer abaixo de 3h10, mas fechei em 3h20, com muito sofrimento”, relatou o atleta. “Minha ideia era fazer a primeira volta em um ritmo conservador e começar a forçar um pouco mais a partir dos 21 km. Só que pela falta de água, minha suplementação com gel de carboidrato foi toda realizada fora de hora. Chegou um momento em que nem havia água para tomar após o gel.”
César ainda destacou o que aconteceu em um dos postos de hidratação: “No km 19, passei num ponto e o staff estava sentado numa caixa térmica. Pedi água e ele respondeu que havia acabado. Depois disso, voltou a faltar água a partir do km 34, que foi quando a staff derrubou o copo ao me entregar. Já com muitas dores e cãibras, só voltei a ter água no km 41.”
Além da falta de hidratação, César relatou ainda problemas graves de segurança no trajeto, colocando em risco a integridade dos corredores: “O staff não parou o carro no cruzamento e por muito pouco não fui atropelado, por questão de centímetros. Tive que parar minha corrida para o motorista passar.”
A situação afetou outros corredores, como sua mãe, Gladis Bertoncini, de 50 anos. Com cinco anos de corrida, esta foi sua quarta maratona, mas uma das mais difíceis devido à falha da organização. “A partir dos 22 km, já não tinha mais água. Não pude tomar meu suplemento, meu gel. Tive que diminuir meu ritmo por causa do sol forte. A princípio, havia alguns staffs, mas já estavam alegando falta de água. A partir dos 22 km, eles abandonaram por completo. Até o trânsito eles abandonaram.”
Gladis descreve a experiência como apavorante: “Fui passar na subida do shopping e o staff gritou ‘água só na volta’. Pelo menos tinha uma esperança. Mas depois ele riu da minha cara: ‘Tenho uma notícia para lhe dar: não tem mais água’… Foi um desrespeito e uma falta de humanidade com a gente.” Além disso, Gladis relatou situações perigosas com o trânsito: “Faltando 3 km, um carro freou em cima de mim. Os staffs abandonaram os postos, os carros simplesmente passavam porque os staffs não tinham autoridade.”
Outro depoimento é o de Matheus Cardoso Serafim, também de Imbituba, que se pronunciou em favor de seus alunos. Ele tinha quatro na prova, sendo três na maratona e um nos 21 km. Segundo Matheus, o problema de falta de água ocorreu após o km 25. “Muita gente reclamando, postando, criticando e a prova colocou a culpa nos staffs que abandonaram. E ainda postou um vídeo de todo mundo lindo e feliz. Covardia da organização, que não teve hombridade para vir a público se desculpar.”
Já Marlon Machado Oliveira enviou email ao site para que corrigíssemos seu tempo para o Ranking: “Os organizadores foram bem desrespeitosos comigo quando pontuei a respeito do erro na minha marca”. Marlon comenta que aparece com o resultado final de 4h03, porém teria havido um mau direcionamento da equipe do evento e ele acabou fazendo 2 km a mais, pois erraram na sinalização para o retorno dos maratonistas e o chip acabou tendo problemas na contabilização. “Eu havia, ‘teoricamente’, passado três vezes pelo retorno. Felizmente utilizei o Strava desde o início e o tempo de término da prova foi de 3:52:17. Envio esta mensagem pois creio na veracidade e importância do site CR e gostaria muito de fazer parte do Ranking, por haver terminado a primeira maratona na vida no tempo acima. Sei o quanto vocês prezam pela veracidade e pelo prazer do esporte de corrida de rua.”
No ano passado, a Maratona de Criciúma sinalizou mal o percurso, que acabou tendo aproximadamente 500 metros a menos (conforme relatos de vários participantes), não podendo os resultados serem considerados para o Ranking. Desta vez parece que o problema foi novamente falta de cuidado na sinalização, sem contar a absurda falta de água e o não controle de trânsito, falhas que a organizadora (3LR Eventos Esportivos) não assumiu (veja abaixo Nota oficial), da mesma forma que não aceitou o erro em 2023. Decidimos desconsiderar essa prova para o Ranking CR 2024.
NOTA OFICIAL
A 3LR Evento Esportivos, organizadora da Maratona de Criciúma, reconhece que houve problemas em postos de hidratação em alguns momentos durante realização das provas de meia maratona e maratona. A 3LR esclarece que em nenhum dos percursos houve falta de insumos nos postos de apoio.
No entanto, em alguns deles, a organização identificou abandono de staffs ou não realização do procedimento de entrega de água de forma adequada, conforme treinamento e orientações prévias.
A organização do evento está ciente do ocorrido pontualmente, pede desculpas aos atletas que se sentiram prejudicados e tomará todas as medidas para que a questão não volte a acontecer nas próximas edições.
Att.
Time 3LR Eventos Esportivos