20 de setembro de 2024

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Sem categoria admin 4 de outubro de 2010 (0) (213)

Falseios no joelho; Pubalgia; Suplementação com glutamina; Fratura de stress; Varises; Perna mais curta; Qual pisada?; Caso complexo

FALSEIOS NO JOELHO
Passei por uma artroscopia no joelho direito (recomposição do LSA), fiz fisioterapia, depois musculação, e até caí na tentação de jogar futebol, mas não aconteceu nada. Depois disso dei algumas corridinhas bem leves, então aconteceu o seguinte: meu joelho saiu do lugar por três vezes, porém voltou rapidamente, até que à noite, ao me movimentar na cama, ele saiu e ficou por alguns minutos fora do lugar e senti muita dor. Procurei
um ortopedista, que examinou e apertou o menisco (e doeu muito) e aí a suspeita foi que a cirurgia poderia ter ido para o brejo. Então fiz uma nova ressonância e constataram que se tratava de uma tendinite e me recomendaram mais fisioterapia; acabei de completar as sessões, mas meu joelho ainda sai do lugar e acontecem várias luxações, mas não sinto dores.
Heider Pereira Ferreira, via e-mail

Não está claro, pelo seu relato, se você continua a ter falseios no joelho, ou seja, ele cede nas suas atividades de vida diária, ou se a rótula do joelho (osso da parte frontal) sai do lugar. Os falseios representam clinicamente a incompetência do ligamento cruzado anterior (LCA), estrutura que foi recomposta na sua cirurgia artroscópica. Já a luxação da rótula envolve outro diagnóstico. Como a ressonância apontou para um processo inflamatório, creio que deva seguir as orientações do seu médico e persistir com as sessões de fisioterapia.

PUBALGIA
Tenho 58 anos e há tempos venho sentindo muitas dores na região púbica, que me incomodam até para caminhar. A pedido de meu médico, fiz cintilografia óssea trifásica, e a mesma acusou sinfise púbica, com processo inflamatório neste local (sinfisite), e processo degenerativo osteoarticular nas demais áreas descritas. Gostaria de saber se este problema tem cura, pois estou muito preocupada com isto.
Aretusa Maganha Belato, via e-mail

A sinfisite púbica, osteíte púbica ou pubalgia, representa um processo degenerativo crônico desta articulação, resultante de um desequilíbrio entre a musculatura adutora (parte interna das coxas) e a musculatura da parede anterior abdominal. Estes processos são crônicos e representam uma desgaste dos tecidos. A dor pode ser melhorada, e o reequilíbrio da musculatura abdominal e adutora pode trazer um alívio dos sintomas, mas o tecido degenerado vai permanecer. Fala-se em controle, e não cura propriamente dita. Converse com seu médico a respeito do tratamento fisioterápico, e ingresse em programas de atividade física com ênfase em exercícios aeróbicos alternativos à corrida, fortalecimento muscular e alongamentos. O importante é se manter ativa, mesmo que seja em outra atividade.

SUPLEMENTAÇÃO COM GLUTAMINA
Continuo treinando muito e alternando bicicleta, corrida e musculação. Mas, em um exame de rotina, dois resultados me chamaram a atenção: creatina fosfoquinase-cpk e transaminase glutâmica pirúvica (encaminho anexo). Estes níveis são normais para quem treina muito? Não tomo remédios, somente suplementação de vitaminas e glutamina. Outro assunto: tive que parar por cerca de 40 dias, pois fiz uma cirurgia de septo, e antes de parar, sentia leve dor nos tendões de Aquiles quando estava frio (somente quando apalpados). Agora, quando fui liberado para correr novamente, as dores aumentaram e sinto quando estou frio, logo de manhã, nos dois lados no pé esquerdo. Procurei um ortopedista que me informou "não haver cura, somente melhora". Meu quadro é similar ao descrito em matéria da CR 168, setembro 2007. Meu ajudem, pois a corrida já está me fazendo muita falta.
Willi Otto Cugurra, Sao Paulo, SP

O exame de creatina fosfoquinase-cpk avalia uma enzima encontrada no metabolismo celular do músculo, e está aumentada em situações de extremo catabolismo, ou seja, destruição de células musculares, portanto pode estar aumentado após situações de treinos muito intensos. A suplementação de glutamina é controversa, pois estudos mostram que ela não é absorvida pelas células do intestino delgado (enterócitos). Em relação ao seu problema nos tendões, realmente a tendinopatia de Aquiles é uma situação crônica, frustrante tanto para médicos quanto para pacientes, pois os tratamentos muitas vezes são apenas paliativos. Continue com suas sessões de fisioterapia, gelo, exercícios aeróbicos alternativos e reforço muscular da panturrilha, sobretudo com exercícios excêntricos, os únicos que tem sido descritos como efetivos na melhora dos sintomas das tendinopatias calcaneanas.

FRATURA POR STRESS
Venho acompanhando as informações na seção de medicina na revista, porém gostaria de saber mais sobre fratura por stress, pois no início do ano foi comprovado, através de uma cintilografia óssea, que eu estava com as duas tíbias fraturadas. O ortopedista me recomendou repouso absoluto de seis meses, para daí voltar a iniciar os treinamentos. Gostaria de saber se existe alguma coisa que possa estar fazendo para melhorar as dores, tipo fisioterapia, gelo, complementos etc.
Anselmo Zanotti da Silva, Itapevi, SP

A fratura de stress pode ser entendida como um desequilíbrio entre a formação e a destruição óssea, advinda de períodos de repouso insuficientes entre cargas significativas de treinamento físico, acarretando em fadiga do tecido ósseo e provocando uma perda de sua continuidade, ou seja, a fratura por stress. Você não precisa ingressar em repouso absoluto durante sua recuperação, apenas evitar exercícios de carga sobre o membro acometido. Procure realizar exercícios aeróbicos alternativos, principalmente na água, para manter seu condicionamento cardiovascular, e exercícios de musculação para o resto do corpo. Mantenha-se ativo para que o destreinamento não o prejudique muito. As sessões de fisioterapia e as aplicações de gelo podem amenizar sua dor, porém o uso do complemento de cálcio não lhe trará nenhum benefício em relação ao tratamento. Você não tem um problema no osso, mas sim um conjunto de práticas de atividade física que afetou seu osso. 

VARISES
Estou com uma pequena dúvida: a varicose, aqueles micro vasinhos que aparecem nas mulheres, pode ser causada por um treino de musculação mais intenso?
Rita de Cássia Viaes, Maringá, PR

Os micro vasinhos que surgem nas pernas das pessoas são decorrentes da incapacidade das válvulas, que se encontram dentro dos vasos, em não permitir o refluxo de sangue através dos mesmos. Desta forma, o sangue reflui e fica represado no interior destes vasos, causando o aspecto característico das varizes. Não acredito que um treino de musculação mais intenso possa ser o vilão da história, mas sim outros fatores predisponentes, como inatividade física, postura ereta e estacionária durante períodos de tempo muito longos, uso de sapatos de salto alto e genética desfavorável. O uso de meias de suave compressão e o hábito de erguer os membros inferiores em intervalos regulares podem auxiliar na prevenção do desenvolvimento das veias varicosas. 

PERNA MAIS CURTA
Gostaria de saber a opinião dessa conceituada revista sobre um problema ortopédico, do qual sou portador. Tenho a perna esquerda mais curta que a direita em 5 milímetros, ou meio centímetro. Consultei alguns ortopedistas e todos foram unânimes em afirmar que diferença abaixo de um centímetro é absolutamente irrelevante e não necessita de correção por meio de palmilhas etc. Verifiquei que existem inúmeros corredores com dúvida idêntica, como publicado na edição de maio. Por outro lado, vários profissionais de fisioterapia disseram que a diferença deve ser corrigida.
Áureo Barbosa Filho, Uberlândia, MG

Concordo com os ortopedistas que você consultou, e também não acredito que uma discrepância de 0,5 cm entre os membros inferiores deva ser corrigida. Aliás, eu não acredito que diferenças de até 1 cm devam ser corrigidas. Os lados direito e esquerdo do esqueleto humano não são absolutamente iguais e estas diferenças são muito mais comuns do que podemos imaginar. Não creio que deva considerar esta sua característica como um problema ortopédico. 

QUAL PISADA?
Sou corredor há alguns anos, com uma pisada que provoca grande desgaste na parte traseira direita do meu calcanhar direito. Que tipo de pisada é a minha? É possível conseguir tênis que faça a compensação da pisada? Sinto dores na lateral direita do pé, após as corridas.
Elisson Paulino de Castro, Boa Esperança, MG

Não há como determinar o seu tipo de pisada apenas com esta informação que nos prestou, já que o toque do calcâneo na pisada do ser humano ocorre com a parte traseira lateral do pé, portanto sua pisada respeita esta característica. Os tênis são confeccionados com materiais de suporte e amortecimento compatíveis com determinados tipos de pisadas, portanto o tênis pode fazer diferença na pisada. Nesse sentido, sua dor pode ser causada por equipamento inadequado. Ocorre também na parte da frente do pé, ou próxima ao calcanhar? Sofreu algum trauma ou entorse? Aumentou subitamente sua quilometragem semanal? Seu tênis não está muito velho?  Estas questões são importantes para determinar a causa de sua dor. Dê uma olhada na edição de abril, que traz o Guia do Tênis de Corrida, e apresenta o "teste do pé molhado", que é uma forma prática de se saber o tipo de pisada, com enorme chance de acerto, e já meio caminho para se comprar o calçado mais tecnicamente adequado.

CASO COMPLEXO
Pratiquei corridas de ruas por 10 anos, tendo participado de várias São Silvestres, desde 1993. Mas, por conta de um problema (deficiência de movimento) na perna direita, fui obrigado a parar de correr em 1999. Esta deficiência ocorre quando começo a caminhar, fazendo com que o movimento do pé e da perna fique comprometido, pois, quando o pé direito sai do chão para seguir o passo adiante, ele parece que é jogado para o lado de fora, e é como se não houvesse força para o peito do pé levantar, chegando até mesmo a arrastar o pé no chão. Parece que existe uma fadiga, que me faz perder a força para dar o próximo passo. Já fui a vários médicos, e em 2003 passei por uma faceotomia, cirurgia realizada sobre o músculo próximo à cabeça da fíbula, pois o médico acreditou que o problema seria em razão do músculo estar pressionando o nervo fibular, mas o procedimento cirúrgico não adiantou. O curioso é que eu não tenho dor na perna, mas às vezes sinto uma fisgada do lado direito da cintura, pouco abaixo da lombar e acima da região glútea. Ando meio sem esperança, pois todos os exames que fiz não apresentam resultado conclusivo, e mesmo os médicos não sabem dizer o que é exatamente isso, pois nunca viram um quadro semelhante. Cheguei a passar pelo setor de neurologia do HC, onde se conclui se tratar de uma distonia focal, mas a medicação que tomei não surtiu efeito.
Sixto Neves Jarussi, São Paulo, SP

Realmente seu quadro é bastante inusitado, e não me recordo de ter visto algo semelhante, pelo menos com esta evolução desfavorável. Você foi atendido por médicos importantes e renomados, conhecidos pelo seu trabalho, portanto não acho que o problema esteja aí. A hipótese neuronal, por compressão do nervo fibular, na minha opinião é a mais plausível, e fiquei surpreso com o resultado aquém do esperado da cirurgia. A fasciotomia foi realizada com o propósito de descomprimir o nervo fibular de uma eventual compressão pela musculatura da perna. A distonia focal me parece outra hipótese a ser investigada, portanto creio que deva continuar seu acompanhamento com a equipe de neurologia do HC até que seu problema melhore. Não desanime!

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