Uma discussão que sempre surge em bate-papos sobre corrida (e que serve também para outros esportes individuais): Existe “O Dia”? Assim mesmo, em letras maiúsculas. Fazendo um trocadilho, a cada dia tenho mais certeza que sim. Principalmente tratando-se de provas mais longas como os 21 km e, especialmente, a maratona. O que você acha?
Indo para Belo Horizonte neste final de semana, havia uma reportagem sobre a influência mental no Sportv no voo. Um programa mais antigo, que tratava do assunto, da influência mental (tranquilidade, concentração, relaxamento e ansiedade nos níveis corretos e por aí vai…). Um dos exemplos citados era o de Pete Sampras, craque do tênis, que afirmou: “Quando me sentia no dia, visualizava a bola de tênis do tamanho de uma de basquete!”. Quem acompanhou a carreira do americano sabia que, nesses dias, ele era invencível.
Lembrei, também, de uma entrevista do Adauto Domingues, técnico do Marilson Gomes dos Santos, sobre a Maratona de Chicago do ano passado. Ele explicou que o brasileiro nunca chegou tão bem treinado para uma prova, a preparação foi toda certinha, perfeita . O resultado, um recorde pessoal? Não, Marilson parou por volta do km 30 com indisposição estomacal. Duas semanas depois, conquistou a almejada medalha de ouro nos 10.000 m no Pan-Americano de Guadalajara, no México. Resumindo, infelizmente, em Chicago não era o dia de Marilson.
Domingo, na Golden Four Asics Belo Horizonte, queria correr forte. Estava (e estou) treinado. Não perdi nenhum dia da preparação para Boston. Baixei todas as minhas marcas em treinos e provas. Tinha feito 1:26:35 há alguns dias na Meia de SP, com altimetria bem mais difícil. Porém, travei na capital mineira. Não consegui correr.
Não me concentrei na prova em momento algum, a mão que machuquei semana passada inchou (o que não ocorreu em nenhum dos cinco treinos que fiz na semana), a perna não respondia… Poderia ter brigado contra tudo isso, mas ouvi a razão e desisti. Corri somente até o km 10. Fui até o final da prova, já que estava bem longe, mas caminhando e trotando. É ruim para a cabeça? Demais. Fiquei (e estou) muito chateado. Vai passar. Tem de passar. O tempo cura. Não era o dia.
Somos movidos pela paixão, pela emoção… o difícil é tomar essa decisão na hora. Não é fácil. Extremamente frustrante. Senti isso na pele ontem. Doi. Mas, analisando friamente, era o correto. Um cara que admiro demais e que a maioria conhece, é o Vicent Sobrinho. E as palavras dele, devem ser divididas: “Cada prova é uma… Sai fora de pensar que isso irá afetar sua maratona em Boston. Não carregue esse piano para Boston, senão, irá pagar caro. Ficará mentalmente impossível de correr. Então, desencane e pense: ‘Vamos para próxima'”.
Ou seja, ontem, não era o dia. Ao invés de brigar com o impossível e me desgastar demais, pensei na próxima. Mas que fica uma ferida, isso fica. Na prática, senti do que muitos defendem: existe O Dia. Agora, só um adendo, existe o dia se você treinar!
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Fala fiote!!! André, fica assim não sô! Existem os dias ruins e os dias bons!!! Os próximo serão EXCELENTES!!! Foca, bons treinos e vai com Deus!!!
O dia NÃO sempre acontece. Pelo menos o treino te garante fechar a prova em um tempo razoável, mesmo não estando no dia.
Ainda quero chegar nesse nível de fazer 1:34 porque deu tudo errado. Os treinos servem pra isso, pra cada vez mais ter dias SIM, em detrimentos de poucos dias NÃO.
Vamos pra próxima. Boston vai ser massa.
André, isso aí tá me parecendo excesso de treinos e/ou treinos muito fortes na semana da prova. Eu como já estou ficando velhinho faço assim: sábado tinha um longo de 34 km. Treinei forte segunda e quarta. Descansei quinta e sexta. Fiz os 34 km no sábado, descansei domingo e hoje. Faço outro treino forte só amanhã. Seria bobagem no meu caso tentar forçar mesmo que fosse uma rodagem simples de 12 km. Prefiro descansar bem as pernas e treinar forte depois. E quando se trata de uma prova-teste aí o descanso precisa ser bem planejado para o máximo rendimento no dia da prova.
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É assim mesmo, Julio. Entrei em polimento, então, descanso não faltará nesta e na próxima semana!
Abraço
André
Andre,
Estamos aqui na torcida por vc em Boston.
Acredito sim q ontem nao era pra ser… As adversidades vêm para nos fortalecer e nos ensinar a lidar com a queda. Caiu. Levanta. Parece simples e alguém pode dizer: “facil falar quando nao é com vc…” verdade, mas nao vejo outra forma de lidar c isso a nao ser dizendo: bola pra frente.
Ficar pensando no q passou e conjecturando so traz sofrimento…
Entao aproveite os ultimos dias q antecedem a prova e vai la fazer o q vc aprendeu bem nos treinos: voar!!!!
Ab,
@danivalmaro
http://www.runningnews.com.br/blogs
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Dani, é por aí mesmo. Só uns poucos dias para digerir, rs. Ainda está entalado, mas é foco nos treinos e pensar para frente realmente.
Abraço
André
Aconteceu contigo, aconteceu comigo. Meu recorde de meia atual, 1h44, aconteceu num dia em que estava relaxado, onde esperava um tempo razoável, mas na casa de 1h49 (meu recorde anterior), já que não estava tão bem treinado. Ontem (nem te encontrei no final da prova!), fui focado, fiz quase tudo certo (exceto o cronômetro, já que sem querer deixei o Garmin descarregar), treinei firme, saí com o bloco do 1h40 pra matar o Desafio da Contra-Relógio e… senti as pernas fraquejarem. O condicionamento aeróbico estava bom, não estava hiperventilando, mas faltou força, sei lá. O bonde de 1h40 foi e eu fiquei pra trás no 12° km. Acabei andando, trotando e fechando com 1h49, justamente aquele meu recorde anterior. Condições eu tinha, mas não era o DIA!!! Mas no dia do 1h44, era o DIA!!! Acontece. Vamos esperar pelo próximo DIA e fazer minha parte que é treinar, treinar e treinar. Porque sem treino o DIA não vem mesmo…
André,
Corrida é dia.
Já passei por isso.
Em 2010 fiz o projeto “correndo para doar” aonde resolvi vender cada km que iria correr na ultra BertiogaXMaresias e doar o valor arrecadado a um abrigo de menores aqui na Zona norte de SP.
Pois bem, foram 9 meses me preparando.
Correndo 1 maratona por final de semana. Até o dia da prova.
Tinha dia que era dois treinos, uma de manhã e outro a noite (15 e 20km). Sabado corria 50, 60km.
Chegado o grande dia da prova. Tudo cospirou contra, cheguei atraso 15min da largada.
No km 28 comecei a sentir dores no joelho esquerdo. Tive que abandonar no 42º.
Foi duro desistir. Até então nunca tinha parado nenhuma prova.
Na linha de chegada tinha mais ou menos 15 crianças, sem contar o pessoal do abrigo me esperando para fazer aquela festa na minha chegada.
E para infelicidade deles, chego de van.
Foi triste. Fiquei semanas me recuperando desse “baque”.
Hoje, digo com propriedade. NÃO ERA O DIA!
Aconteceu. Bola para frente.
Cada corrida é um dia, é uma historia.
O que você vive nos treinos, nunca será igual nas provas. As vezes melhor, as vezes pior.
Tem dia que o treino é “o treino”, o melhor da sua vida.
Mas na corrida nem sempre acontece.
Por essas variaveis, eu corro desencanado. Se tiver que ser a minha melhor corrida será.
Se não for, terá outra, e outra….
Boston é outro dia. Outra historia.
Relaxe. Descanse.
Caso alguém queria saber mais da minha aventura dos 75km leia:
O dia que corri 75km (ou quase)-
http://angelo-corredor.blogspot.com.br/2010/10/o-dia-que-corri-75km.html
Abração.
Grande André…nada melhor que um dia após o outro!
Isso nos ensina várias coisas…
Uma boa prova em Boston!!! 🙂
http://correrparacrer.wordpress.com
Força ai André. Foco na recuperação da mão. Vai dar tudo certo! Abcs!
André, não era o.dia e qualquer esporte tem dia sim e dia não. Ontem era seu dia não, mas além disso era dia de muito calor, umidade alta e vento. Pode por isso ai na sua conta porque muita gente quebrou, mesmo aqueles em que o dia era sim. Ontem por mais que o percurso fosse bom, as condições gerais não eram favoráveis para recorde. E recorde, principalmente quando ele já é forte, tem que ter pacote completo (dia sim do atleta, temperatura, umidade, vento, etc).
Andre,
Seu alvo é Boston cara! Ontem foi só um treinão que não saiu como planejado, nada mais. Sinceramente, se eu tivesse indice e preparado pra Boston, não deixaria uma prova/treino me chatear não! Relaxa e recupera essa mão aí. Abçs!
Lógico que as vezes… muito as vezes.. acontece de não ser o DIA… assim como a favor também. Então creio que é uma loteria isso… por isso concordo plenamente com o Ênio acima, e faço uma observação. “NÃO VIAJE no que já foi…. CARA… Olhe prá Frente… BOSTON é “AMANHÔ… esqueça tudo desse post para trás… e comece a trabalhar sua mente… pois a maratona começa no km 30. É lá que você estará em breve … e se quiser passar como o desejado… ESQUEÇA ontem… e vá curtir um cinema… um passeio.. descanse uns dias e retome… como se nada tivesse acontecido.. e como diz na música “Quem sabe faz a hora… não espera acontecer!”… Tire esse piano desses 21k das costas e vá leve para BOSTON>.. é isso que espero de você ANDRÉ ! .. Abçs .. e Relaxxxxxxxxxxx….
Ohhh André, desde que nos tornamos amigos atrávés das corridas, em 2010, já vivemos um bocato de emoções…temos acompanhado nossos êxitos e fracassos. Quando não é um é o outro. Até nas quedas em montanhas dividimos, 1x para cada um…É para isso que a gente corre. Para sermos pessoas melhores, mais maduras, mais conscientes, mais equilibradas física e emocionalmente! Força aí, sucesso em Boston!
Ahhh, foi em 2009.
Dias ruins, existem. Dias bons, a gente constrói. Ou, definindo de outra forma, existem os dias ruins, e quanto menos treino, experiência, descobertas cientificas, etc, maior a chance de ter um dia ruim. Melhorar dentro de uma modalidade, é diminuir a quantidade de dias ruins. Abordando a questão por outro angulo, se for pra afirmar essa questão do “dia bom” (e eu não estou negando a sua existência), essa percepção deve acontecer antes, ou nos primeiros momentos da competição. Qualquer comentário dessa natureza, que vem a posteriori, beira a desculpa, justificativa, racionalização. É igual comentarista de futebol que traz argumentos totalmente diferentes, antes e depois de um jogo. Rasga de elogios um jogador, e depois o desvaloriza, e vice-versa. No caso do comentarista, ele até pode mudar de opinião durante o jogo, mas tem que admitir que errou na impressão inicial. Mesmo numa competição, esta impressão deve ser algo constante, pra ser válida. Mas entrando mais a fundo na questão, fico pensando se tem algum sentido ficar falando de “dia bom” e “dia ruim”, no caso de atletas que não tem nada a perder. Tipo, alguém que quer fazer 1h20 em meias, mas no final, tanto faz se a meta for alcançada amanhã, no mês que vem, no semestre seguinte, ou no ano seguinte. Interessaria, para mim, ouvir depoimentos de atletas que tiveram essa sensação de “hoje é o dia”, por exemplo, numa seletiva olímpica americna. Outro depoimento que eu valorizaria, seria a do Kawauchi Yuki, que mesmo entre os atletas profissionais, não muitos correm “como se fosse a última maratona” como ele. Dito tudo isto, acrescento que não gosto de “pseudo-cientificismo”, mas gosto muito daquilo que é assumido como superstição. Por exemplo, um atleta programa um despertador para tocar randomicamente entre 5h e 5h30, e ele se anima dizendo “é hoje” por ter despertado quando o número dos minutos coincidiu com o número de sorte dele. Neste caso, está mais pra tecnica de motivação, mas acho muito legal este tipo de história (desde que cumpra o desempenho de fato, é claro).
Oi André,
Se até o pessoal da Elite tem dias ruins, também temos direito… o negócio é deixar para trás, focar na próxima prova e bater sua meta, seja ela qual for.
E muito legal você dividir isso conoscoe possiblitar o debate. Assim vemos que acontece com todo mundo, mesmo a galera mais experiente.
Bons treinos, bom descanso (que também é treino!) e boa prova em Boston!
Abraços,
Alex (@jalexsantanna)
Fé no seu treino…pois acredito…e pra mim é sempre assim…depois de um dia destes…sempre voltamos mais fortes!!! e preparados pro dia em que TUDO dá certo!! e é este que torcemos pra vc ter em Boston!!
André
As vezes o que mata é a expectativa. Você achou que podia bater o seu PR mas o tempo não estava ajudando etc. Como você mesmo me disse só foi uma preparação para a maratona que será em 15 dias. Então continua na preparação por que está na reta final. Boa sorte.
Uma quebradinha vez ou outra serve contar história depois… tipo assim: putz! 15 dias antes de Boston quebrei em BH.
Boa Sorte e “be quiet”.
Senti isto no mês passado numa corridinha leve (corrida da esperava) de 6k.
Me alimentei mal no dia anterior mas me sentia confiante devido ao bom preparo físico e ao trabalho de treinos que venho realizando. Tenho um pace medio de 4,7 minutos por km nas provas de 10km e como a corrida era mais curta resolvi largar fritando pneu “tenis” fiz meu primeiro km em pouco menos de 3 minutos, o segundo em cerca de 3,5 minutos e no terceiro “morri”. Lá se foi todo meu gás para a prova e tive que caminhar nos demais kms finalizando o trajeto em 47minutos. Isso me serviu de experiência e permitiu que há poucas semanas eu cumprisse a minha meta do SUB50 nos 10k.