Texto e foto: Fernanda Paradizo | feparadizo@gmail.com
Não basta apenas treinar duro para conseguir o resultado esperado na prova dos seus sonhos. Para uma boa performance, em qualquer distância que seja, é preciso adotar a melhor estratégia para conseguir cruzar a linha de chegada com a sensação de que seu objetivo final foi cumprido da melhor forma possível.
Muitas vezes você pode se perguntar: O que é melhor? Correr num ritmo progressivo, em que não queime todas as energias bem antes do fim da prova? Tentar uma estratégia mais “cruzeiro”, sem variação de ritmo? Ou forçar um pouco no início para ganhar gordura para o final?
Sabemos que estratégias de provas são bem pessoais e varia de corredor para corredor. Mesmo com muitos anos de corrida, há atletas que ainda estão tentando encontrar a melhor maneira de correr, principalmente em provas mais longas, como 42 km e 21 km.
E uma coisa é certa: adotar uma ou outra estratégia dependerá de vários fatores que devem ser considerados, como os pontos fortes de cada atleta, suas fraquezas, a distância da corrida, além das condições de clima e percurso. Para saber um pouco mais sobre as estratégias de corrida e tentar identificar aquela que mais combina com seu perfil ou mesmo aquela que pode ser útil para o tipo de prova que escolheu, reunimos aqui quatro diferentes estratégias que podem ser consideradas na hora de dar o start na linha de largada.
Mesmo ritmo: Correr a prova toda num mesmo ritmo, em cima do relógio, não é uma tarefa fácil e, em geral, corredores mais experientes conseguem imprimir uma velocidade constante em todo o percurso. Vale dizer também que, para adotar essa estratégia, é preciso que o trajeto seja plano, sem grandes variações, e que a temperatura também favoreça a manutenção do ritmo. Se bem adotado, este tipo de estratégia tende a levar a grandes resultados.
Ritmo progressivo (split negativo): O sonho da maioria dos corredores é conseguir fazer o chamado split negativo, que nada mais é do correr de forma progressiva. A segunda metade da prova será mais forte do que a primeira. A maioria dos técnicos é a favor dessa estratégia, até porque é uma forma de controlar a ansiedade inicial dos corredores, que tendem a começar a corrida num ritmo muito forte e pagar o preço no final. Esse tipo de estratégia pode ser muito agradável psicologicamente porque o corredor passa um grande número de pessoas na última metade da prova. Isso claro se o percurso for plano e a prova for realizada em condições climáticas favoráveis. Mas atenção: pode não ser uma boa estratégia se a segunda metade da prova é mais dura do que a primeira. Alguns atletas que querem apenas terminar a prova, sem a preocupação do tempo final, tendem, muitas vezes até involuntariamente, a fazer um split negativo com uma grande diferença de ritmo da segunda metade para a primeira, assumindo uma estratégia mais cautelosa, sem muitos riscos de quebra.
Sensação de esforço: Nesse tipo de estratégia, o ritmo da corrida é comandado pela sensação de esforço do atleta. Essa forma de correr é apropriada também a corredores iniciantes e muitas vezes podem resultar em ritmos mais altos no final, devido à sensação de fadiga. Da mesma forma, correr tendo como base essa sensação de esforço pode resultar também numa excelente estratégia para corredores mais experientes em corridas com muitos aclives e declives, já que o ritmo é comandado pela sensação do momento. Para um resultado satisfatório, corredores mais inexperientes que adotam tal estratégia precisam dar especial atenção ao primeiro sinal de fadiga, não deixando que essa sensação de cansaço se prolongue muito adiante no percurso, para não correr o risco de ter que diminuir o ritmo de forma drástica para poder terminar a prova.
Início forte (split positivo): Alguns atletas se sentem bem fazendo uma largada mais forte, mesmo sabendo que mais adiante terão que diminuir o ritmo. Esse tipo de estratégia é muito usada por corredores mais experientes e competitivos, que querem abrir vantagem em relação a seus adversários logo no início da prova. Essa não é uma estratégia recomendada para a maioria dos corredores, já que o final da corrida costuma ser mais sofrido para manter o ritmo. Muitas vezes, de forma involuntária, corredores tendem a correr dessa forma. É uma estratégia boa para corredores que conseguem manter o ritmo satisfatório no final da prova, sem cair muito, mesmo que estejam cansados.
De acordo com o percurso: Correr de acordo com o percurso é uma estratégia de corrida em que seu ritmo depende das condições do trajeto. Na maioria das vezes, é adotada por corredores que conseguem aproveitar bem as variações do percurso, como subidas e descidas, levando até uma vantagem em relação a outros competidores. Se usada corretamente, pode resultar em excelentes resultados numa competição. Pode ser usada também como uma eficiente ferramenta psicológica contra os adversários que não conseguem a mesma eficiência em percursos mais variados.