Ranking CR Tomaz Lourenço 12 de junho de 2024 (0) (3855)

Está no ar o Ranking Brasileiro de Maratonistas 2024 corrigido,  sem os “cortadores” no Rio e sem os resultados de Tubarão, por erro na extensão do percurso

POR TOMAZ LOURENÇO


Está no ar, aqui no site, a nova versão do Ranking Brasileiro de Maratonistas 2024, com duas mudanças em relação a que foi publicada há uma semana. A primeira é que decidimos desconsiderar os resultados dos que não passaram por um ou mais tapetes de controle do chip no percurso na Maratona do Rio, ou seja, por não terem corrido integralmente os 42,2 km. E a segunda tirar a Maratona de Tubarão do RANKING porque a distância real ficou próxima a 41,5 km, por descuido no balizamento. 

Atualmente a tecnologia do chip permite um acerto de 100%, daí se poder afirmar que ao não se verificar o número do corredor, mesmo que em apenas um local, ele efetivamente por lá não passou. As listagens da Maratona do Rio, no site do evento, podem ainda conter alguns participantes sem registro pleno do chip no percurso, em função da empresa de cronometragem (ChipTiming) estar avaliando a desclassificação, mas para efeitos do RANKING optamos pela integral eliminação.

Dos 9.812 concluintes (6.925 homens e 2.888 mulheres) nos 42 km do Rio, 481 deixaram de cruzar por um ou mais pontos de checagem do chip, o que é número assustador e preocupante, mesmo que alguns poucos casos de não má fé tenham acontecido, como as pessoas passarem ao lado dos tapetes, em função do aglomerado de corredores, o que pode ser resolvido com alargamento desses pontos e sentido obrigatório, pela limitação nas laterais.

Além dessa desclassificação, por nossa conta eliminamos alguns casos de resultados absurdos de mulheres e de pessoas acima de 60 anos, por constatarmos (através de fotos) homens correndo com número feminino e jovens com identificação de idosos. E tudo começou por acaso, já que nossa função com a montagem do RANKING não é de fiscalizar as marcas alcançadas, mas sim de valorizar os corredores que treinam e completam integralmente os 42,2 km.

Ao checar, por curiosidade, os tempos das mulheres mais rápidas, constatamos uma de 55 anos completando abaixo de 2h50 e outra, relativamente obesa, fechando pouco acima de 3 horas. Também achamos estranho resultados dos primeiros da faixa 80 anos e ao procurar as fotos vimos que eram todos jovens!

Aí a pesquisa se estendeu um pouco mais, com novos casos semelhantes, mas obviamente não tinha sentido essa ação de detetive. Pelo menos, considerávamos que os chamados “cortadores de caminho” eram desclassificados automaticamente (enfim, para que servem os tapetes de chip no percurso?), mas isso não se comprovou e nem sabemos se algum organizador por aqui tem essa atitude.

RISCO DE “MEXICANIZAÇÃO” NO RIO

O problema dos “cortadores” na Maratona do Rio é de honestidade de alguns participantes, que não correm todo o percurso, mas também de gente que, esgotada, decide encurtar a distância, para conseguir ir até a chegada. E o trajeto da prova carioca é extremamente tentador e facilitador para essa atitude, com inúmeros trechos para esse encurtamento de quilômetros. Esta, aliás, deve ser a principal razão para aquele número tão alto, mas de qualquer forma esses corredores acabam tendo seus nomes nas listagens da prova, no dia seguinte, com direito ao certificado, que vai direto para as redes sociais, obviamente.

Essa situação é absolutamente fácil de ser corrigida, desclassificando-se automaticamente os concluintes que não tiverem a passagem confirmada em um ou mais pontos de controle do chip. Isso não é feito no Rio, assim como em outras provas brasileiras, e a mudança de postura da organização seria um fato extremamente positivo, para que a maratona carioca não se “mexicanize”. 

A prova na Cidade do México é a maior da América Latina, com 33 mil concluintes em 2023, porém 1/3 dos que cruzaram a linha de chegada (isso mesmo, 1/3) não fizeram os 42 km, mas sim apenas uma parte! Pra tentar acabar com esse fato ridículo, os organizadores decidiram agora (não faziam, e por isso mesmo foi crescendo…) pela desclassificação dos que não passam por todos os tapetes. Os “tramposos”, como são chamados lá, até usam o metrô pra facilitar e não têm a menor vergonha da atitude, fazendo fotos e postando nas redes sociais. 

No Rio ainda não chegamos nesse ponto, mas há um risco de caminharmos para esse absurdo, se nada for feito para limitar essa bagunça, que acaba por desvalorizar o evento, ao crescer o número dos que se inscrevem para correr uma distância qualquer dentro da maratona, fazendo a chegada. Não há como restringir essa burla, mas o fato dos “cortadores” não aparecerem nas listagens, divulgadas nos dias seguintes, já é um forte desestímulo.

O outro problema no Rio (homens correndo com número de mulheres e jovens com número de idosos) é igualmente péssimo para a credibilidade dos resultados da prova. Aqui a solução também não é difícil, bastando se distinguir claramente entre números masculinos e femininos, e inserir uma marca forte nos dos participantes com mais de 60 anos. Então, após a chegada, alguns fiscais anotariam esses casos para a posterior desclassificação, sem nenhum conflito ao final, como a restrição para que pegassem as medalhas.

Como punição às mulheres que cederem seus números, assim como aos idosos que agirem da mesma forma, eles deixariam de ter suas inscrições aceitas nos próximos anos e isso seria informado no regulamento da prova. Basta que a organização faça isso uma vez, para que tudo se modifique, como é comum no Brasil em várias áreas, ao haver uma penalização de verdade.

As explicações para estes comportamentos são a má fé mesmo, em busca de marcas para garantir a qualificação em provas difíceis, como Boston, ou se aproveitar da inscrição com desconto para os de mais de 60 anos. Mas há também um motivo que talvez explique o maior número de burlas, que é o simples desleixo. Em equipes de corredores, são muitos os casos de inscritos que por alguma razão desistem de participar e seus números são distribuídos para outros integrantes, sem qualquer critério.

Uma possível forma de minimizar o problema seria permitir a alteração do cadastro nos dias de entrega de kits, como fazem muitas maratonas pelo mundo, eventualmente se pagando uma taxa pela mudança, sendo que tecnicamente não acarretaria grande trabalho para a organização, além da boa vontade.

Digno de elogio a atitude da organização da Maratona do Rio, na pessoa do diretor técnico, João Traven, de disponibilizar a listagem com a passagem de todos os concluintes pelos postos de chip do percurso, numa transparência inequívoca. Em função dessa postura, esperamos que os comentários e sugestões contidos neste post sejam levados em conta para o próximo ano, para que a nossa maior e mais espetacular maratona continue crescendo e melhorando.

FALHA NA SINALIZAÇÃO EM TUBARÃO

A outra alteração tem a ver com falha na sinalização da Maratona de Tubarão, quando vários participantes viram em seus GPS que faltaram aproximadamente 700 metros no percurso. Quando recebemos os resultados dessa prova, nos chamou a atenção o alto índice de ingresso no RANKING, com 89,4% dos concluintes se classificando, contra uma média de pouco mais da metade nas outras maratonas. 

Como os GPS geralmente marcam um pouco a mais do que os 42,2 km, na medida em que o corredor não consegue fazer um trajeto tão “econômico” quanto o medidor, que melhor tangencia nas curvas, qualquer valor menor do que o oficial significa falha na medição. E mesmo quando esta é feita corretamente, por pessoa credenciada pela federação de atletismo estadual ou da própria Confederação Brasileira – CBAt, pode haver erro de balizamento no dia, levando a um encurtamento da distância, como aconteceu em Tubarão, e que foi reconhecida e lamentada pelo organizador, conforme email nos enviado.

As maratonas se preocupam em contratar a aferição oficial do percurso (e pagar alto pelo serviço), o que é obviamente positivo. Mas depois descuidam do balizamento no dia, que devia ser acompanhado pelo medidor. O resultado é um desastre para os participantes, que se veem frustrados, após meses de preparação para correr a longa distância, inclusive com objetivo de se ranquear ou conseguir índice para uma prova no exterior.

No ano passado, as maratonas de Criciúma e de Sorocaba deixaram de contar para o RANKING exatamente por essa falha, com encurtamento da distância, não assumida pela primeira, mas sim pela segunda. Há 3 anos o mesmo problema aconteceu na Monumental de Brasília. Também lá fora se verifica esse descuido, como na famosa Maratona de Nova York de 1981, que foi palco de recorde mundial, por Alberto Salazar, mas que não foi homologado, ao se constatar que faltaram 150 metros para a distância oficial de 42.195 m.

Em função dessa realidade em Tubarão, estamos eliminando os resultados do RANKING. Aqueles que porventura tenham conseguido se ranquear em outra maratona, mas cuja marca foi trocada pela (melhor) na prova catarinense, devem nos contatar para que façamos a justa correção.

ANDAMENTO DO RANKING

Ranking Brasileiro de Maratonistas é elaborado e publicado pelo site CR, conforme vão acontecendo as provas com percurso aferido no país, até sua versão final em dezembro. São ranqueados aqueles que conseguem resultados abaixo dos tempos-limite de sua faixa etária (veja aqui), valendo sempre a melhor marca, para os que se classificam em mais de uma maratona.

A segunda versão do RANKING CR está no ar, bastando clicar no alto à direita, para ver os selecionados nas últimas 6 maratonas ocorridas e que são: Uberlândia, Ponta Grossa, Natal, FMO Olinda, Rio de Janeiro e Florianópolis. Eles se somam aos que conseguiram índice nas 7 primeiras do ano: Ribeirão Preto, Blumenau, São Paulo, Cascavel, João Pessoa, Brasília e NB Porto Alegre.

Já a listagem no final de julho terá os ranqueados nas maratonas Intern. OlindaLondrina, Campo Grande, Manaus, Campinas, SP City e Intern. João Pessoa. Na primeira quinzena de setembro o RANKING terá os qualificados nas de Goiânia, Fila SP, Vitória, Floripa e Niterói. A seguinte incluirá os que conseguirem índice em Salvador, Criciúma, Foz do Iguaçu, Porto Alegre, Recife e Pelotas. E para finalizar, os que se classificarem em Pomerode, Jurerê, Curitiba, Sorocaba e Monumental

A previsão é ter o RANKING 2024 concluído na primeira quinzena de dezembro, para uma revisão, inclusive pelos próprios maratonistas, para sua publicação aqui no site no final do ano, com direito ao DIPLOMA DE MARATONISTA 2024 para os que desejarem guardar uma lembrança por terem ficado entre os melhores nos 42 km no Brasil, por faixa etária.

Para a montagem das listagens, estamos recorrendo aos organizadores e também ao site www.openresults.run, que representa uma enorme contribuição para a plena visualização dos resultados de nossas provas, superando um longo período em que algumas corridas dificultavam esse acesso, para não revelar o total de concluintes, que acabaria por desmascarar o número de participantes anunciados. 

No quadro, quantos terminaram os 42 km nas 13 primeiras maratonas oficiais brasileiras e quantos corredores conseguiram ingressar no RANKING em cada uma. No ano passado, 58% dos 26 mil que completaram provas oficiais de 42 km no país entraram nas listagens do RANKING CR. Até agora, o índice de ingresso está um pouco abaixo (51,9%), mas o número de concluintes deve chegar ou mesmo superar os 30 mil, pelo maior número de maratonas com percurso aferido consideradas.

É efetivamente uma seleção dos mais rápidos e tem a função de valorizar aqueles que se dedicam aos treinamentos para encarar o desafio da longa distância. Vale lembrar que os tempos-limite das faixas etárias são em torno de 1 hora a mais do que os exigidos para inscrição em Boston. 

ATENÇÃO: Para correções no nome, faixa etária ou resultado, por aparecer em duplicidade, assim como contestação por não ter sido ranqueado, favor enviar mensagem para tomazloureno1947@gmail.com. Corredores cadastrados com apelido, um só nome ou da equipe não foram considerados, mas podem solicitar inclusão, pelo e-mail.

INGRESSO NO RANKING BRASILEIRO DE 2024

MARATONACONCLUINTESRANQUEADOS%
Ribeirão Preto38617745,8
Blumenau25716162,6
São Paulo3.8711.72044,4
Cascavel1147969,2
João Pessoa47721945,9
Brasília30516654,4
NB Porto Alegre1.23094176,5
Uberlândia31219963,7
Ponta Grossa1086257,4
Natal1144539,4
FMO Olinda894044,9
Rio de Janeiro 9.8124.94450,3
Florianópolis76352168,2
TOTAL17.8389.27451,9

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