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Releitura Redação 10 de maio de 2021 (0) (124)

Está difícil para treinar? Reveja suas metas e vá em frente!

NO FOCO – por Marina Gomes – Junho 2011

Trabalho, família, lesão. É difícil aceitar que não vai dar para continuar treinando como se planejava ou que a participação naquela prova tão sonhada terá que ser adiada. Mas não é preciso desistir; apenas mude seus planos e continue com a corrida.

Ninguém está livre disso. Mesmo que você tenha planejado os mínimos detalhes, imaginado diversas vezes o momento de cruzar a linha de chegada e sonhado com uma prova, alguma coisa pode dar errado. E isso não é necessariamente ruim, já que a vida é múltipla e os afazeres e áreas de atuação têm que se entrelaçar de forma harmoniosa, para que tudo dê certo e a vida seja completa.

Família, amigos e trabalho estão no pacote. Novos projetos profissionais, que exigem mais dedicação ao trabalho, podem render dinheiro ou reconhecimento, por exemplo. E nessas horas os treinos vão ficando para depois. O nascimento de filhos é outra ocasião que altera a rotina de forma intensa, principalmente em termos de noite mal dormidas.

Mas isso não significa o fim do mundo. Postergar objetivos e alterar as metas é indispensável para não sentir um gostinho de frustração. Ir a fundo e decidir fazer a prova a todo custo costuma não ser muito inteligente. Quase todos se lembram das lágrimas derramadas pela maratonista Paula Radcliffe, na Olimpíada de Pequim em 2008. Contrariando ordens médicas para que não participasse, devido a uma fratura por estresse no fêmur, ela correu a prova. Resultado: a recordista mundial chegou em 23º lugar!

O mais importante é saber até quando persistir e quando o melhor é realmente mudar de foco. O preço da imprudência pode ser alto demais, com lesões complicadas que vão tirar você da corrida por ainda mais tempo.

Nessa hora o equilíbrio entra em ação e você deve pensar em readequar sua meta, de acordo com as novas possibilidades, seja o tempo disponível para treinar ou uma imposição de ‘pegar mais leve’ devido a uma maior exigência do trabalho e de atenção à família.

“A mudança de objetivo se torna necessária não somente pelo risco de lesão, ao se competir mal treinado, mas também pelo abalo psicológico, porque ninguém gosta de piorar o tempo que já fez, ou até mesmo não chegar”, comenta Alexandre Maximiliano, da Start Assessoria Esportiva, do Rio de Janeiro.

Qualquer que seja a razão para ter que parar ou reduzir as corridas, o importante é não encarar com frustração o acontecimento ou momento que impede a continuidade dos treinos, como explica Rodrigo Scialfa Falcão, diretor da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte. “As derrotas podem funcionar como motivação e quando bem elaboradas servem sempre para evolução de algum aspecto importante da vida. A beleza do esporte talvez seja justamente essa: as lições podem ser aprendidas em momentos negativos e, assim, rever objetivos, diretrizes, repensar valores, modo de treinamento etc. Imprevistos acontecem em todas as áreas, por isso ter flexibilidade é fundamental. Entretanto, persistir também é importante, e utilizar outras metas de curto prazo que reforcem o retorno ao objetivo anterior revela-se uma estratégia interessante”, diz Rodrigo.

 

Dificuldade em manter a rotina de treinamentos?

Veja o que treinadores recomendam para cada objetivo. Às vezes ainda dá para encarar a prova planejada, como nas de menor distância. Já quando o assunto é maratona, a história é diferente.

 

10 km: Se a meta for apenas completar a prova e você não estiver com lesão, vá em frente. “Até gripado e mesmo não estando em plena forma ou na melhor performance é possível participar de uma corrida de 5 ou 10 km”, incentiva o treinador Décio Ribeiro, da D-Run Assessoria Esportiva, de Campinas. Segundo ele, mesmo que o objetivo seja melhorar o tempo, isso ainda é possível, pois completar os 10 km não exige muito nos treinos, que podem ser feitos em menos de uma hora, três vezes por semana. “Outra opção são os intervalados, que são mais rápidos ainda, porém mais intensos. Ou seja, para quem está com tempo limitado, é uma ótima alternativa.”

Um exemplo de mudanças de planos é o dado pelo paulistano José Marcos Junior. Ele tinha como meta em 2011 entrar para o ranking dos 10 melhores da Corpore, competindo bem em cinco provas do circuito dessa organizadora. Porém, com a chegada de seu primeiro filho, precisou repensar suas prioridades. “Até consegui manter um treinamento próximo ao que fazia antes, mas percebi que o melhor seria diminuir para curtir mais meu filho, que está em uma fase em que há mudanças todos os dias! Claro que com isto precisei cancelar as metas para o primeiro semestre do ano, mas está valendo muito a pena!”, conta ele, que agora planeja melhorar os tempos nas provas de 5 e 10 km.

 

Meia-maratona: “O ideal é que o corredor tenha feito no mínimo um longo de 16 km, caso contrário é melhor readaptar a meta”, sugere Alexandre Maximiliano. Ou seja, se a prova vai acontecer daqui a um mês e você não estiver fazendo nem treinos de 10 km confortáveis, comece a pensar em alternativas.

Por outro lado, diz o treinador, se pulou muitos treinos da planilha, mas estiver com os longos em dia, participe da meia, mas sem pensar em tempo de conclusão, deixando a melhora em sua marca na distância para outra meia-maratona mais para frente.

 

Maratona: Em geral, as planilhas sugeridas pelas assessorias já são programadas com uma pequena margem “erro”, para o caso de o corredor ser obrigado a pular alguns dias. Ou seja, se for necessário, ainda dará tempo de incluir alguns longos e aumentar o volume semanal. Mas se o corredor não consegue fazer os longos do fim de semana ao longo do cronograma originalmente previsto, torna-se praticamente impossível realizar a prova com segurança.

“O problema é maior quando se treina para maratona, pois requer mais treinamento, mais cuidados, e uma simples gripe pode prejudicar a performance, além de haver mais riscos de lesões. Se o corredor não está conseguindo seguir a planilha para maratona, temos que mudar a escolha da prova”, afirma Décio Ribeiro. É verdade que o calendário brasileiro não ajuda muito quem perdeu o passo, pois são poucas as provas, mas dá para recorrer aos vizinhos, como a maratona de Punta, em setembro, ou a de Buenos Aires, em outubro.

E existe ainda a possibilidade de se trocar a maratona abandonada por uma meia-maratona bem feita. Ou até mesmo duas, como sugere o treinador Alan Marques, da Speed Assessoria Esportiva, do Rio de Janeiro. “Se temos uma maratona pela frente e não conseguimos estabelecer os incrementos semanais de volume, e realizar os longos, é melhor mudar o foco e fazer uma ou até duas meias. Assim, ganha-se consistência e escolhe-se uma nova prova para um bom resultado.” E Alan cita seu próprio caso: “Estava me preparando para a Maratona de NY, porém antes do Carnaval tive uma lesão na coluna e ainda estou com dificuldades de retornar os treinos. Mas já mudei os planos: vou tentar a Meia de Buenos Aires.”

 

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