Esporte é fundamental na área social e econômica. Os americanos sabem disso

Quer uma comprovação de como a cultura esportiva é forte nos Estados Unidos? Pelo censo de 2005, Chicago tem uma população de 2,84 milhões de habitantes. No último domingo (09), de acordo com números da rede de televisão NBC Chicago, havia 1 milhão de pessoas nas ruas acompanhando a maratona. Somam-se turistas nesse grupo? Americanos e estrangeiros? Sim, é claro. Mas uma parcela bem pequena desse número. Como comparação, 1 milhão é o total de moradores de Campinas-SP! Quase três vezes mais do que Jundiaí, onde vivo!

O leitor do blog, Marcos Tilkian, que reside em Miami há cinco anos, é um apaixonado pela Maratona de Chicago. Já correu a prova quatro vezes. Segundo ele, a cidade veste realmente a camisa da prova. É uma animação total, com festa, apoio, música, apitos durante os 42.195 metros. Estando bem treinado, você nem sente a passagem da meia-maratona.

Realmente, deve ser uma sensação indescritível. Corri quatro maratonas até hoje. São Paulo e Curitiba no ano passado, Porto Alegre e Punta del Este (Uruguai) neste. Acho que se somar as quatro, não chega nem perto de 1 mil o número de gente nas ruas assistindo às corridas. Na Meia de Buenos Aires de 2010, havia umas 100 pessoas durante os 21,1 km! Por sorte, viverei essa experiência na Maratona de Boston de 2012, outra corrida com muita, mas muita gente torcendo, fazendo festa.

Não gosto de comparações entre países, cada um tem características próprias que influenciam seu cotidiano, mas não dá para fechar os olhos ao apoio e paixão dos norte-americanos pelo esporte. E a corrida de rua, principalmente a maratona, está entre as preferências nacionais. Veja, essa paixão não vem só dos dirigentes, mas do público em geral. Todos unem forças. Sabem que uma maratona bem organizada como a de Chicago só traz benefícios para a cidade. O turismo lucra e muito. Eram 45 mil vagas na corrida, ao menos 35 mil correram. Numa conta simples, com um acompanhante cada, chegaríamos a 70  mil pessoas. Com cada um gastando US$ 50 no final de semana, são US$ 3,5 milhões entrando na economia da cidade. Isso numa conta mais do que básica, longe da realidade. Os números são bem maiores. É ou não um grande negócio?

Aqui no Brasil, tudo parece ser difícil. Um transtorno sem igual. As cidades não se esforçam para receber uma maratona. Sem uma união de forças, nunca chegaremos perto desses números de Chicago. Nem de pessoas  nem de dinheiro. Uma pena. O esporte é fundamental tanto na área social quanto na econômica. Já passou da hora de acordarmos para isso. Sou um eterno otimista, mas, sinceramente, vou morrer sem ver 1 milhão de pessoas nas ruas acompanhando uma maratona. Ou melhor, não verei nem 10 mil. Tá bom, com 5 mil já será um começo…

Veja também

6 Comments on “Esporte é fundamental na área social e econômica. Os americanos sabem disso

  1. André, estás a cometer uma injustiça com a São Silvestre, que só a prova que é porque tem a participação do público. Não faço ideia de quantas pessoas vão à rua para ver a SS passar, mas sou capaz de apostar que passa dos 10 mil que você pediu.

    Quanto a 1 milhão de expectadores, bom, eu já ficaria contente se houvesse uma fração disso participando. Por exemplo, a Maratona de SC, 15 dias atrás: Floripa é uma das paisagens urbanas mais bonitas que existe, a prova é plana e bem organizada, o clima era agradável (ainda que não ideal, mas vá lá). Resultado? Uns 500 gatos pingados começando, 300 e poucos concluíntes. No CRnoAr o ouvinte-reporter falou que as grandes assessorias de SP não estavam presentes. A verdade é que nem as grandes de Floripa estavam. Fica difícil.

    ——————————————

    Luis Fernando,

    Sou um apaixonado pela São Silvestre, corri as útlimas três edições, pretendo estar presente neste ano. Adoro a prova, a festa, tem realmente um público apoiando durante parte do percurso, mas longe desses 10 mil que você falou. É difícil dar uma estimativa, mas como falou o Angelo, talvez uns 3 mil no total, durante parte da prova, não o tempo todo. E olhe lá.

    A prova da Tribuna 10 km, em Santos, realmente, é uma festa o tempo todo, com gente durante o percurso. A cidade veste a camisa da prova, é uma das únicas em que isso ocorre no país. Todos os envolvidos sabem que a cidade ganha e muito com a corrida, as academias fazem disputas para ver quem leva mais gente, há aulas de spinning na calçada durante a prova, bandas de música, gente apoiando, aplaudindo. É uma festa muito legal.

    Abraço,

    André Savazoni

  2. André, falta incentivo, falta boa vontade.

    Infelizmente, o esporte aqui é tratado como desdém.

    Tudo começa na escola. Na minha época, educação fisica era jogar uma bola lá no meio e pronto. E o que mais víamos eram atestados falsos para ninguém fazer a “aula”.

    Como podemos querer que as pessoas gostem de algo que nem conhecem? Atletismo para a maioria é a prova dos 100 metros.

    Pergunte para algum parente, o que é maratona. A resposta “tosca” será: São Silvestre. Não sabem nem a distância oficial.

    Talvez se o esporte, a maratona no caso, fosse mais divulgada. Valorizando os poucos corredores em destaque internacional, para não dizer apenas um (Marilson).
    Infelzmente, a maratona só aparece na midia quando falta 1 mês para acontecer.

    Os governantes são burros. Enxergam a maratona ou a corrida de rua como um transtorno. Fechar ruas, desviar o tráfego.

    Se olhássem como um evento turístico e aproveitássemos a oportunidade…

    Talvez, quem sabe, daqui a 100 anos, algo mude.

    Me manda um Twitter no além e me diga o que mudou…

    ———————————

    Angelo,

    Falou tudo. Assino embaixo.

    Abraço,

    André Savazoni

  3. Luis Fernando Moran de Oliveira,

    Já corri 4x a SS, e garanto a você que tirando o publico da largada e da chegada. Não dá 3.000.

    A concentração fica na Av. Paulista e na Brigadeiro, mas depois do 13º km.

    Agora, com a mudança de percurso, deve cair muito esse número.

    A corrida da Tribuna em Santos tem muito mais público. A cidade inteira assiste. Quem correu lá sabe muito bem como é.

  4. Sério, @angelocorredor? TV é duro, me enganou direitinho.

    Eu nuca tive o prazer de correr uma dessas. Pelo contrário, tem umas corridas que você fica tão sozinho que imagina se não pegou o caminha errado.

  5. Aqui em Aracaju, a mais famosa corrida – Cidade de Aracaju – 25Km, só tem muito público na metade, quando passa por um bairro popular, porém quase 85% só faz gozação e zuada, quase nunca um incentivo positivo… Dizem que para maratona a NY e para ultra a Conrades são incomparáveis em animação popular.

    —————————-

    Alex

    Já ouvi esses elogios tanto sobre Nova York quanto Conrades. Inclusive, na África, dizem que você não fica sozinho nenhuma quilômetro!

    Abraço,

    André Savazoni

  6. Gostei da fala do colega quando se indagava “se não havia pego o caminho errado”, em alusão ao pouco público.

    Corri a Maratona do Sol Poente (Ceará) em 2010.

    Não bastasse o pequeno número de inscritos para os 42k, no percuros havia um trecho em que deixávamos a orla da praia e nos embrenhávamos numa mata, ou mangue, por um longo trecho…vários quilometros e quilometros sem NINGUÉM para testemunhar. Detalhe,a esta altura da prova já era noite – escuridão total.

    Só não fiquei com medo de ser atacado por onça pq sei q naquela regiao nao tem (ou será q tem?).rsrs

    Por sorte o tive prazer de ter a companhia de um colega que correu comigo praticamente a prova toda. Salvo engano é nosso colega Ney Caires.

    Abraços
    @marcoprimeiro

    ——————–

    Marco,

    Realmente, já vivenciei essa “experiência” de correr sozinho. Na Maratona de Punta del Este, este ano, por exemplo, pegue uma avenida, sem ninguém e fiquei pensando o tempo todo: será que virei em algum lugar errado? Estou certo mesmo? Felizmente, estava.

    Abraço,

    André

Leave a comment