Notícias Fernanda Paradizo 15 de junho de 2023 (0) (1637)

ENTREVISTA: Laurindo Nunes, recordista sul-americano e 14º colocado na Comrades 2023


A edição 2023 da Comrades Marathon teve números e resultados excepcionais, como abordamos na matéria “Comrades Marathon 2023: uma edição com muitos recordes”. Entre as várias marcas atingidas no dia 11 de junho, tivemos mais uma vez o catarinense Laurindo Nunes fazendo história.

O brasileiro, que tem 30 anos e correu pela segunda vez consecutiva a prova sul-africana, foi o 14º colocado, com o tempo de 5:31:29, melhorando seu recorde sul-americano, que era de 5:56:50, quando foi o 17º, em 2022.

Tricampeão da SP City Marathon (de 2017 a 2019) e campeão da Maratona de Foz em 2018, Laurindo passou a se dedicar à ultradistância na época da pandemia, após assistir a uma live sobre o tema. Conversamos com o atleta um pouco antes de retornar ao Brasil, que nos contou sobre sua experiência na África do Sul e sobre suas expectativas para o futuro.  

CONTRA-RELÓGIO: Você fez história numa edição de Comrades muito especial, em que foram quebrados os recordes de percurso no masculino e no feminino e os 10 primeiros colocados no masculino fizeram tempos abaixo de 5h30. Qual a sensação de participar desta edição tão histórica?

LAURINDO NUNES: Estou muito feliz, sabia que a prova seria a mais forte da história, um field fortíssimo, com excelentes ultramaratonistas e maratonistas. Fiquei muito feliz de fazer parte da prova mais forte da história da Comrades.

CR: Você melhorou seu recorde sul-americano. O objetivo de tempo foi alcançado com folga, a colocação melhorou em relação à participação anterior. É apenas sua segunda Comrades. O que significa isso para você?

LAURINDO: Que entreguei um belo cartão de visita para o mundo das ultras. Os treinos me diziam que poderia correr melhor do que ano passado, mas nas longas distâncias isso não é tudo. Precisa ter bagagem e saber lidar com os contratempos que horas de atividade em alta intensidade trazem. Estou aprendendo a lidar com isso e a explorar meu corpo. Estar nessa prova com um nível fortíssimo e correr boa parte do percurso com eles lá na frente me trouxe muitas informações e feeling para as próximas provas.

CR: Você tinha a objetivo de conseguir um top 10, o que lhe daria a medalha de ouro, e ficou a apenas 2 minutos disso. É algo que ainda vai perseguir? Podemos ver o Laurindo em outras edições da Comrades tentando se superar?

LAURINDO: Infelizmente a medalha de ouro não veio, mas o objetivo de entrar na prova e entregar tudo que tinha foi feito. Isso me deixa muito feliz e animado para dar sequência nas ultras. Nessas duas edições, aprendi muito com a prova. Acredito que tem algo muito lindo escrito para acontecer. Pretendo retornar sim.

CR: Falando especificamente da sua prova agora, o que foi diferente em relação à anterior? Algum momento mais difícil que teve que se superar?

LAURINDO: A principal diferença acredito foi na minha crença e o jeito de me comportar na prova. Teve, sim, melhora na parte de treinos e terá nas provas futuras. Meu corpo ainda está encontrando o limite. E, como quando entrei no atletismo, estamos nos explorando em volume e intensidade. A parte final da prova é de muitas descidas e já percorremos mais de 60 km. Então não é nada bom para a perna já bem desgastada. Senti muitas dores perto do km 72. Fiquei com as pernas geladas, meio que adormeceram. Foi uma sensação que ainda não tinha sentido e que me deixou com uma insegurança de como terminaria a prova. Mas consegui cadenciar, negociar com o corpo, levar até final e concluir em um ótimo pace médio.

CR: Falando sobre maratonas, veremos você em provas de 42 km apenas como preparação para ultradistância ou pretende fazer alguma maratona para valer mesmo, até pensando em melhorar seu tempo (2:20)? Vai fazer a Maratona FILA?

LAURINDO: Esta resposta ainda estou procurando em mim. Meu coração se encantou pelas ultras, mas tenho o desejo de correr oficialmente uma maratona abaixo de 2:20. Então, é bem provável que faça isso até pensando em um ciclo para uma prova de 100 km como um objetivo maior. Estarei na Maratona Fila, sim. Estou inscrito nos 42 km, mas nos próximos dias irei analisar bem como meu corpo irá reagir. Se estiver bem para competir por um pódio, estarei na maratona. Se não, irei fazer uma dupla ou quarteto para comemorar com os amigos nessa linda prova.

CR: E sobre as ultras, quais são seus objetivos daqui em diante?

LAURINDO: Pretendo encarar outras provas, mas ainda estou analisando. É um mercado com poucas opções atraentes para atletas profissionais. Devido ao tempo de preparação, você tem que abrir mão de muitas coisas. Mas pretendo correr algumas provas de 100 km. Acredito que possa correr perto da marca do nosso grande Valmir Nunes e quem sabe disputar um Campeonato Mundial da distância e brigar por uma medalha.

Fotos: Comrades Marathon / Marathon Photos

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